EXTRATO DE: APRENDIZAGEM E REFORÇO

Volume A3 da coleção Curso Básico de Psicologia

TÍTULO DO ORIGINAL: LEARNING AND REINFORCEMNET

AUTOR: STEPHEN WALKER

EDITADO EM:    1977                  POR: ZAHAR EDITORES

 

1. Introdução

Em 1866, a Comissão de SÃO. Petersburgo baniu um livro popular e processou o seu autor por atentado contra a moral pública. O autor era um fisiologista chamado Sechenov. O livro, Reflexos do Cérebro, apresentava a controvertida sugestão de que "todos os atos da vida consciente ou inconscientes reflexos". (....) Mas o processo contra Sechenov não foi adiante.

Alguns anos depois, em Londres, The Times estava muito preocupado com o fato de que "a moralidade perderia todos os elementos de autoridade estável" se o público acreditasse nas idéias expressas em um controvertido livro: A Descendência do Homem, de Darwin. Mas, alguns anos mais tarde, Darwin era sepultado na Abadia de Westminster, com plena aprovação de The Times.

Apesar do reconhecimento finalmente concedido a Darwin e Sechenov, ainda hoje existe considerável constrangimento a respeito desse enfoque da psicologia humana.

[O discurso da manipulação:] Na medida em tais aplicações funcionam, pensa-se por vezes ser imoral usá-las, porque os psicólogos não deveriam utilizar seus conhecimentos para manipular outras pessoas.

Darwin atribuiu a vários animais não só "atenção", "imaginação", "razão" e "abstração", mas até formas primitivas de "sentido de beleza", "crença em Deus" e "senso moral".

[O perigo de inferir o comportamento humano através do estudo do comportamento de animais é não levar em conta as diferenças  até mesmo por não saber se existe alguma  da capacidade sensitiva de cada um dos sentidos. O pássaro é capaz de se orientar por alguma coisa que até hoje o homem ainda não descobriu. As abelhas são um exemplo ainda mais complexo. Gatos, ratos e pombos têm o sentido da visão e do olfato diferente. Se ainda não tivéssemos descoberto que a capacidade auditiva do cachorro é maior do que a do homem, atribuiríamos o fato dele latir sem que nada tivéssemos ouvido, a um "sexto sentido".]

A sugestão de que os psicólogos  devem ignorar os sentimentos e pensamentos íntimos foi feita pela primeira vez por J. B. Watson em 1913. (....) Watson concluiu que algumas das questões em que ele estava interessado, como se os animais vêem cores, podiam ser respondidas muito mais eficazmente se fosse ignorada a questão das sensações. [Mas não no homem.] É muito mais fácil apurar se um animal pode responder de modo diferente ao vermelho e ao verde do que responder à questão sobre o que o animal "sente" ao ver cores vermelhas ou verdes.  Tendo demonstrado que era útil ignorar as impressões subjetivas de animais, Watson recomendou com veemência o emprego dessa estratégia  pelos psicólogos em gera. Essa prática de apoio nas provas comportamentais é o aspecto crucial do behaviorismo, que foi o nome dado por Watson às suas recomendações.

Uma das teorias de Watson era que todas as capacidades humanas, todos os traços de personalidade e motivos, são aprendidos. (....) Na opinião de Watson, nada que se revista de importância psicológica é herdado e todas as diferenças psicológicas entre indivíduos se devem a diferenças na criação, treino ou experiência passada. [Isto é difícil de engolir quando se olha para os gêmeos..] (....) Watson chegou à conclusão de que até os aspectos mais complexos da personalidade adulta eram produtos de "milhões de condicionamento". [É outra coisa difícil de engolir. A questão é a seguinte: se o ser humano demorou milhões de anos para chegar a esse estágio, como é que um bebê leva apenas alguns meses para estar realizando pensamentos extremamente complexos. Ora, é óbvio que existe algo que já foi aprendido antes mesmo da concepção, está nos genes. É exatamente este parte já aprendida que nos diferencia dos animais. A questão agora é saber o que foi aprendido. A mim, parece que foi o processo. O processo de acumular aprendizados e de relacionar aprendizados criando novos aprendizados, numa espiral sem fim. É isto que os animais não têm. A capacidade, sem estímulos específicos, desenvolver um novo comportamento a partir da livre associação entre dois outros. Lembremo-nos, ainda, que a primeira reação dos patos imediatamente ao saírem dos ovos é seguir o primeiro vulto em movimento que perceberem. ]

[Ratos não escrevem livro. Portanto, eu não sou um rato. Ratos não criam campanhas publicitárias usando homens como personagens centrais da mensagem a ser transmitida. Mas homens criam comerciais surpreendentemente criativos e eficientes (a redundância é proposital) utilizando ratos (comercial criado por seres humanos de uma agência da África do Sul para a BMW) como personagem central.]

Para o behaviorismo, a aprendizagem é algo que acontece continuamente, quer o indivíduo goste ou não, e  modifica o seu comportamento em relação a outras pessoas [certo até certo ponto], muda as suas opiniões [depende do que seja encarado como opinião] e opera de um modo mais óbvio para melhorar as capacidades ou aptidões acadêmicas[? mas se o que ele quer dizer é melhorar o conhecimento, então, OK.] 

Thorndike (1898), contemporâneo de Watson desenvolveu a Lei do Efeito. Seus experimentos o persuadiram de que os animais conseguiam sair da caixa não por alguma forma de raciocínio ou pensamento mas por se recordarem automaticamente de êxitos acidentais. [Aqui fica evidenciado a diferença em ter aprendido e ter memorizado. E aí aparece uma questão: memorizar é tarefa da memória, mas e aprender é tarefa de que "equipamento" biológico? Eu não sei a resposta mas tenho certeza que existe uma diferença gritante entre o que seja memorizar e o que seja aprender. As experiências escolares de matemática são óbvias quanto a isso. A tarefa de "decorar" não é aprendizado. A criança a prende o número 27 sem ter conhecimento de que ele é resultado de 2x101+7.]

Ao ser reposto na caixa, o gato volta a perambular ao acaso e a explorar aqui e ali. ?Dá-se a aprendizagem, de fato, mas somente pelo gradual ajustamento da conduta, de modo que numa seqüência de vinte tentativas o gato escapa ligeiramente mais depressa de cada vez.

De acordo com a Lei do Efeito, o progresso ocorre porque as ações que fazem funcionar o ferrolho são gradualmente fortalecidas pelo êxito, prazer ou satisfação produzidos pela saída da caixa (que é o efeito das ações). [Fica uma pergunta: se, além de o único estímulo ser "sair da caixa" (o que pode não se constituir num estímulo tão estímulo assim) acrescentarmos um prato de leite do lado de fora, será que o "aprendizado" melhora.]

