EXTRATO DE: O CAMINHO DA SERVIDÃO

Autor: Friedrich A. Hayek

Ed. Mises Brasil – (1944/2010/2021)

 

PREFÁCIO DA EDIÇÃO NORTE-AMERICANDA DE 1975

 

[Neste comentário ele errou em sua análise e previsão, pois ele reconhecia naquele momento que]: (...) está quase morto no mundo ocidental o socialismo radical contra o qual ele [seu livro] se dirigia primordialmente: aquele movimento estruturado, que visava uma organização premeditada da vida econômica pelo estado transformado em principal proprietário dos meios de produção.

 

(...) nos Estados Unidos (...) movimentos esquerdistas (...) fizeram com que “liberal” passasse a indicar a defesa de quase todo tipo de controle governamental. (...) daí resultou a tendência de muitos verdadeiros liberais a se autodenominarem conservadores.

 

Por sua natureza, um movimento conservador tende a defender os privilégios já instituídos a apoiar-se no poder governamental para protegê-los.

 

(...) a mais importante transformação que um controle governamental amplo produz é de ordem psicológica, é uma alteração no caráter do povo. (...) mesmo uma vigorosa tradição de liberdade política não constitui garantia suficiente, quando o perito consiste precisamente em novas instituições e novas orientações políticas que ameaçam corroer e destruir pouco a pouco aquele espírito.

 

(...) de Tocqueville previu sobre um “novo tipo de servidão”, que apareceria quando “depois de ter subjugado sucessivamente cada membro da sociedade, modelando-lhe o espírito segundo sua vontade, o estado estende então seus braços sobre toda a comunidade. (...) A vontade do  homem não é destruída, mas amolecida, dobrada e guiada; ele raramente é obrigado a agir, mas é com frequência proibido de agir. (...) até que cada nação seja reduzida a nada mais que um rebanho de tímidos animais industriais, cujo pastor é o governo.” [tudo por conta dos “déspotas benevolentes”]

 

Na sua essência, socialismo pleno não é apenas o mesmo que comunismo, mas dificilmente se diferencia do comunismo.

 

[Um fato concreto é] o despotismo exercido por uma burocracia conscienciosa e honesta, em prol daquilo que ela sinceramente acredita ser o bem do país. (...) [hoje, no Brasil tal qual] na Inglaterra, a transição [para uma ditadura] seria fácil e rápida, podendo ser realizada em plena legalidade.

 

PREFÁCIO DA EDIÇÃO INGLESA DE 1976

 

[O fato da Suécia ser] tida em geral como bem mais socializada, se deve ao fato de que o socialismo passou a significar sobretudo a restrição extensiva da renda por meio da tributação e das instituições do estado previdenciário.

 

INTRODUÇÃO

 

Se a longo prazo, somos os criadores do nosso destino, de imediato somos escravos das ideias que criamos.

 

Ainda somos bem escassos os sinais de que possuímos a coragem intelectual para reconhecer perante nós mesmos a possibilidade de termos errado.

 

Poder-se-á imaginar maior tragédia do que, nos esforço de modelar conscientemente o nosso futuro de acordo com elevados ideais, estarmos de fato e involuntariamente produzindo o oposto daquilo por que vimos lutando?

 

É impressionante o número de erros perigoso que cometemos antes e depois do início da guerra por não entendermos o  adversário.

nosso

O problema está (...) em determinar as circunstâncias que durante os últimos setenta anos possibilitaram o desenvolvimento progressivo e a vitória final de um determinado conjunto de ideias (...)

 

CAPÍTULO 1 – O CAMINHO ABANDONADO

 

F. D. Roosevelt: A tese básica deste programa não é a de que o sistema de livre iniciativa fracassou em nossa época, mas a de que tal sistema ainda não foi posto em prática.

 

Estamos dispostos a quase todas as explicações para a presente crise da nossa civilização, exceto que ela resulta de um erro de nossa parte, e que a busca de alguns dos nossos mais caros ideais tenha produzido efeitos tão diferentes dos esperados.

