A ÓTICA DO AVESTRUZ

 

 

Vamos pensar no caso VASP sob a ótica do avestruz?

 

Não preciso relatar porque é do conhecimento de todos. Menos do avestruz. Só ele não viu o nosso Código de Ética ser tão acintosamente desrespeitado. E também não viu tanta ilegalidade ser praticada contra uma só lei e, diga-se de passagem, uma das poucas que pegou no Brasil.

 

E é óbvio que o avestruz só não viu porque não quis. Ver, significaria ter que assumir a defesa intransigente  do  mercado, porque ética e lei só vigoram se defendidas com intransigência. E exigir respeito  à ética e  à lei só é necessário quando elas são ignoradas. Ou não?

 

E não há meio termo. Ou é ou não é. E, no caso, elas foram aviltadas tão descaradamente que, se é para tanto, é melhor não tê-las. Mude-se a lei. Adapte-se a ética. Baderna não. Se não a coisa vai ficar difícil. Mas como o avestruz não quis ver, fomos omissos. Tornamos ético e legal o vale-tudo. O salve-se quem puder. A lei do cão. O "ah! é! então me aguardem!".

 

A troco de que? Preservar amigos? É tarde, não adianta mais porque a maioria (9 a 3) aceitou? Ou o ninho é de marimbondo?

 

Se engana quem pensa que isso não dá em nada. É confundir não ir  à guerra com deixar-se massacrar.

 

Na ótica do avestruz, se ele não viu, não existe. Isso é mau. Muito mau.  

 

 

RIO, 22/3/91