A Teoria do Comportamento Sistemático de C. L. Hull tentou juntar as teorias de Pavlov e Thorndike em equação matemática:

EER = D X V X K X EHR

Isto significa [se eu entender] que a intensidade ou possibilidade de qualquer item de comportamento aprendido (EER)  pode ser calculada se forem conhecidos quatro outros fatores:

o impulso ou motivação associada ao mesmo (D), [horas de privação ou necessidade física]

a intensidade do sinal para o comportamento (V), [intensidade de cheiro, volume, cor, som]

o grau de incentivo usado (k) [nível de recompensa usado]

e o grau de hábito (EHR). [montante de prática]

E. C Tolman (junto com Honzik) colocou que há uma diferença entre conhecer e fazer. Ele demonstrou (1930) que ratos podiam descobrir seu caminho num labirinto durante a exploração ociosa ().

Expectância - conhecimento de o-quê-leva-a-quê

A informação sobre o meio pode ser adquirida independentemente de respostas particulares ao meio. (....) Tolman disse que essa capacidade se devia à formação de "mapas cognitivos", os quais podiam ser usados mais tarde para guiar várias espécies de movimentos.

A obra (1938) de Skinner (um behaviorista radical) é atualmente (1977) o mais influente de qualquer psicólogo no campo da aprendizagem

Fatos do condicionamento operante

O condicionamento de tarefas complexas pode ser obtido apenas com o efeito do reforço positivo. (....) Isto pode ser conseguido se for usado um método gradual para desenvolver progressivamente ou modular (ou técnica da aproximação sucessiva) o comportamento do sujeito no sentido da forma final. 

A descoberta de Skinner é que as contingências de reforço exercem uma influência extremamente poderosa sobre o comportamento.

Todos os atos da vida consciente ou inconsciente são determinados por contingências de reforço. [Não] Skinner sugere que Utopia é de fato alcançável pelo uso de tais métodos.

Seriam deveras interessantes as explicações sobre por qualquer e como funcionam as contingências de reforço, mas Skinner evitou dá-las. [???]

Os behavioristas uma vez que rejeitam toda e qualquer impressão subjetiva, sublinham a continuidade entre o comportamento humano e animal. Ao enigma do comportamento  obviamente mais variado do homem respondeu-se com a "aprendizagem", supondo-se que o homem aprende mais depressa e melhor que os outros animais, embora não de um modo diferente. Por conseguinte, dedicou-se muita atenção ao estudo da aprendizagem em animais, por causa desse pressuposto básico de que a aprendizagem é importante para o resto da Psicologia.

[SATISFEITA UMA NECESSIDADE É NECESSÁRIO REFORMULAR A RELAÇÃO. Ou seja, o estímulo deixa de ser estímulo quando deixa de ser percebido como tal. ]

 

2. Habituação: A Diferença entre Estímulos Comuns e Incomuns

[É preciso ser feita uma distinção. Aprender um conhecimento (informação organizada relacionalmente a algum interesse) é uma coisa e outra bem diferente é aprender no sentido comportamental. E não necessariamente é preciso ter um conhecimento para aprender um comportamento. Assim, proponho que se separe em Aprender (adquirir conhecimento) e Condicionar (aprendizagem através de uma repetição de uma relação Estímulo-Resposta de forma a mudar um comportamento. Eu "aprendi" contabilidade mas não mudei meu comportamento por causa disso.)

A forma usual de habituação é a repetida exposição ao mesmo estímulo que propicia expostas muito apáticas a esse estímulo (....)

[No evento salto-após-alfinetada]  o que é exatamente o estímulo? É o alfinete, a inserção do alfinete, a ativação dos terminais nervosos na pele ou a sensação subjetiva da alfinetada? E a resposta é a crispação de determinados músculos ou qualquer movimento brusco do corpo? [Antes de mais nada acho uma amplitude de dúvida meio idiota. O alfinete não é porque a resposta independe de ser ver o alfinete. A ativação dos terminais nervosos já é resposta. Portanto, sobraria apenas o óbvio, a espetada. Mas uma espetada não provoca a reação se não estiver acompanhada de dor. É conhecida a capacidade dos indianos (ou hindus) em suportar a dor (ou não senti-la? ou conscientizá-la de tal forma que possa ser controlada?). Não é a alfinetada assim como não é a queimação provocada por um ferro em brasa. O que provoca resposta é a necessidade de fugir da dor. E quanto à resposta, ela será qualquer uma que nos afaste da dor. O soco na cara de quem nos está alfinetando é uma resposta provável (e merecida).]

A habituação faz com que não aja reação ao estímulo.

A relação E-R é a unidade básica da aprendizagem [condicionamento].

[Para mim, a habituação nada mais é do que o ajuste da percepção a uma nova "realidade". E isto pra mim é muito básico, bastando se recorrer às experiências que obtiveram um tremendo estresse (seja em homens ou animais] quando variaram o reforço (entre bom e mau) para um mesmo estímulo.]

Chegou-se a um ponto que indica que as teorias E-R não se aplicam muito bem a atividades complicadas, como a solução de problemas.

O declínio da resposta em virtude de fadiga muscular tem algumas características semelhantes; se você saltou quando alguém disse "salte", o vigor dos saltos declinará gradualmente se o estímulo se repetir com freqüência que mais não seja em razão do cansaço muscular. [Existe ainda] a adaptação sensorial [olha eu aí, gente] que tem na reação da pupila o melhor exemplo. (....) A habituação pode ser concebida como um abrandamento da resposta produzido pela crescente familiaridade do estímulo. [Não acho que seja isso. A habituação não se dá pela familiaridade e sim da substituição de uma percepção baseada no que pode acontecer por um percepção do que acontece.

Surpresa, vigilância e Reflexo Orientador

         Expressões fisiológicas de surpresa

         O modelo neuronal dos estímulos

Efeitos de Aquecimento ou Sensitização

Excitação, Interesse e Sono.

Foi sugerido que a curiosidade, a qual representa a ausência de habituação, é intrinsecamente motivadora. Embora a primeira reação de animais a estímulos estranhos ou insólitos seja usualmente de medo e retraimento, a reação seguinte é um certo grau de curiosidade, exploração e, após suficiente investigação, a "curiosidade fica satisfeita", isto é dá-se a habituação. [Pôrra, é a percepção de ameaça substituída pela percepção de não-ameaça.]