 

Fomos aos poucos abandonando aquela liberdade de ação econômica sem a qual a liberdade política e social jamais existiu no passado.  (...) embora (...) nos advertissem de que socialismo significa escravidão, fomos continuamente avançando em direção ao socialismo.

 

O individualismo tem hoje uma conotação negativa e passou a ser associado ao egoísmo. (...) Liberdade é agora uma palavra tão desgastada que devemos hesitar em empregá-la.

 

Só depois que a liberdade industrial permitiu a livre utilização dos novos conhecimentos (...) é que a ciência deu os grandes passos que nos últimos cento e cinquenta [agora mais de 220] anos mudaram a face do mundo.

 

Devido ao êxito já alcançado [do liberalismo], o homem se foi mostrando cada vez menos disposto a tolerar os males ainda existentes, que a essa altura lê pareciam insuportáveis e desnecessários.

 

Por volta de 1870 [os ideias liberais] começaram a retroceder, e um ideário diferente (...) passou a avançar de leste para oeste.

 

CAPÍTULO 2 – A GRANDE UTOPIA

 

F. Hoelderlin: O que sempre fez do estado um verdadeiro inferno foram justamente as tentativas de torná-lo um paraíso.

 

De Tocqueville: A democracia amplia a esfera da liberdade [dizia ele em 1848], o socialismo a restringe. A democracia atribui a cada homem o valor máximo; o socialismo faz de cada homem um mero agente, um simples número.

 

Chamberlain: O socialismo alcançado e mantido  por meios democráticos parece pertencer definitivamente ao mundo das utopias.

 

Peter Drucker: O fascismo é o estágio atingido depois que o comunismo se revela uma ilusão, conforme aconteceu tanto na Rússia stalinista como na Alemanha pré-hitlerista.

 

CAPÍTULO 3 – INDIVIDUALISMO E COLETIVISMO

 

Para Adam Smith, os governos [socialistas] “para se manterem, são obrigados a tornar-se opressores e tirânicos”.

 

[A meta utópica do socialismo é que os] recursos da sociedade sejam “conscientemente dirigidos” [!!!!!!].

 

É impossível assumir o controle de todos os recursos produtivos sem, ao mesmo tempo, determinar por quem e em beneficio de quem esses recursos devem ser usados.

 

(...) planificação e concorrência só podem ser combinadas quando se planeja visando à concorrência, mas nunca contra ela.

 

                 

CAPÍTULO 4 – A “INEVITABILIDADE” DA PLANIFICAÇÃO

 

Benito Mussolini: Fomos os primeiros a afirmar que, quanto mais complexa se torna a civilização, mais se deve restringir a liberdade do indivíduo.

 

Defensores da planificação (...) afirmam que não há mais escolha, e que circunstâncias incontroláveis os obrigam a substituir a concorrência pelo planejamento. (...) É uma das asserções que, transmitidas de autor para autor, por mera repetição acabam sendo admitidas como fatos estabelecidos. (...) O argumento mais utilizado (...) são as transformações tecnológica que foram tornando impossível a concorrência (...) só lhes restando escolher entre o controle da produção por monopólios privados ou o controle do governo.

 

[O monopólio, muitas vezes] resulta de conluios, e é promovido pela política governamental.

 

O que eles costumam afirmar é que a dificuldade cada vez maior de se obter uma visão coerente de todo o processo econômico torna indispensável a coordenação exercida por um órgão central, a fim de que a vida social não mergulhe no caos.

 

[Mas é aí que] a descentralização só se torna imperiosa quando os fatores a serem considerados são tão numerosos que é impossível obter uma visão de conjunto. [É nessa realidade que] a coordenação não pode ser efetuada por “controle consciente”, mas apenas por meio de uma estrutura que proporcione a cada agente as informações de que precisa para um ajuste efetivo de suas decisões às dos demais.

 

(...) e é justamente essa função que o sistema de preços desempenha no regime de concorrência (...). Quanto mais complexo o todo, mais dependemos da visão de conhecimentos entre indivíduos (...).

