BOTANDO A COLHER

Texto publicado na seção Cartas do Leitor do jornal Propaganda e Marketing em Agosto/2005.

 

 

Ora, bolas! Eu também quero meus centímetros-colunas de espaço. Vejo todo mundo dando sugestão de como acabar com a corrupção, como deve ser uma nova legislação eleitoral, como diminuir os custos das campanhas políticas e como evitar desvios de recursos. Quero aproveitar este momento em que a sociedade parece estar querendo ouvir o que os publicitários, protagonistas cada vez mais centrais, têm a dizer.

 

Pois eu digo que não existe lei que acabe com a corrupção, não importa tipo, local e tamanho. Sobreviver é uma tarefa natural do ser humano e, características pessoais à parte, a corrupção, ativa ou passiva, é uma poderosa arma na selva da competição meritocrática universal.

 

Não somos, como povo, diferente de qualquer outro. A diferença é que, por exemplo, lá naquele grande país do norte, o sujeito pego na falcatrua corruptiva não tem coragem de voltar para casa e e enfrentar os filhos.

 

Aqui, ele vai à CPI, sob os holofotes e câmeras da TV Senado, espiar seus pecados e... chorar. Ele sabe que o tempo passa e a justiça brasileira cuida de cozinhar os processos em fogo baixo até que tudo tenha se evaporado no tempo. A corrupção só tem fim com o fim da humanidade e, se tal é, há que nos conscientizarmos que porta de galinheiro aberta é convite para raposa banquetear. Isto quer dizer que precisamos investir em constrangimento (polícia) e punição (justiça), as únicas ferramentas eficazes à disposição da sociedade.

 

Em crime de colarinho branco, polícia significa Receita Federal combinada com Polícia Federal. E o Brasil tem hoje um dos melhores sistemas de controle de origem e destino de recursos financeiros do mundo. Falta usá-los para dar o recado.

 

Em minha opinião, portanto, qualquer outra discussão só tem como conseqüência desviar a atenção e manter o famoso status quo.

 

E, por favor, querer que acreditemos em uma reforma eleitoral que nos fará votar em uma "lista" de fantasmas é nos imaginar completos imbecis.