Saciação do estímulo [ou seja, fim do estímulo pelo exagero] na da mais é do que o fim da necessidade. Pôrra!]

 

3. Condicionamento Clássico: Associações Involuntárias

Aquisição da resposta condicionada.

Extinção e recuperação espontânea.

Discriminação e generalização.

Condicionamento retroativo. É geralmente difícil obter respostas condicionadas a um EC que começa após o início do ENC: se um cão já está a comer, os besouros e as luzes tendem a ser ignorados, e não farão o animal salivar se ligados sem o alimento, mesmo que tenham acompanhado muitas vezes o período de comer e o que se lhe segue imediatamente. [??? I don't believe!] É difícil imaginar por que o condicionamento retroativo se cerca de tantas dificuldades com estímulos que se condicionam com a maior facilidade se forem usados como pré-avisos de alimento na forma pavloviana normal.

Processos de condicionamento e personalidade.

Condicionamento e Contracondicionamento das Emoções Humanas.

A terapia de aversão.

Contracondicionamento para remover a ansiedade.

Conclusão e Resumo

As leis do condicionamento clássico foram estabelecidas medindo-se a secreção das glândulas salivares de cães e pode-se ver que se aplicam melhor a respostas semelhantes, isto é, respostas que são involuntárias ou controladas pelo sistema nervoso autônomo. Isto inclui, em particular, aspectos das reações emocionais. Numa acepção geral, o condicionamento clássico significa que estímulos pareados no tempo acabam por se associar, sendo as respostas a um, dadas também ao outro. Experimentalmente, um dos estímulos deve preceder o outro, quando são pareados, e o principal efeito é, portanto, que as respostas dadas ao segundo passam a ser antecipadamente dadas ao primeiro estímulo. Se o estímulo dianteiro ocorre depois repetidamente por si mesmo, a resposta condicionada sucumbe (extinção) mas há um efeito residual que permite a recuperação espontânea. A especulação, amparada em experimentos com sujeitos humanos, sugere que associações previamente realizadas governam as reações emocionais humanas. Modificações nas reações emocionais podem ser geradas no decorrer da terapia, mediante o uso dos métodos de condicionamento clássico, quer associando o retraimento diante de estímulos dolorosos com os impulsos a serem suprimidos, quer associando o relaxamento com os estímulos que provocam uma ansiedade exagerada.

 

4. Condicionamento Operante: Recompensa e Reforço Positivo

Aprendizagem Operante em Várias Formas

Modelagem das Respostas Operantes por Aproximação Sucessiva

Automodelagem, Instigação e Orientação

Esquemas de Reforço

Capacidades de resposta

Aprendizagem Espacial: Descobrir Alimento e Descobrir o Caminho

Respostas Criativas

Classes de Resposta Gerativa e Generalização da Resposta  - Podemos "conhecer as regras" sem ser capazes de desempenhá-las, no sentido de estarmos aptos a recitar os princípios pelos quais manobraríamos o pouso de um módulo lunar, sem qualquer proficiência pessoal nesse desempenho.

Classe de Resposta Gerativa [nada mais é do que a teoria da simplificação que faz com eu tenha uma mesma reação para um conjunto de estímulos semelhantes.]

 

Conclusão e Resumo

A pedra angular do condicionamento operante é a proposição de que o comportamento pode ser fortalecido por recompensas contingentes. Isto é o reforço positivo, o qual é sumamente visível nas proezas realizadas por animais de laboratório recompensados com alimento. A modelagem gradual de novas capacidades ou categorias de resposta pode ser útil em muitos contextos, especialmente quando combinada com meios adicionais de direção. Os poderes motivadores do reforço podem fornecer incentivo a numerosos itens de conduta e influenciar uma vasta gama de decisões e opções.

 

5. Condicionamento Operante: Reforço Negativo e Punição

A maioria das pessoas gasta uma parte do seu tempo liquidando dívidas, (....) mudando o carro de lugar para não ser multado por estacionamento proibido, tentando chegar na hora às reuniões para evitar a reprovação social.

[Penso que aqui cometeram um erro crasso e que na minha teoria ele não existe. O que chama de reforço negativo, na verdade ou é a opção entre a dor e menor dor, ou entre a menor dor e o pouco prazer.

Melhor colocando: trocar o carro de lugar é uma ação voluntária, fruto da capacidade de raciocínio (ou capacidade de dedução)  se o meu carro está parado em local não permitido, é provável que eu seja multado  ou seja, isto é muito mais próximo de um condicionamento clássico (pela ameaça de dor). O reforço, na verdade, só ocorreria quando houvesse uma multa, mas aí é punição. Penso que neste ponto está a diferença fundamental entre seres humanos e animais. É a capacidade de previsão, que nada mais é do que a análise da percepção atual do ambiente gerando uma previsão da percepção de um momento futuro num determinado ambiente. Em primeiro lugar não há condicionamento porque a ação é refletida. Um exemplo meu. Estávamos em meados de junho e ao entardecer a temperatura, mesmo no Rio de Janeiro, caia bastante. Minha filha estudava de manhã e chegava em casa por volta de 1 hora da tarde sempre com a blusa amarrada na cintura. Note-se, então, que a sua última percepção era de um dia quente. Certo dia levei-a a um dentista às 5 horas da tarde. A roupa que ela escolheu foi um shortinho. O que faltou? Reforço negativo ou ameaça de dor? ]

Quando sentimos frio tiritamos e quando superaquecidos suamos e ofegamos; estes extremos de desconforto precipitam ações dirigidas mais no sentido de escapar aos extremos do que de procurar o máximo conforto. A ansiedade é mais do que ausência de felicidade [isso é angústia] e é claramente mais do que ausência de prazer físico [carência].

Parece haver uma forte tendência natural para pensar na punição como incluída no reforço negativo mas é necessário que se estabeleça a distinção entre reforço negativo e punição.

[Realmente, neste ponto há  toda uma confusão, inclusive propondo diferença entre Aprendizagem de Fuga e Aprendizagem de Evitação.]

A aprendizagem muito rápida também é observada quando se trata de uma questão de "sair", em vez de "ficar quieto onde está". [Mas isso é tão óbvio. "Sair" é um comportamento condicionado pelo dor e portanto traumatizante. "Ficar" não traumatiza porque não causa dor. Aposto que, se for associado um prazer ao "ficar", o desgraçado do rato aprender rapidinho a ficar no degrau "seguro".]

A segurança impede a descoberta. [Outro óbvio. A segurança é um fim. Alcançado nada mais há descobrir.]