 

Entre o idealista dedicado e o fanático, muitas vezes há apenas um passo.

 

CAPÍTULO 5 – PLANIFICAÇÃO E DEMOCRACIA

 

O “objetivo social” ou o “propósito comum”, (...) costuma ser vagamente definido como o “bem comum”, o “bem-estar geral” ou o “interesse comum”.

 

(...) só existem escalas parciais de valores, as quais são inevitavelmente distintas entre si e mesmo conflitantes. (...) É a convicção de que suas ideias deveriam governar-lhe tanto quanto possível a conduta, que constitui a essência da visão individualista.

 

(...) é mais provável que as pessoas concordem quanto a uma ação comum se o fim visado por todos  (...) for um meios capaz de servir a uma grande variedade de propósitos.

 

(...) as opiniões sobre o que o governo deve fazer serão quase tão numerosas quanto as diferentes pessoas.

 

O clamor por um ditador econômico é um estágio característico da tendência ao planejamento (...).

 

(...) a ditadura plebiscitária (...) se dá quando o chefe do governo (...) detém todos os poderes para garantir que a eleição produza o resultado desejado.

 

O grande mérito da doutrina liberal é ter reduzido a grama de questões que dependem de consenso a proporções adequadas a uma sociedade de homens livres.

 

(...) a planificação conduz à ditadura porque esta é o instrumento mais eficaz de coerção e de imposição de ideais (...). [E] a democracia (...) constitui um obstáculo à supressão da liberdade exigida pelo dirigismo econômico.

 

CAPÍTULO 6 – A PLANIFICAÇÃO E O ESTADEO DE DIREITO

 

A. V. Dicey: “Estado de Direito” significa, acima de tudo, absoluta supremacia ou predominância do Direito comum em contraposição à influência do poder arbitrário, e exclui a arbitrariedade, o privilegio ou mesmo uma autoridade discricionária ampla por parte do governo.

 

(...) é um paradoxo (...) que um método de controle social seja considerado superior justamente por desconhecermos seus resultados precisos.

 

(...) só os indivíduos poderão conhecer plenamente as circunstâncias relativas a cada caso (...).

 

(...) a planificação (...) permite que um indivíduo realize aquilo que outro deve ser impedido de realizar.

 

(...) o estado de Direito (...) nunca foi tão seriamente ameaçado como o é hoje.

 

(...) como salvaguardar a liberdade de imprensa, quando a oferta de papel e todos os canais de distribuição são controlados pela autoridade planejadora?

 

CAÍTULO 7 – CONTROLE ECONÔMICO E TOTALITARISMO

 

Hilaire Belloc: O controle da produção da riqueza é o controle da própria existência humana.

 

Se a planificação de fato nos libertasse (...) quem desejaria depreciar semelhante ideal?

 

(...) não existe “interesse econômico”, mas apenas fatores econômicos que condicionam nossos esforços pela obtenção de outros fins. (...) É o dinheiro que oferece ao homem pobre uma gama de escolhas extraordinariamente vasta.

 

[A autoridade planejadora[ controlaria (...) a alocação dos meios escassos e os fins a que seriam destinados. [Quem tem dúvida de para quem seriam “alocados”?]

 

Não surpreende que os homens desejam livrar-se da cruel escolha que as circunstâncias muitas vezes lhes impõem. Mas poucos desejam fazê-lo deixando a outros resolver por eles. O que querem é simplesmente que a escolha não seja necessária.

 

(...) todo aquele que fala sobre abundância em potencial ou é desonesto, ou não sabe o que diz.

 

A liberdade econômica (...) não pode ser aquela que nos libera dos cuidados econômicos, (...) e que só se pode obter eximindo o indivíduo ao mesmo tempo da necessidade e do poder de escolha.

 

CAPÍTULO 8 – QUEM, A QUEM?

 

Lord Acton: A melhor oportunidade que o mundo já teve foi desperdiçada porque a obsessão pela igualdade frustrou as esperanças de liberdade.”

