PRENDE O BETINHO!

 

                                         

      — Prende o Betinho! Onde já se viu ganhar no jogo do bicho! Se ainda fosse em causa própria, vá lá, mas em causa pública? Aí não. Prende o meliante. Desafasta, desafasta. Dando passagem pro dr. Castor. Pois não, Doutor, por aqui, pode viajar tranqüilamente que está tudo no esquema. Não precisa se preocupar que ninguém vai lhe reconhecer, sua foto não está na primeira página dos jornais. Só a daquele sujeitinho que agora está cuspindo no prato que comeu. Prende o Betinho! Daqui uns meses ninguém mais fala no assunto, aí o senhor pode voltar. Boa viagem! Obrigado, Doutor! Nem precisava, 100... mas já que o sr. insiste, 200 ....muito obrigado, 300... Prende o Betinho! 400... Primeiro disse que não, depois veio com aquela conversa de que foi um erro político e coisa e tal, que se fosse hoje... Quer dizer, caiu em tentação, a causa era nobre... Isso é coisa de gente que só se preocupa com os outros. Não pode. Se tivesse pensado só nele não tinha feito bobagem, é ou não é!? Pois é o que eu digo. Prende o Betinho! Heeeiiiii! Guarda! É, você mesmo. Você pra quem eu paguei uma cerveja pra não me multar. Prende esse tal de Betinho enquanto eu dou uma cobertura pro meu Governador Brizola, nosso grande líder, que vai dar uma entrevista para uns jornalistas desta nossa imprensa que sabe, como ninguém, separar quem é quem de quem é quem.

            — Esse rapaz, o Betinho, foi lá no escritório do Nilo, conversar sobre as perdas internacionais e fez uma sondagem assim, vagamente, se eu poderia ajudar a obter dos bicheiros uma quantia tal e tal... Aí o Nilo disse: olha, ô Betinho, eu não conheço essa gente, mas tem aqui no escritório um guri que é amigo do filho de um cumpadre de um primo de alguém ligado a esse pessoal aí que você mencionou. E chamou o guri e apresentou ao Betinho, e saiu da sala para deixar os dois à-vontade. Então, minha prezada repórter, foi apenas esta a participação do nosso companheiro de lutas trabalhistas nesse episódio lamentável sobre o qual a senhorita me questiona.

            — Prende o Betinho! E não se fala mais nisso.