Se tentamos persuadir os ratos a aprenderem novas respostas, a fim de lavá-los a entrar numa caixa preta que costumava ter alimento em seu interior, eles depressa deixarão de se incomodar porque aprenderam que a caixa preta já deixou de conter alimento. Mas se eles estão escapando com êxito de um compartimento branco que costumava ser perigoso, poderão continuar nisso indefinidamente porque, tendo fugido do compartimento branco, não podem descobrir que este já deixou de oferecer perigo. [Elementar, meu caro Walker!]

Experimentos [e a nossa própria vida] com humanos demonstraram que, quando são usados estímulos fortes para estabelecer uma resposta de evitação, a resposta poderá continuar [não, continuará] indefinidamente se não for fisicamente impedida. Se os sujeitos estão suficientemente preocupados para se assegurarem de que evitarão uma situação provocadora de ansiedade, será muito difícil averiguar se a situação mudou.

Evitação sem medo [?] - Solomon e Wynne treinaram seus cães a saltar para fora de um compartimento aplicando-lhes alguns choques fortes, e verificaram que os cães continuaram durante centenas de ensaios a fio a saltar para fora do compartimento sem que novos choques lhes fossem aplicados.

Os efeitos perturbadores da Ansiedade - Animais de laboratório são mantidos atarefados, respondendo num esquema de intervalo variável para obtenção de um reforço alimentar. A intervalos irregulares, apresenta-se um sinal (um besouro elétrico, por exemplo) durante um minuto, o qual é no começo ignorado. Isto evidencia-se pelo fato de o animal prosseguir em sua tarefa operante, possivelmente descobrindo alimento e comendo enquanto o sinal está presente. Mas se o sinal de aviso for usado como precursor de um choque elétrico, aí ele já se converterá rapidamente num estímulo perturbador; o animal cessa completamente sua atividade normal enquanto durar o sinal, mesmo que isso signifique a possível perda de entregas de alimento. [Está trocando o não-prazer pela ansiedade [dúvida quanto ao futuro] de uma possível dor.

Talvez reforçadores negativos moderados possam apoiar os comportamentos de rotina sem ondas condicionadas de medo, muito embora estímulos mais fortes possam resultar em ansiedade ou estresse.

Punição - Em vista do desejo de todos de escapar a situações desagradáveis e sinais associados, sempre houve reservas e apreensões a respeito de infligir dor ou aflição a outras pessoas ou mesmo a outros animais como um meio de educação ou reforma. O declínio do uso culturalmente sancionado da punição corporal pode ser interpretado como uma dimensão de progresso social. [Nada disso. Este declínio se dá em função de que os valores mudaram. Do homem dominando o homem pra o homem dominando a riqueza.] Contudo, as multas, o encarceramento, a ameaça, o insulto e a rejeição ainda constituem uma parte intrínseca da legalidade e, em menor grau, da educação.

[Quanto à intensidade da punição] No caso de Thorndike, ele apurou que dizer "errado" depois de os estudantes terem apresentado uma tradução errada não impedia que eles cometessem novos erros [punição ínfima, mas inibidora de novas redações]. (....) É hoje perfeitamente claro que o desencorajamento de ações por meio de punição contingente é, quando mais não seja, uma influência mais forte sobre o comportamento do que os efeitos de incentivo dos reforçadores positivos, no que se refere ao trabalho de laboratório com animais. [Tão simples! É apenas uma questão de proteção de valores, apesar da dor física.]

O problema com a punição não está em ser sempre ineficaz mas em ter desagradáveis efeitos secundários no sujeito: estresse, ansiedade, retraimento e agressão.

Estresse: excesso de ansiedade

O reforço fortalece e encoraja, ao passo que a punição, de um modo geral, debilita e desencoraja. [Quando isto não ocorre, causando dúvidas entre os pesquisadores, é porque eles não estão percebendo o que está realmente acontecendo. Se a punição não está funcionando, é porque ela é preferível a ter-se que abrir mão de um valor ou da satisfação de uma necessidade.]

 

Resumo e Conclusões

O condicionamento operante pode adotar duas formas de aprendizagem : Como fugir de situações assustadoras ou perigosas(?) e como acercar-se mais dos reforçadores positivos. Diz-se que foi negativamente reforço aquele ato aprendido ou fortalecido porque remove ou impede sensações desagradáveis.  Considera-se punida uma resposta suprimida ou debilitada, quando é acompanhada de dor ou perda de recompensa. É necessário levar em conta que as reações emocionais condicionadas a estímulos associados e eventos adversos, porquanto podem influenciar respostas que não são diretamente reforçadas ou punidas. Outras reações, como fugir de situações perigosas ou agir agressivamente em relação a outros indivíduos presentes, podem também resultar. Os estímulos aversivos muito fortes e imprevisíveis ou causadores de conflito contribuem para o estresse. Apesar desses numerosos efeitos secundários, o reforço negativo e a punição têm ocasionalmente aplicações terapêuticas. [???]

 

6. Reforço Intermitente e Extinção: Escassez e Ausência de Reforçadores

[Quantas tacadas são necessárias para aprender a jogar sinuca muito bem? E depois disso, quantas tacadas são necessárias para colocar uma bola qualquer na caçapa? Quanto se desaprende num determinado período de tempo sem jogar? Quanto tempo será necessário ficar sem jogar para desaprender totalmente?]

A mais espetacular descoberta das pesquisas na área do condicionamento operante foi que os efeitos comportamentais de cada reforçador podem-se desenvolver com a ampliação do treinamento, de modo que o mesmo reforçador que originalmente gerava uma resposta acaba por comandar literalmente milhares de resposta do mesmo gênero. Um chimpanzé que começa por apertar hesitantemente um botão uma vez para cada recompensa alimentar poderá, após longo treinamento, apertá-lo até 4.000 vezes para obter a mesma recompensa de antes. Mas qual é o limite desse processo? [O limite é a opção por uma dor menor]

A extinção é mais lenta depois de um reforço esparso e infrequente do que depois de um reforço rico e contínuo. Dá-se a isso o nome de efeito do reforço parcial, o qual é um dos fenômenos mais fáceis de reproduzir e mais difíceis de explicar. [Por quê? Pra mim, é simples. O reforço parcial cria uma condição de aleatoriedade. Aprende-se que acontece a intervalos regulares mas acontece. O reforço intermitente interrompido logo indica (intermitentemente) que não há mais recompensa e, além disso, ausência de reforço é um reforço (este sim) negativo substituindo o anterior]

Esquemas múltiplos - O mesmo sujeito pode aprender dois ou mais esquemas quando é usada uma pista distinta para assimilar qual dos esquemas está em vigor.