 

Quem negará que um mundo em que os ricos são poderosos ainda é preferível àquela em que só os poderosos podem adquirir riquezas?

 

A desigualdade gerada por forças impessoais é, sem dúvida, melhor suportada, e afeta bem menos a dignidade do indivíduo, do que quando é intencional.

 

Embora muitos suportem os sofrimentos a que qualquer um pode estar sujeito, não lhes é fácil aceitar aqueles causados pela decisão da autoridade.

 

Numa sociedade planificada todos saberemos que estamos em melhor ou pior situação que outrem (...) porque alguma autoridade assim o quer.

 

Como só o poder coercitivo do estado decidirá a quem cabe isto ou aquilo, o único poder efetivo e desejável será a participação no exercício desse mesmo poder.

 

[Mais à frente se descobrirá que a prometida igualdade] só contribuiu para favorecer os interesses de uma classe especifica.

 

CAPÍTULO 9 – SEGURANÇA E LIBERDADE

 

Leon Trotsky: O velho princípio “quem não trabalha não come, foi substiuido por outro: quem não obedece não come.

 

É raro encontrar independência de espírito ou força de caráter entre aqueles que não confiam na sua capacidade de abrir caminho pelo próprio esforço.

 

[Ninguém se empenha] a menos que seu interesse esteja diretamente envolvido. [egoísmo]

 

A aplicação da engenharia social a toda uma nação, gera problemas de disciplina difíceis de resolver.

 

A política governamental (...) de conceder o privilégio da segurança (...) vai rapidamente criando condições em que o anseio de segurança tende a sobrepujar o amor à liberdade. Isso porque, cada vez que se confere segurança completa a um grupo, aumenta a insegurança dos demais.

 

Quanto mais nos esforçamos para proporcionar completa segurança interferindo no sistema de mercado, tanto maior se torna a insegurança(...). Não é mais a independência, mas a segurança, que confere distinção e status; o que faz de um homem um “bom partido” é antes o direito a uma pensão garantida do que a confiança em sua capacidade (...).

 

Benjamim Franklin: Aqueles que se dispõem a renunciar à liberdade essencial em troca de uma pequena segurança temporária não merecem liberdade nem segurança.

 

(...) o estadista democrático (...) não tardará a defrontar-se com o dilema de assumir poderes ditatoriais ou abandonar seu plano (...) É por essa razão que os homens inescrupulosos têm mais probabilidades de êxito numa sociedade que tende ao totalitarismo.

 

[As ideias morais são oriundas das circunstâncias políticas. Em democracias, os valores morais são uns. Em ditaduras totalitárias, são outros, em sua maioria contrários àqueles.]

 

É o mínimo denominador comum que une o maior número de homens.

 

É mais fácil aos homens concordarem sobre um programa negativo – o ódio a um inimigo ou a inveja aos que estão em melhor situação – do que sobre qualquer plano positivo. A antítese “nós” e "eles” (...) O inimigo (...) parece constituir uma peça indispensável no arsenal do líder totalitário.

 

O coletivismo [hoje centrado na ideia de globalismo] em proporções mundiais parece inconcebível, a não ser para atender sãos interesses de uma pequena elite dirigente.

 

Agir no interesse de um grupo parece libertar os homens de muitas restrições morais que regem seu comportamento como indivíduos dentro do grupo. [O que explica as ações da “massa”].

 

(...) o sistema de concorrência é o único capaz de reduzir ao mínimo, pela descentralização, o poder exercido pelo homem sobre o homem.

 

Na ética individualista, o princípio de que o fim justifica os meios é considerado a negação de toda moral. Na ética coletivista, torna-se a regra suprema.

 

Quando toda a sociedade é dominada por alguns fins específicos, é inevitável que, vez por outro, a crueldade se torne um dever (...).

 

Para o coletivista (...) a busca do objetivo social comum não pode ser limitada pelos direitos ou valores de qualquer indivíduo.

