A PROPÓSITO DA CIRCULAR

“CADASTRO DE MORADORES”

 

Como introdução esclareço que não tenho nada contra o síndico geral (que não conheço), Sr. Antonio Carlos R. Guimarães, pelo contrário, só elogios, na medida em que o Riviera vem sendo bem administrado (opinião geral) pela equipe que ele lidera. Dito isto...

Li com atenção o “educado” e contido texto da circular “Cadastro de Moradores” (nas entrelinhas uma vontade de ser mais contundente!!!). Felizmente, não posso concordar com a idéia proposta por ser ela contrária à natureza humana, essencialmente egoísta. Altruísmo não é o forte do ser humano. Nem do ser animal. Nem do ser social. Analisamos o mundo sempre pela ótica do próprio umbigo. Ainda bem, na medida em que a evolução das espécies só tem sido possível por causa dele. Explico.

A circular convoca a “uma maior seriedade de nossos moradores no preenchimento de seus cadastros” como solução para o excesso de passageiros no serviço de ônibus particular. Tal seriedade se refere a não cadastrarmos como moradores nossos “filhos casados, esposa, netos, sobrinhos, primos, a sogra e o sogro de nossos filhos (...)”, em fim, esses “chatos” que a gente teima em considerar parte de nossa família.

Cada caso será um caso e muitos casos foram arrolados entre as tantas paredes dos 7 blocos do Riviera nestes últimos dias. E como qualquer caso, é um caso, vou listar um dos meus.

Meu filho tinha uma namorada. Evidentemente, depois de algum tempo, namorados vivem como casados. Cada um na sua casa. Só que a casa da namorada era no condomínio vizinho. A namorada estudava em Niterói!? Como “não morar” em nosso apartamento era apenas mero detalhe, oficializamos, no cadastro do Riviera, sua entrada na “família”. Hoje ela está formada e já não é mais candidata a nora oficial. Não faz mais parte de nossa “família” e apesar de todos nós continuarmos a gostar muito dela, nós a descadastramos e não pode mais andar no ônibus do condomínio.

Suponhamos que a circular do Sr. Síndico tivesse chegado há dois ou três anos atrás. Considerando a proposta de “seriedade”, imediatamente após lê-la, eu deveria comunicar ao meu filho e à minha nora que “a partir de hoje a senhora vai ter mesmo é que pegar um 233 ou um outro número que melhor lhe satisfaça”. No way. Sem chance. Não há a menor possibilidade. Deixemos passar o tempo e vamos ver o efeito prático da circular.

O problema é espinhoso, concordo. Tem os que abusam etc. Mas apelar para meus nobres sentimentos coletivistas, de um questionável bem ao próximo, não resolve. Funcionamos por estímulos positivamente ou negativamente egoístas. Entre os primeiros, a promessa de vida eterna, ganhar na loteria, ser promovido e vai por aí. Entre os segundos, está a perspectiva de dor, de morte, e, no dia-a-dia, de gastos além das posses.

Seguindo este pensamento, deixo para a reflexão de todos uma proposta. Como referência, uso o apartamento de três quartos. Consideremos que a média de moradores seja de 5 pessoas. Cada cadastrado, além do 5º, passa a ter um custo mensal adicionado à cobrança da cota condominial. Não resolveu? Diminui pra quatro ou aumenta o custo. Ainda não resolveu? Cria uma taxa anual de cadastramento para adicionar pessoas além do 5o. Eu não me importo de pagar um determinado valor para que a namorada do meu filho possa usar esta facilidade de transporte, mas não me peça pra lhe recusar minha ajuda como pai.

E para finalizar, deixo uma outra questão só pra acirrar os ânimos. Como eu e minha mulher não usamos mais o ônibus, pergunto, por que não posso ceder este direito a um outro membro de minha “família” mesmo que o Sr. Síndico não ache que ele ou ela faça parte de minha família?