Essa diferença entre aprender sobre reforçadores e aprender o que fazer para obter reforçadores é ampliada quando os reforçadores são eventos relativamente raros.

Por que é que as tarefas difíceis escassamente recompensadas são mais persistentemente executadas na extinção do que as tarefas fáceis que foram amplamente recompensadas? [Porque as tarefas fáceis satisfazem valores de baixa prioridade e são facilmente substituídos por tarefas que satisfazem valores mais significativos(!!!)]

As circunstâncias que ajudam o sujeito a "notar a diferença " na extinção, como novas pistas ou uma mudança no aparelho, acelerarão a extinção, ao passo que as dificuldades em descortinar a ausência de reforço prolongam a extinção.

Reforço Intermitente e Extinção no Comportamento Humano - Afirma-se que os comportamentos persistentes que têm muito poucas recompensas evidentes podem ser sustentados por reforço ocasional. São exemplos a participação em jogos de azar e em rituais supersticiosos. (....) Ferster (1969) assinalou os perigos teóricos da insuficiente reação dos pais às atividades de seus filhos. Se os pais permanecerem impassíveis em face da gama habitual de condutas irritantes, pode acontecer que somente os comportamentos bizarros da criança conquistem a atenção parental. Portanto, é arriscado que os pais ignorem os atos moderados de má conduta se, ao mesmo tempo, atos mais extremos provocam recompensadoras trocas sociais. Não obstante, a extinção de comportamentos desviantes tem sido algumas vezes conseguidas quando os pais cuidadosamente ignoram todas as respostas desse gênero.

[Analisar o caso da doença que faz crescer pelos sob a ótica de como se disseminam boatos, crendices e etc.]

 

7. Reforçadores Primários e Secundários: De Onde Provêm?

O que é reforço e por que é que os reforçadores reforçam? (....) Uma resposta pode ser dada em termos de evolução. A menos que Darwin estivesse completamente errado, todas as espécies tiveram de desenvolver métodos para assegurar que comessem suficiente alimento, se mantêm afastados de situações perigosas ou nocivas e têm relações sociais adequadas com seus semelhantes, sobretudo no contexto da reprodução.

[Parece que a turma entende que atividade sexual é valor e não necessidade. Mas se é assim, como explicar a ejaculação noturna?]

Fisiologia do Reforço - Existem, pois, bases razoáveis para a hipótese de que a diferença comportamental entre reforço positivo e negativo é parcialmente produzida por processos fisiológicos distintos. Uma sugestão mais conjetural é a de que talvez haja sistemas quimicamente diferentes para as funções de incentivo e modelagem de resposta do reforço positivo. Sabe-se que a transmissão de impulsos em muitos percursos neurais requer a descarga do produto químico noradrenalina, ao passo que alguns outros percursos fazem uso de um diferente agente neurotransmissor, a dopamina. [preciso estudar melhor essa questão de reforço positivo e negativo.]

[Como se dá a ausência de dor no mundo animal no momento da predação?]

O poder reforçador comportamental de um estímulo não pode ser rigorosamente julgado a partir das sensações pessoais de alguém, se bem que, de um modo geral, as coisas de que as pessoas dizem que gostam devam funcionar como reforçadores. [???]

A descarga de tensões ou redução de impulsos é um modo de descrever o reforço pela fuga ao medo ou ansiedade. Contudo, isso provou ser uma parte muito secundária do reforço positivo com alimento ou estimulação cerebral. A fuga de um estado de fome é menos importante do que o reforço positivo para alimento, até onde isso pode ser provado através de experimentos de laboratório. [Ora, e o que são os remédios para diminuir o apetite? Eles trabalham exatamente sobre o fato de que não existindo fome não existe vontade de comer.] Existe atualmente um bom acervo de conhecimentos acerca do modo como  o hipotálamo controla a motivação para comer, mas tudo isso é compatível com o simples fato de que as necessidades nutricionais estão algo distantes do reforço a curto prazo para comer. São as propriedades de estímulo do paladar e do cheiro, quando não o prazer de comer, que reforçm, como  é evidenciado pela gulodice dos ratos por sacarina e pela tendência da maioria das pessoas para comer mais do que necessitam, se lhes derem essa oportunidade. [Isto é absolutamente falso. A questão é que existe um conjunto de pessoas (maioria ou minoria, isto não importa) que age dessa forma porque, por algum motivo, isto satisfaz uma necessidade que vai além da fome ou preserva um valor que não nos foi dado conhecer.] [O que pode estar envolvido aqui é a questão do vício. Se formos considerar o ponto de vista de que] as atividades são a coisa essencial no tocante ao reforço, no sentido de que o que mais importante não é o "alimento" mas "comer" [como vamos explicar as pessoas que tomam apenas um copo de vinho e depois continuam a beber mas somente algo não alcoólico?]

"Pode-se fazer com que ratos mudem de comer para copular e vice-versa ao simples toque de um comutador ." (Caggiula, 1970)

O fato interessante (....) é que esse controle elétrico não é o disparo mecânico de reflexos, mas a indução de um estado de ânimo ou incentivo de resposta. Isso é mais fácil de imaginar no caso de respostas sexuais, quando a estimulação cerebral provoca uma excitação sexual que é recompensadora em si mesma, mas também gera o incentivo para ulterior atividade sexual.

[O homem é um complexo orgânico voltado para o funcionamento harmonioso. Tanto o prazer quanto a dor são elementos desequilibradores desta harmonia e portanto precisam ser compensados  quando de baixa intensidade  ou neutralizados  quando de alta intensidade.]

[A excitação sexual é um estado de ansiedade e a ansiedade ativa a sexualidade.(Será?)]

[Não me importo como o meu pensamento funciona biologicamente, mas tão-só como fazê-lo funcionar a contento.]

O alimento é usado com tanta freqüência em experimentos porque constitui um reforçador extremamente fidedigno e poderoso, capaz de motivar uma vasta gama de respostas na maioria dos animais. [Este foi o problema básico das pesquisa até aqui. Mas por outro lado, esta afirmação em si mesma é uma comprovação de que o prazer (e supressão da dor é prazer) é um estímulo poderoso. Por quê será que os pesquisadores não utilizam um saca-rolha como estímulo no condicionamento operante? Não é só porque não é um ENC, como definiu Pavlov. É porque ratos não estão interessados em saca-rolhas. Ou melhor, é porque saca-rolhas não satisfazem nenhuma necessidade de ratos nem são uma ameaça a seus valores. Prova é que o autor já vem dizendo que ] as respostas de asseio individual  catar e alisar o pêlo com as patas e a língua  não são muito bem reforçadas com alimento, por exemplo [ou seja, tem que haver relação].