 

Para ser um [agente coletivista] útil (...) deve estar preparado para violar efetivamente qualquer regra moral de que tenha conhecimento, se isso parecer necessário a realização do fim que lhe foi imposto. (...) [E] não devem possuir ideais próprios que desejam realizar (...) A única satisfação [deles] é a da ambição do poder em si mesmo, o prazer de ser obedecido e de fazer parte de uma maquina perfeita, imensamente poderosa, diante da qual tudo deve ceder.

 

CAPÍTULO 11 – O FIM DA VERDADE

 

[Ditadores] se baseiam necessariamente em pontos de vista pessoais sobre fatos, elaborados e transformados depois em teorias cientificas, de modo a justificar uma opinião preconcebida.

 

 

(...) a perversão da linguagem (...) a técnica mais eficiente para a consecução desse fim é usar as velhas palavras, alterando-lhes, porém, o sentido (...) e as mais deturpadas são: liberdade, justiça, lei, direito e igualdade, mas a lista pode ser ampliada.

 

É preciso [também] silenciar a minoria que se mantém inclinada à crítica.

 

O provável efeito sobre a lealdade do povo ao sistema torna-se o único critério para resolver se determinada informação deve ser publicada ou não.

 

O fato mais alarmente, talvez, é que o desprezo pela liberdade intelectual (...) pode ser observado em toda parte (...) mesmo em paises que ainda se encontram sob um regime liberal.

 

Por certo não se justifica que um grupo qualquer se arrogue o direito de determinar o que se deve pensar ou crer.

 

O essencial para que a liberdade exerça a sua função de impulsionadora do progresso intelectual, não é que todos sejam capazes de pensar ou escrever, mas que toda causa ou ideia possa ser contestada.

 

Essa interação entre indivíduos dotados de conhecimentos e  opiniões diferentes é o que constitui a vida do pensamento. O desenvolvimento da razão é um processo social baseado na existência de tais diferenças.

O individualismo é, assim, uma atitude de humildade diante desse processo social e de tolerância para com as opiniões alheias, sendo a negação perfeita da arrogância intelectual implícita na ideia de que o processo social deva ser submetido a um amplo dirigismo.

 

CAPÍTULO 12 – AS RAÍZES SOCIALISTAS DO NAZISMO

 

[É a ausência de uma burguesia forte que favorece a escalada das ideias socinistas.]

 

CAPÍTULO 13 – OS TOTALITÁRIOS EM NOSSO MEIO

 

[Para o professor Carr] um realista é um homem cuja moral varia em função da política. (...). A única coisa que importa é a conveniência do momento.

 

[Para Carl Schimitt] a produção em massa da opinião pública é o corolário da produção em massa de mercadorias (...)

 

O movimento totalitário vem sendo deliberadamente planejado, sobretudo pelos organizadores capitalistas de monopólios (...)

 

Toda medida que reduz o lucro dos monopólios, seja no interesse de determinados grupos ou do estado como um todo, tende a estabelecer novos interesses que ajudarão a fortalecer o monopólio.

 

Um monopólio de estado é sempre um monopólio protegido pelo estado – protegido contra a concorrência em potencial e contra a crítica efetiva.

 

CAPÍTULO 14 – CONDIÇOES MATERIAIS E OBJETIVOS IDEAIS

 

(...) a nossa geração se mostra (...) impaciente e intolerante com qualquer restrição às suas ambições imediatas, não quer curvar-se ante as necessidades econômicas. (...) recusa a reconhecer quaisquer obstáculos, qualquer conflito com outras finalidades que possam impedir a ralização dos seus desejos.

 

Uma civilização complexa como a nossa baseia-se necessariamente no ajustamento do indivíduo a mudanças cuja causa e natureza ele não pode compreender.

 

Na ânsia de escapar às irritantes restrições que hoje experimenta, o homem não se dá conta de que as novas restrições autoritárias que lhe deverão ser deliberadamente impostas no lugar daquelas, serão ainda mais penosas.

 

Esse é o caminho não só do totalitarismo mas também da destruição da nossa civilização e um meio certo de obstar o progresso futuro.

