Brasil & USA

 

Olhemos os Americanos. Não é preciso ter ido aos Estados Unidos ou estudado a estrutura de seu ensino para saber um pouco sobre as razões que levaram aquela nação à condição de potência mundial. Aliás, é de fora que enchergamos melhor.

 

Da sua estrutura política bipartidária (na prática), nós podemos perceber que eles tomaram o melhor da democracia enquanto nós nos debatemos com o pior, porque insistimos em inventar a roda a cada instante. O americano não discute utopias políticas porque discute padrão de vida, que é o que interessa. Fora uma intelectualidade (normalmente sustentada pelo Estado), não há quem não saiba disso. Nos não podemos mais ficar à mercê desta turma. Se eles ainda atrapalham o crescimento do Brasil, é porque eles assumem os espaços de liderança acenando com promessas de um Estado paternalista e protetor.

 

Enquanto o nosso Congresso aparece diariamente na primeira página dos jornais (parte das vezes sendo ridicularizado, outra parte sendo acusado de instituição corrupta), o Congresso Americano luta pela aplicação das leis já estabelecidas.

 

Enquanto eles já sabem que não há o menor cabimento em aprender qual a capital do Brasil, se Buenos Aires, Montevidéo ou São Paulo,  nós estamos ensinando crianças  de famílias que vivem à margem das conquistas tecnológicas e científicas e que jamais sairão do país (talvez nem mesmo de seus estados de origem), a conhecer (para venerar), não só as capitais dos países do  primeiro mundo, mas sua própria história econômica, política e cultural. Até mesmo nossas principais avenidas têm o nome de seus ídolos, como Franklin Roosevelt, Presidente Wilson, Kennedy e por aí afora. Não estou tratando de xenofobia, o que em vista da situação de colonizados em que permanecemos seria até bem vinda. Os nomes das ruas não teriam a menor importância se estivéssemos dando às nossas crianças um conhecimento que fosse mais útil à sua sobrevivência e ao crescimento do Brasil como nação.

 

Se uso os Estados Unidos como parâmetro, é porque, como nação, temos a mesma idade. Iniciamos do mesmo ponto, num mesmo momento. Agora, comparemos o resultado final e tiremos nossas conclusões. Xenofobia é pré-renegar as experiências do estrangeiro apenas por serem estrangeiras.

 

Nossa república tem sido uma sucessão de desastres. Nos últimos 60 anos, principalmente, temos sido um país casado com a direita (uso o conceito para simplificar) e amante da esquerda. De vez em quando, temos vontade (mas não a iniciativa) de ir viver com "a outra". Parte da nossa sociedade, até hoje, ainda, ainda cultura um indivíduo que assumiu o poder por 15 anos, passou perto de nos levar a apoiar as forças do III Reich, voltou ao poder pelo voto direto e se suicidou para não se esquecido pela história. Instituimos um modelo presidencialista que premia os maus governos e pune os bons com o mesmo tempo, 4 anos de mandato. Há cinco anos refizemos uma constituição-camisa-de-força em nome da caducidade da, então, em vigor. O resultado foi um conjunto de princípios que ignoram, não só a nova realidade das relações entre as nações, como as conquistas tecnológicas. Absurda, mas coerentemente, previu-se uma data para sua revisão. Pois não é que a maior bandeira de nossas "esquerdas" foi desrespeitar a Constituição, afirmando que "Revisão é Golpe"? [Anos mais tarde, descobrimos que para "eles" tudo com o que não concordam é... golpe.]

 

Enquanto a luta dos americanos é pela manutenção das conquistas porque sabem que há duzentos anos isto vem dando certo, nós estamos mostrando às nossas crianças quão dependentes (e por isso mesmo inferiores) nós somos de seus valores, e portanto, quão incapazes. Não é à tôa que têm uma Constituição imutável, por tão simples, concentrada em definir princípios, como todas deveriam ser. E tem gente que até hoje se pergunta como os Estados Unidos atingiram esta extraordinária posição de liderança em praticamente todos os setores da atividade humana!

 

Professores do primeiro grau, rebelai-vos! Não se subjuguem a diretrizes traçadas em gabinetes ocupados por gente despreparada. Se algo pode ser feito (e pode), só o pode ser a partir de uma atitude de desobediência civil dos professores de primeiro grau. Esta mudança só se realizará se feita de baixo para cima.  Só tal movimento da comunidade docente será capaz de iniciar uma transformação. De nossos dirigentes, nada a esperar, porque são alienados, tão distantes estão da realidade brasileira. O mundo deles é outro, do poder, do status, da mordomia, não este da necessidade do alimento, da saúde, do trabalho.

 

E chega de inventores de sistemas que contrariam a natureza humana. Chega de hipócritas incompetentes pretensamente bem intencionados!