[Os patos não sabendo que têm que seguir a mãe ao nascer, mas como ainda não sabem o que é "mãe", saem correndo atrás do gato, por exemplo, se for esta a primeira coisa que virem se mexer. Se deixarmos isso acontecer por 24 horas, eles farão isso o resto de suas vidas.]

(....) via de regra, o funcionamento apropriado de reforçadores sociais e sexuais na vida adulta depende da experiência social quando criança.

[Os próprios cientistas admitem que ] como na maioria dos casos da controvérsia natureza/educação, não existe um modo de separar as influências inatas e adquiridas sobre a motivação ().

Andar de carro parece ser reforçador para os chimpanzés e poderia ser descrito, portanto, como algum valor primata inata! Mas a principal determinante do poder da televisão e dos automóveis como reforçadores é, por certo, um conjunto de experiências e atitudes aprendidas dentro de uma certa cultura.

Reforçadores Secundários - É conveniente distinguir entre uma categoria em que a necessária função biológica dos reforçadores é bastante obvia  tradicionalmente, alimento, água, dor [Não. Olha a confusão que o cara faz!]e sexo  e uma categoria em que a função biológica é remota.

A maioria das pessoas concorda em que o incentivo para trabalhar horas extras está relacionado com atividades mais preferidas, as quais requerem o dispêndio de dinheiro. É menos óbvio que ver televisão recompense aparar a grama do jardim da frente, mas contingências como esta são frequentemente estabelecidas para crianças, como em "você deve arrumar o seu quarto antes de ir brincar lá fora".  [E os caras continuam não enxergando o que está na cara.]

[Outro erro:] A presença de moças atraentes em grande proximidade física de um automóvel, cigarro ou avião, pode realçar as propriedades recompensadoras daqueles produtos, por causa do condicionamento clássico involuntário ou algo dessa espécie. [???]

Duas questões teóricas estão vinculadas à formação de reforçadores secundários (por vezes chamados reforçadores condicionados). Em primeiro lugar, que informação é fornecida pelo pareamento? Em segundo lugar, qual é a importância das respostas dadas ao estímulo reforço secundário?

Ambos estes fatores teóricos podem ajudar a fazer com que símbolos [é o que pode ser trocado pelo que se deseja na verdade] sejam reforçadores condicionados muito eficazes.

O dinheiro pode ser considerado a recompensa simbólica por excelência, mas na vida real é complicada por variáveis econômicas e sociais, como poupança e investimento.

Reforço Secundário através de Associações Remotas - Diz-se que roer unhas ocorre como uma espécie de substitutivo de uma forma muito mais drástica de automutilação; amealhar dinheiro é algo que se desfruta como expressão de retentividdade anal e assim por diante. [???]

[Aqui um despautério:] Um reforço original por aprovação dos pais poderá realçar a satisfação auferida em colecionar selos, o que poderá mais tarde produzir frutos numa dedicação a assuntos de política externa. [Por que não dedicação a atividades no setor gráfico, ou artístico, ou de cromoterapia etc.?]

O Reforço em Relação a Conhecimento e Propósito - É possível colocar uma surpreendente proporção de fatos psicológicos sob a égide da teoria do reforço, como fez Skinner, mas isso não parece resolver por si só muitos dos tradicionais enigmas sobre o conhecimento e propósito humanos. [E veja-se a sequência:] As diferenças entre impulso e previsão [reação e ação], entre motivos conscientes e inconscientes, satisfação sensual e intelectual [toda satisfação é sensual, pois não existe intelecto, só sentidos] etc ainda são questões de debate tanto filosófico como científico.

Poderá o conhecimento ser seguramente adquirido sem a assistência do reforço? Poderemos olhar para fora da janela ou ler um jornal sem propósito ou reforço? [Não. Prova é que toda a leitura para a qual não houve associação com necessidade ou valor, não fica gravada na mente. Mas olha o que ele diz:] Estes problemas têm uma longa história em teoria da aprendizagem, sendo o consenso geral que o conhecimento pode ser adquirido sem recompensa mas as ações precisam ser motivadas.

 

Resumo e Conclusões

O reforço é essencialmente um conceito comportamental, aplicável às provas idoneamente observadas de que as respostas variam de acordo com os seus efeitos. O conceito apoia-se na pesquisa fisiológica, a qual está desvendando os mecanismos cerebrais responsáveis pelos efeitos do reforço e os prazeres subjetivos que podem ou não acompanhá-lo. A base evolucionária do reforço é a necessidade de excitar e dirigir comportamentos instintivos e aprendidos nos momentos apropriados. Reforçadores primários são aqueles cuja função biológica é clara: reforçadores secundários são aqueles cujos poderes foram adquiridos através de uma associação com recompensas e punições mais poderosas. É possível colocar a questão da função biológica de lado e classificar os reforçadores hierarquicamente, de acordo com as preferências observadas de um indivíduo  ou de uma espécie.

 

8. Aprendizagem de Discriminação: Reforço para Prestar Atenção

"Que estímulo está controlando o comportamento?" Será o sinal ostensivo ou alguma outra pista para a resposta correta? Uma forma alternativa de apresentar a pergunta é: "A que estímulo o sujeito está dando atenção?" A resposta tem que ser dada isolando-se cuidadosamente a característica ou características decisivas do meio ambiente que estão sendo captadas. A técnica consiste em alterar algum aspecto da situação e tomar nota de quaisquer mudanças no comportamento.

 

Aprendizagem com e sem inibição - Quando o animal aprendeu que ter uma pata flexionada significava que não haveria comida, passou a esticar ativamente a perna, a "inibir" a flexão.

[Relatar a relação da Paula com o elevador.]

De um modo geral, pode-se conjeturar com razoável segurança que a mistura de "boas" condições com períodos "menos bons" ou "maus", para o mesmo indivíduo, realça o valor ou a eficácia das circunstâncias "boas" [porque o objetivo é estar na melhor entre duas situações.]

Prestar Atenção e não Prestar Atenção - Se está realmente acontecendo "atenção" ou não tem que ser deduzido, portanto, em vez de diretamente observado.

Podemos caminhar sobre a grama ou porque não lemos o aviso "Não Pisar" ou porque o lemos corretamente mas caminhamos deliberadamente pelo gramado. É concebível que tenhamos evitado cuidadosamente olhar para o aviso, no caso de ela dizer "Não Pisar".

