NETRÓPOLIS, A CIDADE INVISÍVEL

 

por Julio Moreno

 

 

Discutir o futuro das cidades, sem se preocupar com o significado e o impacto dessa “comunidade virtual” - expressão do escritor norte-americano Howard Rheingold - para os chamados assentamentos humanos, é um erro. Seria o mesmo que, no passado, ter ignorado o impacto da invenção do automóvel, por exemplo.

 

A predisposição para a vida social, foi também a natureza fundamental da expansão da simbólica Netrópolis. Estatísticas (...) revelam que a troca de mensagens é a principal razão das conexões entre as redes telemáticas, seguindo-se as transferências de documentos, as transações financeiras, os games e, em ultimo lugar, a obtenção da informação unidirecional. Em 1998, as empresas norte-americanas - já estarão gastando em transmissão de dados um valor acima do que gastarão em serviços de voz.

 

Na invisível cidade digital, o centro passa a ser o homem, o cidadão comum, na medida em que lhe basta conhecer a linguagem dos bits e dos bytes para navegar à vontade por um mundo em que pode tanto conversar on-line com outro cidadão comum, um cientista Prêmio Nobel ou até o presidente de uma Nação.

 

“Os patrocinadores do estudo dizem que a pesquisa desperta preocupação em relação a um projeto eletrônico excludente, que poderá resultar em um tipo de discriminação que é proibido por lei em setores como o bancário e o de seguros: .

 

Os meios de transportes sempre foram o componente dinâmico da cidade sem o qual ela não poderia ter se expandido em tamanho, alcance e produtividade.

 

Na comunidade virtual, o principal a se transportar são idéias, tecnologia e conhecimento.

 

A união dos mais famosos museus da Europa num projeto telemático subsidiado pela União Européia, vai permitir em breve a interligação eletrônica de imagens, videoclipes e dados de todas as obras de seus acervos.

 

“Nossos complicados rituais de mecanização não podem tomar o lugar do dialogo humano, do drama, do circulo vital de companheiros e associados, da sociedade de amigos. São essas coisas que sustentam o crescimento e a reprodução da cultura humana, e sem elas toda a complicada estrutura passa a ser sem significado - e até mesmo hostil, de maneira ativa, às finalidades da vida.” Munford

 

Hoje, só a Internet já acumula uma troca de 1 bilhão de mensagens inter-empresas  todo mês, em todo o mundo, segundo reportagem recente da Newsweek.

Graças a tais avanços, lograr-se-á uma desconcentrado da administração pública e privada, “com as vantagens de uma distribuição mais eqüitativa da população por todas as cidades, dentro de um processo lógico de hierarquização”, prognosticava já em 1982 o ex-prefeito José Carlos de Figueiredo Ferraz.

 

Acreditando que no futuro 15% das vendas a varejo se darão através da cidade invisível, 20 empresas norte-americanas - entre elas, a Apple, a Intel, a Hewlett-Packard e a Pacific Bell - estão investindo US$ 12 milhões na construção de uma rede de comercio remota chamada CommerceNet, que poderia ser definida como um megamagazine digital.

 

No Canadá, a Hearst Corporation - um dos lideres da mídia na América do Norte - associou-se a um banco, uma companhia de saneamento, uma loteria, uma empresa de venda por mala direta, a empresa de correios e uma TV a cabo, para criar a UBI (Universality Bidirectionality Interativity), apresentada como “the first home electronic highway”. A UBI vai oferecer uma gama enorme de bens e serviços a todos os lares de Quebec e região. Com uma TV interativa em casa, um controle remoto e um cartão de credito especial, qualquer um vai poder pagar suas contas automaticamente, bem como encomendar qualquer produto, jogar na loteria, enviar ou receber correspondências, tomar aulas particulares, optar pelas noticias de coisas que de fato lhe interessam e, naturalmente, escolher o filme que deseja, no momento em que deseja.

 

Wireless: transmissão de dados sem fio.

