OS LIMITES DA MENTE

 

 

O atentado aos Estados Unidos tem explicação. Não uma, mas várias. Infinitas serão se considerarmos a percepção e os interesses de cada um. Evidentemente tenho a minha e se me coloco a expô-la neste texto é porque, meus assinantes o sabem, sempre chamei a atenção para a intolerância e porque meu último artigo fez referência ao governo do Talibã e ao que acontece no Afeganistão (leia artigo “Vigiar não é a solução”).

 

Até o momento em que escrevo, a autoria do atentado não foi reivindicada e nem há qualquer indício efetivo para acusar quem quer que seja. Mas há, e ela se chama intolerância. Vou além. Bin Laden é o único e completo responsável por todo este conjunto de atentados. E se não for? Não importa. Ele representa o que mentes como a dele podem fazer. Não me alongo na análise desta personalidade doentia que está no extremo da insanidade humana. Ele me faz lembrar do responsável pelo atentado de Oklahoma. A diferença entre eles é, talvez, nenhuma. A frieza e a insensibilidade de ambos é a mesma. O que os difere é o mote. No americano, a motivação foi uma vingança pessoal enquanto Bin Laden é levado pela loucura de se ver como o detentor da única verdade e, não bastante, se posta como impositor dela.

 

Mas digo isto apenas como introdução. O que realmente desejo é chamar a atenção de todos para uma reflexão para a intolerância. Da menor e mais “inocente” intolerância com o mendigo que nos pede um trocado até a que leva um ser humano a cometer atrocidades contra seus semelhantes. Esta é uma oportunidade para questionar se a intolerância tem algum futuro. Oportunidade para refletir sobre a relação entre insegurança (ou segurança ameaçada) com intolerância; sobre preconceito e medo de perder o conquistado; sobre a importância das diferenças étnicas, sociais, políticas e religiosas para o nosso futuro.

 

Temos que ir mais além. Questionar o nosso conhecimento sobre a mente humana. O que realmente sabemos? Quais são os limites da mente? Como identificar sanidade e insanidade? Que papel tem o fanatismo religioso (ou político, ou racial) no comportamento do ser humano? Qual o papel dos líderes em qualquer instância? Como devemos conviver com isto? Como poderemos nos proteger da intolerância? Como podemos ser menos intolerantes?

 

O homem é egoísta, é o que nos dizem as mais recentes teorias sobre o desenvolvimento das espécies. O altruísmo não é nossa especialidade. Primeiro eu é a base da seleção natural, pelo menos se dermos crédito ao que Darwin já nos disse há 150 anos. Mas o homem não é insano como padrão. A insanidade existe como existem todos os desequilíbrios. Uma visão pessimista do ser humano a partir deste incidente, é distorcer o que está à sua volta, é generalizar o que é exceção.

 

Fica uma última (ou primeira?) questão. O que os Estados Unidos devem fazer? Revidar? Que não se cometa o erro de atribuir a um povo a insanidade de um de seus cidadãos. Que não se responsabilize o povo afegão pelo erro de seus governantes em dar proteção a um doente mental.

 

Desejo, e espero, que os próprios afegãos encontrem a resposta a ser dada à parte humana dos seres humanos.