 

(...) a supressão do desemprego. Não há dúvida alguma de que esse deve ser o alvo dos nossos ingentes esforços(...).

 

A moderna democracia entrará em colapso se houver (...) uma estagnação prolongada das condições econômicas.

 

Um movimento cuja maior promessa é isentar o indivíduo da responsabilidade não pode deixar de ser antimoral nos seus efeitos, por mais elevados que sejam os ideais que o geraram.

 

Se quisermos ser bem-sucedidos na guerra de ideologias e conquistar os indivíduos honestos dos paises inimigos, devemos em primeiro lugar recuperar a fé nos valores tradicionais que este país representada no passado e possuir a coragem moral de defender com tenacidade os ideais atacados pelos nossos inimigos.

 

CAPÍTULO 15 – AS PERSPECTIVAS DA ORDEM INTERNACIONAL

 

Lord Acton: O sistema federativo limita e restringe o poder soberano, dividindo-o e concedendo ao governo apenas certos direitos definidos. É o único meio de refrear, não só a maioria, mas o poder do povo inteiro.

 

As transações econômicas entre unidades nacionais que são ao mesmo tempo juizes supremos da própria conduta, que não se curvam ante nenhuma lei superior e cujos representantes não podem ser restringidos por qualquer consideração exceto o interesse imediato de seus respectivos países, acabarão por converter-se em choque entre nações.

 

[acabaremos] criando um mundo dividido entre muitos socialismos nacionais (...). O conflito entre planificação e liberdade não pode deixar de agravar-se à medida que diminui a semelhança de valores e de padrões entre os que são submetidos a um plano unitário. (...) Numa pequena comunidade, os padrões de valores e as opiniões sobre a importância relativa das tarefas principais serão comuns no que diz respeito a um grande número de questões.

 

Quem acredita na existência de ideais comuns de justiça distributiva e levem (...) o trabalhador holandês a pagar mais pela sua bicicleta para ajudar o mecânico de Coventry, ou o camponês da França a pagar mais impostos em apoio à industrialização da Itália?

 

(...) a transformação da luta de classes em luta entre as classes trabalhadoras dos diferentes paises não passaria de um desdobramento lógico e inevitável da doutrina socialista.

 

Não há base lógica que nos permita determinar que (...)as necessidades do pastor das montanhas eslovacas são maiores que as do seu colega esloveno.

 

Não é necessário ter grande conhecimento da natureza humana (...) para entender que (...) haverá muitos (...) a quem a ordem de precedência dada parecerá suprema injustiça.

 

A autoridade encarregada do controle da oferta  (...) seria senhora do destino de indústrias e de paises inteiros.

 

É evidente que as nações (...) nunca se submeterão ao controle inerente ao planejamento internacional. (...) Os povos (...) não tardariam a descobrir que o que tinham delegado não era uma simples tarefa técnica e sim o mais amplo controle sobre suas próprias vidas.

 

É significativo que os mais apaixonados defensores de uma nova ordem (...) revelem (...) o mais completo desdém pela individualidade e pelos direitos das pequenas nações.

 

Só onde se pode aprender e praticar a responsabilidade em assunto com que a maioria do povo esta familiarizada (...) é que o homem comum pode de fato participar dos negócios públicos, porque dizem respeito ao mundo que ele conhece.

 

Empregado com prudência, o princípio federativo de organização poderá revelar-se a melhor solução para os mais complexos programas mundiais.

 

CONCLUSÃO

 

É mais importante remover os obstáculos com que a insensatez humana obstruiu o nosso caminho e liberar a energia criadora dos indivíduos, do que inventar novos mecanismos para “guiá-los” e “dirigi-los” (...).

 

Aqueles que clamam mais alto pela nova ordem são, na realidade, os que se acham mais completamente dominados pelas ideias que provocaram esta guerra e quase todos os males de que sofremos.

 

O princípio orientador – o de que uma política de liberdade para o indivíduo é a unia política que de fato conduz ao progresso permanece tão verdadeiro hoje, como o foi no século XIX.