 

Mas o que será daqui 10, 20 anos, quando o PC se disseminar pelos lares e se transformar na sala de aula virtual? Nossos filhos e netos terão, certamente, uma maior liberdade e universalidade em seus conhecimentos, sem saírem de casa.

 

Importante acentuar que as variadas funções acumuladas na Netrópolis - a escola, a loja, o banco, a banca de jornal... - só terão êxito se nela, como em qualquer cidade decente, houver o respeito à individualidade das pessoas, à diversidade de culturas, enfim à personalidade de cada grupo.

 

A metrópole digital também terá suas formas de violência, seus momentos de solidão, suas neuroses, suas gangs, se é que já não as tem. Se a cidade é a imagem física da historia, a Netrópolis bem poderá ser a imagem da alma da história”.

 

E tal como a cidade de pedra, a cidade invisível nasce sabendo que um dia morrerá. Porque, o que importa de fato são as pessoas, sua linguagem, seus ritos e sua liberdade de viver - e não apenas seus remanescentes físicos ou virtuais.

 

 

 

INVASÃO DE BITS TRANSFORMA A VIDA DAS CIDADES

 

Moisés Rabinovici

 

[O mundo virtual] é o fim da ágora grega, espaço público em que se fazia a comunicação física e social, agora renascendo etéreo, eletrônico, enquanto vão se conectando computadores em rede mundial.

 

“O importante é criarmos mecanismos para entender como as novas tecnologias de informação estão afetando o contato entre os membros de uma comunicada”.

 

“Se compreendermos o que está acontecendo, e se conseguirmos conceber e explorar alternativas futuras, poderemos achar oportunidades para intervir, às vezes resistir; e para organizar, legislar e planejar”. Como sem-terra haverá sem-bits. Os privilegiados serão “ricos de informação”, plugados ao ciberespaço por largas bandas de freqüência.

 

“A imagem é de que iremos viajar, comprar, comunicar , trabalhar e até fazer amor no espaço eletrônico que está se instalando na memória de poderosos computadores, mas com o fim da comunidade de compartilhamento aberto, e com a chegada da propriedade privada, o ciberespaço reflete, cada vez mais, e simplesmente, nossas atuais cidades reais”.

 

“Fazemos nossas redes e somos por elas feitos”.

 

Esvaziam-se escritórios: 6,6 milhões de americanos já aderiam ao teletrabalho em 1993, aumentando em 20% o número de nômades on-line em 1991.

 

Não chove no ciberespaço, mas a privacidade requer um abrigo.

 

“Como o virtual e o físico devem se relacionar um com o outro”?

 

Livre da escravidão da materialidade, a versão eletrônica é uma obra aberta e coletiva. Quando wjm (o Reitor da Escola de Arquitetura do Massachusetts Institute of Technology - MIT), William J. Mitchell) fala de shopping center na Bitsphera, o leitor tem a opção de visitar um deles, clicando em hipertexto. E com as vantagens de estar sempre disponível em qualquer parte do mundo, nunca ficar emprestado com alguém, ter imunidade contra esquecimento em algum lugar, não se esgotar, permitir copias e colagens instantâneas sem erros de transcrição e conexões infinitas a dicionários, analises, referencias e até a traduções já existentes em outros idiomas. Ao leitor que quiser uma copia da versão impressa, sem imprimi-la ele próprio, só clicar na área de pedidos, dar um número de cartão de credito e o endereço para entrega.

 


A CIDADE E AMIDIA NA ERA DIGITAL

 

Leo Bogart

 

 

À medida em que nos aproximamos do século 21, parece que as cidades já não se harmonizam com a noção de civilização. (...) A proporção mundial de pessoas em áreas urbanas cresceu de 29% em 1950, para 45% hoje, e as projeções são para 65% por volta de 2025.

 

Mudou o caráter das cidades. Em algumas, como Detroit, em Michigam, a antiga zona central foi completamente abandonada pelas empresas privadas e entregue aos pobres; em outras, como Paris, guetos de imigrantes instalam-se em seus arredores.