[Relatar a simplificação através do recurso de "auto correção" e o novo condicionamento da escrita através da digitalização.)

Os pombos a que se dá alimento por darem bicadas num botão amarelo "percebem" o amarelo, na medida em que tendem a suspender as bicadas se a cor do botão for mudada. Se for feito um experimento análogo usando o som, fazendo-se ouvir um dó agudo em vez da cor amarela, o dó agudo é ignorado, visto que as aves continuam dando bicadas exatamente da mesma forma, quer a intensidade do som seja consideravelmente mudada numa direção ou outra (jenkins e Harrison, 1960)

Ratos criados com grande experiência de círculos e triângulos são muito melhores na solução de problemas de discriminação que usem essas formas geométricas do que, por exemplo, quadrados e trapézios, de modo que as experiências iniciais têm possivelmente muito a ver com as aptidões perceptuais nos anos subsequentes.

[Devo me posicionar quanto às "habilidades inatas"]

Os Efeitos da Habituação do Condicionamento clássico  sobre a Atenção - Quando se considera que existe ainda um outro significado distinto de "atenção"  o de esforço ou concentração mental  surpreende mesmo que alguns psicólogos procurem evitar totalmente o uso da palavra, preferindo referir-se a "controle do estímulo"[???].

Reforço Operante para Prestar Atenção - Trata-se do pressuposto de que se presta atenção a aspectos dos estímulos que são importantes, ao passo que outros aspectos são ignorados. [Ora viva!!!]

Os macacos entraram em conflito quando um estímulo dizia-lhes que acionassem a alavanca direita, o outro a da esquerda. O dilema pôde ser resolvido porque as recompensas eram obtidas acionando a alavanca da esquerda para a exposição vertical/verde mas a da direita para a exposição horizontal/vermelho. Os testes mostraram que os macacos chegaram a essa solução correta ignorando totalmente as cores e trabalhando na base das linhas vertical e horizontal, em vez de aprenderem que as cores significavam agora o oposto de seu treinamento original.

"Dimensões" e analisadores - Segundo Piaget, as crianças levam algum tempo para começar a "prestar atenção" a dimensões físicas tais como volume, largura e número da maneira certa (....) [Agora já se sabe que a visão da criança (distância focal e campo visual) se desenvolve gradativamente. Só com um ano de idade o campo visual é igual ao do homem adulto e o foco é quase igual mas só será realmente igual aos 4 anos de idade.]

Estreitamento da faixa de atenção. - Se dois estímulos são dados ao mesmo tempo num contexto de condicionamento clássico mas um deles é "melhor" que o outro, os animais concentram-se frequentemente no melhor e ignoram o outro, até onde nos é possível revelar por testes separados. Por exemplo, uma luz bastante tênue poderia normalmente funcionar muito bem como estímulo condicionado num experimento pavloviano. Mas se um besouro elétrico soar sempre muito forte enquanto a luz tênue estiver ligada, o besouro pode ofuscar a luz, pelo que o cão não salivará se a luz for ligada sozinha.

O principal ponto acerca do estreitamento da faixa de atenção é a idéia de que existe um limite à nossa capacidade de processo informações e prestar atenção a estímulos, o que torna necessário reduzir a atenção a algumas fontes a fim de se dedicar o máximo esforço à informação mais importante. A saliência intrínseca, a elevada intensidade, a novidade e as associações passadas com o reforço são fatores que parecem aumentar a "importância" de certas categorias de estímulo.

Aplicação de Procedimentos de Discriminação: Aprendizagem Programada - Os textos programados são compêndios em que o leitor é convidado a responder às perguntas escrevendo as palavras que faltam no texto, à medida que avança. Esse método de pergunta-e-resposta é especialmente útil se o leitor precisa memorizar uma boa soma de informação no livro. A instrução assistida por computador é a mais recente forma das máquinas de ensinar (....)

Princípios behavioristas de texto programado: 1) cada indivíduo avança segundo o seu próprio ritmo [não, segundo seu grau de interesse]; 2) cada indivíduo realiza respostas ativas [a cada passo]; 3) Reforço imediato para a aprendizagem correta. (....) O reforço deve ser positivo, não negativo ou punitivo, tanto quanto possível; "responder certo" pode ser encorajado mas "responder errado" não deve ser punido. 4) Minimizar os erros. [os erros provocam dor e, por isso, eles nos "ensinam" a não repetir aquela determinada ação ou a inibir uma reação.]

 

Resumo e Conclusões

Aprender uma discriminação implica que aprendemos a perceber a diferença entre duas coisas semelhantes, e que também aprendemos a fazer respostas separadas aos dois casos. Teorias recentes pressupõem que a aprendizagem perceptual e a aprendizagem de resposta são distintas uma da outra. A espécie perceptual poderá envolver a aprendizagem para estar alerta e a aprendizagem para prestar atenção a determinados aspectos dos acontecimentos, como o formato e a cor. Com freqüência, a aprendizagem de reforço requer a inibição de respostas porque a tarefa exige que elas não sejam dadas ao estímulo incorreto. As técnicas práticas que propiciam a aprendizagem de discriminação e que podem ser proveitosamente adaptadas para uso em auxiliares de educação estão dominadas pela necessidade de associar o reforço a um conjunto limitado de estímulos.

 

9. Aprendizagem de Conceitos: Reforço para o Comportamento Abstrato

[A se seguir por Darwin] ainda se pode defender que até as faculdades da fala e da imaginação, as quais parecem colocar os seres humanos à parte, são elaborações de aptidões já presentes em espécies inferiores.

O debate natureza-aprendizagem desenrola-se com veemência há, pelo menos, quinze anos [isso em 77] e parece estar agora esmorecendo sem que se chegue a um acordo satisfatório mas ambas as partes estão hoje cônscias das contradições inerentes aos pontos de vista extremos.

Além da linguagem, existe uma lista quase interminável de atributos psicológicos que distinguem o homem dos animais inferiores: senso moral; uso de ferramentas; previsão; autoconsciência; sentido de beleza  estas eram as características que Darwin achava serem aquelas com que tinha de lidar. (....) Princípios psicológicos que não são exclusivamente humanos podem-se aplicar a comportamentos que unicamente humanos. [Eu corrigiria para: princípios psicológicos que não são exclusivamente humanos sofrem interferências de princípios psicológicos que são exclusivamente humanos.]

Três espécies de atividade que são especialmente, em vez de exclusivamente, humanas e em que é possível  tentar uma análise comportamental são a discriminação de conceitos de estímulo, a aprendizagem por imitação e a aprendizagem da comunicação com sinais e símbolos.

