AYRTON SENNA DO BRASIL

                                   

 

            O que faz a diferença entre os homens é a força e a determinação com que cada um luta pelos seus ideais. E não há, na história recente do país, quem tenha feito isto tão intensamente quanto Ayrton Senna. Em todos os seus dias, dos seus 10 anos de Fórmula I, ele lutou por aquilo em que acreditava, independente do que pensasse quem quer que seja. Sabia dos riscos e, por mais calculados, admitia que sua vida poderia estar por um muro, numa curva qualquer, de qualquer circuito. Mas por ter a consciência de que a morte chega sem aviso, para todos, valia a pena esperá-la fiel às suas convicções. E paixões. Na corrida ao pódio, sua ousadia amealhou adversários e desafetos mas, ainda assim, manteve a direção. Teve medo, como todos nós, mas não se deixou dominar.

            E deu no que deu: Tri-campeão mundial de Fórmula I.  Ayrton Senna do Brasil, na feliz expressão de Galvão Bueno, sem vírgula, porque este é o sobrenome de todos nós, filhos da Terra Brasileira. Um filho que sempre fez questão de proclamar a sua nacionalidade. A inscrição de seu nome na bandeira Nacional, era a expressão da simbiose entre o indivíduo e sua tribo. Entre o cidadão e a Nação à qual pertence. Ressaltar a condição de brasileiro, principalmente dentro de países europeus, perante os quais sempre nos inferiorizamos, não era um ato de rebeldia ou demagogia. Era a mais simples demonstração de amor pela sua terra.

            Estes dois aspectos, determinação e nacionalidade, devem ser, neste momento, objeto de reflexão de cada um de nós, brasileiros. Reflexão sobre se é certo que recuemos na busca de um Estado Brasileiro, ético e honesto, frente aos insucessos na escolha de nossa elite política. E reflexão, principalmente, sobre a vergonha que temos sentido de nossa nacionalidade. A vergonha que Ayrton Senna  do Brasil não sentia, porque não confundiu Estado com Nação. Enquanto aquele é a Nação políticamente organizada (?), a Nação somos nós, sua gente, esse povo que luta, a cada dia, pelo seu pão, sem favores, sem benesses, sem acordos.

            Ayrton Senna do Brasil fez o que nós temos tido vergonha de fazer: erguer nossa bandeira, içá-la nos mastros das praças, das ruas, das casas, dos apartamentos, em manifestação de alegria e orgulho pela Nação brasileira. Orgulho de cada um desses milhões de brasileiros que lutam, todo dia, pelos seus ideais. Alegria por sermos parte deste povo e desta terra abençoados. Ao Estado, reservaremos nossa determinação, expressa numa frase do Ayrton, que resume sua vida: "Se eu deixar de ser o que sou, eu não serei nada". Pois, então, que sigamos seu exemplo e sejamos brasileiros. Na plenitude do sentimento.

            Quando você voltar a se envergonhar do seu país, lembre-se da imagem de uma italiana abraçada à nossa bandeira. Foi a nacionalidade de um brasileiro como você que tornou possível aquele ato. A melhor homenagem que lhe podemos prestar é, com certeza, serguir seu exemplo: hasteando, sempre, orgulhosamente, a bandeira do Brasil.