 

As cidades não podem existir sem alguma forma de comunicação pública. Os atenienses reuniam-se na Ágora; Roma pintava suas noticias em paredes, as cidades medievais tinham seus arautos. Os jornais europeus originaram-se nas circulares das cortes e nos instrumentos de informações comerciais, e logo ampliaram sua cobertura para noticias da cidade e assuntos estrangeiros.

 

Aqueles que lêem jornais como forma de entretenimento absorvem, automaticamente, informações sobre problemas cívicos, política e controvérsias.

 

É bastante comum no caso de bens de baixo retorno, buscar, em primeiro lugar, a fixação da marca e da imagem, para depois convencer os consumidores sobre as qualidades do produto.

 

Em 1996, pela primeira vez, os anunciantes norte-americanos gastaram mais com radiodifusão e televisão a cabo do que com jornais. Tanto a oferta de publicidade quanto a atenção da audiência voltaram-se para o entretenimento, que tem uniformidade audiovisual e escala nacional, às custas dos jornais - de orientação local e centrados na informação.

 

Hoje, a grande maioria dos jornais americanos está só em seu mercado. Eles se despolitizaram como forma de evitar qualquer ofensa ao seu público.  Uma grande maioria já não publica editoriais de apoio aos candidatos a cargos oficiais. E um grande jornal, o Pioneer Press, de St. Paul, Minnesota, acabou de decidir a não mais publicar qualquer editorial.

 

Em muitos outros países caiu o índice de leitura de jornais e de revistas de informação. Nos últimos anos, com a configuração de diversos nichos de mercado para bens de consumo, os anunciantes nacionais estão cada vez mais fascinados por mídias que atinjam uma audiência altamente qualificada. Com isso, houve uma explosão de revistas segmentadas para faixas etárias ou para grupos sociais específicos.

 

A partir da Lei de Telecomunicações de 1996, as companhias telefônicas poderão, também, oferecer serviços de telefonia. Provavelmente isso irá fragmentar ainda mais a audiência.

 

À medida em que se multiplica o número de canais, a programação tende a segmentar-se conforme os gostos, o nível de instrução e a classe social, características da mídia impressa. A televisão, assim como o foi o radio anteriormente, que teve nos seus primórdios a pretensão de uma cobertura universal, está sinalizando a segmentação, restabelecendo a consciência de diferença de classes que entra em conflito com o ideal de civismo comunitário.

 

 

 

O público diferencia as estações principalmente em função de seus noticiários.

 

A TV de alta definição - realidade dentro de poucos anos - facilita a transmissão de fluxos múltiplos de dados, fazendo da interatividade uma rotina.

 

À media em que foi desaparecendo a linha divisória entre imprensa e vídeo, já não mais se separa a comunicação de massa da comunicação individual. As novas tecnologias de comunicação irão afetar as cidades, de uma forma direta, pela mudança de suas economias e pela forma com que as pessoas se ajustarão às  mudanças. Elas também serão afetadas, indiretamente, pelas  mudanças das mídias tradicionais que conectam pessoas aos locais em que vivem e vice-versa.

 

As lojas talvez percam parte de seus espaços, mas não irão desaparecer. Uma coisa é comprar as fraldas do bebe por computador, outra é comprar um carro, quando a decisão de compra não depende do volume de informações disponíveis na tela.

 

Os corretores de imóveis já se utilizam rotineiramente dos computadores para compartilhar listas de imóveis disponíveis. Mais de 6.000 imobiliárias possuem endereços na Web.

 

Entusiastas afirmam que as pessoas em rede formam uma comunidade, agregada por laços emocionais verdadeiros, podendo compartilhar alegrias e tristezas. [Bool shit!] Mas, esses contatos eletrônicos bastante anônimos são, fundamentalmente, superficiais e impessoais. Eles são reminiscências dos contatos de radioamadores iniciados há três quartos de século, quando as letras “CQ” em código Morse traziam respostas dos lugares mais distantes e exóticos.  (...) Nenhuma pessoa, em sã consciência, senta-se ao telefone discando números aleatoriamente na esperança de fazer novas amizades. Uma vez terminada a novidade, perde-se também o significado dos contatos.