O nome conceitos de estímulo  tem a intenção de enfatizar que o único critério são as discriminações baseadas nos atributos do estímulo.

Macacos e homens têm capacidades semelhantes para generalizar o princípio de "singularidade", no âmbito de numerosas dimensões visuais, mas os macacos talvez não possam aplicar a regra de uma modalidade para outra  das exposições visuais para sons, por exemplo,  tão bem quanto as pessoas.

Pombos e macacos são capazes de emparelhar cores ou formatos por esse método, se bem que, nesse caso, os pombos pareçam, uma vez mais, adquirir um menor grau de abstrativididade que os macacos. [Ora, ora! Como é que se admite que os processos são diferentes entre pombos e macacos mas não entre homens e ratos?]

A percepção de regularidades e repetidos motivos demonstra a existência de regras perceptuais.

Aprendizagem por Imitação -- Pode-se dizer com segurança que sabemos muito pouco acerca dos processos cerebrais que geram um tipo de aprendizagem, para não falarmos já de oito tipos distintos, mas é difícil evitar alguma especulação baseada na existência de diferentes procedimentos para se aprender diferentes espécies de coisas. Daí as questões sobre se o condicionamento operante difere do condicionamento clássico ou se a aprendizagem de conceitos difere da aprendizagem de discriminação. (....) se importa de que modo aprendemos  se vendo outro fazer ou se fazendo nós mesmos essa coisa [E existe dúvida sobre isto?]

O problema para a teoria da aprendizagem está em que existe um número infinito de tipos de situação em que a aprendizagem pode ocorrer e quase tantos "métodos de instrução" quantos os professores. (....) Mas poderíamos considerar as principais divisões entre  "aprender fazendo", "aprender vendo fazer" e "aprender através da linguagem".

As crianças que têm medo de cães podem ser tranquilizadas se uma outra criança "mostrar como" se pode fazer festas num cão sem correr qualquer risco; [Tem horas que eu penso que tem gente de brincadeira. Isto não tem relevância nenhuma. Se tivesse, seria simples resolver todas as questões. Quando isso funciona é porque o medo não era tão grande assim, era apenas um receio, ou seja, ainda não estava "impressa" uma referência clara da consequência de se expor à proximidade de cães. (Analisar o meu caso com os cães da Neusa Maria.] estudantes com moderada (o grifo é meu) fobia a respeito de cobras podem ficar menos receosos (novamente o grifo é meu) delas depois de verem filmes de outros estudantes manuseando cobras, como parte de uma técnica de dessensitização [é incrível esse estudioso da psicologia dizer uma coisa dessas. Tais estudantes romperão com o receio porque terá sido provocada uma ameaça a seus valores frente aos seus companheiros caso não enfrentem seus "medos" (se eles pegaram a cobra eu também tenho que pegar) e isto sem considerar o fato de que existe um interesse em se formar naquele curso.]

É sobejamente conhecido que, quando o protagonista de um filme acende um cigarro, os fumantes na platéia procuram o seu próprio maço. [E o que tem a ver isto. Isto é hábito, ou reflexo condicionado. misturando tudo esse cara!]

No caso do desenvolvimento da personalidade humana, há a tendência para a "identificação" emocional com os pais ou heróis, de modo que "ser como Fulano" converte-se num reforçador. (....) A relação pais--filhos é um exemplo óbvio mas a imitação de figuras de autoridade, como guardas de campos de concentração, também foi posta nesta categoria. [???]

Há uma acentuada discrepância entre a importância atribuída à imitação no desenvolvimento da personalidade e das condutas sociais e o baixo apreço em que a imitação é tida por muitos psicólogos que estudam o desenvolvimento do pensamento e da linguagem em crianças.

A concepção behaviorista contemporânea da aprendizagem da fala, aceita em 1940 por Bertrand Russel, tem aqui sua apresentação irretocável:

Existem dois elementos na aprendizagem da fala: em primeiro lugar, a destreza muscular; e, em segundo lugar, o hábito de usar uma palavra em ocasiões apropriadas. Poderemos ignorar a destreza muscular, a qual também é adquirível por papagaios. As crianças emitem espontaneamente muitos sons articulados e têm o impulso para imitar os sons feitos por adultos. Quando emitem um som que os adultos consideram adequando ao meio circundante, elas acham os resultados agradáveis. Assim, pelo usual mecanismo de prazer-dor, as crianças aprendem, em devido tempo, a articular ruídos apropriados a objetos que estão sensivelmente presentes e, depois, quase imediatamente, aprendem a usar os mesmos ruídos quando desejam esses objetos...(Russel, 1940, p. 69)

A concepção linguística de Skinner - tudo o que dizemos e escrevemos é determinado mais pelo meio ambiente do que por inspiração ou intuição espontâneas. O meio ambiente, entretanto, inclui a nossa experiência passada e presente, educação, cultura intenção e audiência.

A concepção linguística de Chomsky - o meio ambiente, seja como for que se interprete, tem uma influência quase desprezivel sobre a natureza da linguagem ou sobre o conhecimento em geral.  (....) Chomsky adotou a posição de que a aprendizagem da linguagem é uma questão de "extrair o que é inato na mente".

 

Resumo e Conclusões

A posição de Chomsky, de que a linguagem só pode ser entendida em termos de intuições humanos inatas, e a posição de Skinner, de que uma completa descrição da linguagem e do pensamento pode ser feita com base nas contingências de reforço, são  uma e outra  extremas. Pode ser necessário chegar a um meio-termo entre essas duas posições mas é impossível afirmar que foram respondidas com firmeza quaisquer interrogações acerca da linguagem e da aprendizagem de conceitos. Entretanto, a capacidade de aprendizagem de conceitos e de comunicação em animais prova ser substancial. Os procedimentos para crianças, combinando as técnicas de reforço e a imitação, também sugerem  que a aquisição de aptidões abstratas ou governadas por regras pode ser colocada sob o gurarda-chuva de uma abordagem behaviorismo da aprendizagem.

Assim, as doutrinas originalmente escandalosas do Behaviorismo, caracterizadas pelo intento de simplificar as complexidades, podem ser defendidas em dois aspectos. Elas continuam a fornecer uma base prática e realista dos métodos e da teoria, contra a qual podem ser testados os vôos mais desvairados da fantasia psicológica. E, talvez mais inesperadamente, o Behaviorismo, em suas modernas formas, tem algumas pretensões a ser uma fértil fonte de recomendações para os campos aplicados da Psicologia Humana.