 

Os computadores são bastante adequados à disponibilização de dados factuais concisos, tais como tabelas financeiras e resultados esportivos, mas eles constituem-se num meio pouco confortável para a comunicação narrativa. Os leitores gostam tanto do conteúdo e do estilo de uma matéria, quanto do seu próprio vai e vem por aquilo que estão lendo, para o que irão ler. E mais, eles querem estar sentados confortavelmente e não numa postura tensa diante do teclado.  [Bool shit!]

 

(...) os serviços noticiosos continuarão crescendo, fornecendo pacotes informativos limitados e customizados.

 

Apenas 7% (1995) da população americana está ligada, pelo telefone, a um serviço de informação eletrônica baseado em computadores, como a CompuServe, Prodigy e América OnLine. Um terço das pessoas com contas Internet não as utilizaram nos últimos três meses. Alguns serviços eletrônicos perdem e substituem de 10 a 15% de seus assinantes a cada mês.

 

Mas, as conexões estão chegando, inevitavelmente. Nos Estado Unidos, em torno de duas entre cinco residências possuem computador.

 

Com a presença de computadores em quase 50% das escolas do país e uma nova geração de crianças habilitadas em computação, a tecnologia quase não é mais uma reserva das elites. Num país onde o telefone é considerado uma necessidade de vida até para pessoas assistidas pelo governo, ainda se discute muito sobre a idéia de garantia de acesso aos serviços eletrônicos como um bem público universal.

 

 

 

 


RUMO À CIDADE EM TEMPO REAL

Desenvolvimento Urbano numa Sociedade Globalizada e Telemática

Stephen Giraham

 

“Um mundo feito de redes desafia, em muitas frentes, as categorizações tradicionais e as estruturas intelectuais. Questiona as velhas concepções de espaço e poder. Enquanto as antigas economias de mercado se formaram a partir de ordenações espaciais e temporais da vida das cidades, as economias de hoje baseiam-se numa ordenação lógica ou “virtual” da comunicação eletrônica, numa nova geografia de conexões e sistemas, de centros de processamento e controle (...) Redes de computadores, cabos e comunicações via radio governam (agora) o destino das coisas, como elas são remuneradas, e quem tem acesso a quê. As manifestações físicas de poder - paredes, fronteiras, auto-estradas e cidades - foram sobrepostas por um mundo “virtual” de sistemas de informação, bases de dados e redes. As edificações estão sendo redefinidas em função de suas posições nas redes à medida que “casas inteligentes” se juntam a escritórios eletrônicos e fabricas automatizadas.”

Geoff Julgan

 

 

Fluxos globais de voz, email, dados, vídeo fax e sons estão aumentando exponencialmente, fazendo com que as cidades fiquem cada vez mais atadas a extensas redes de comunicação humana, a fluxos de serviços e mídia, aos fluxos de força de trabalho baseados no “teletrabalho”” , e aos fluxos de dinheiro eletrônico.

 

Como a transição, pelo menos para as elites sociais, de uma vizinhança física e local, para comunidades segmentadas, sustentadas por redes eletrônicas, - como a comunidade Internet - afetará a vida social das cidades? Como serão as relações sociais de poder e os tradicionais conflitos sociais refletidos nas cidades dessa nova era das telecomunicações?

 

CIDADE:

Função: fundir tempo com espaço. Desenvolvida para facilitar as comunicações pela redução das limitações de espaço, superando as limitações de tempo.

 

TELECOMINICACOES:

Função: conquistar o espaço com o tempo. Desenvolvida para facilitar as comunicações pela redução das limitações de tempo para superar as restrições de espaço.

 

Um congestionamento de transito transforma-se, agora, na plataforma de lançamento para incontáveis conversações eletrônicas e interações através da telefonia móvel e dos computadores.

 

O mundo aparentemente sem vida de um conjunto de escritórios esconde “edifícios inteligentes” - um sistema dentro de um universo eletrônico por onde fluem, 24 horas por dia, fluxos de capitais, serviços e força de trabalho via redes corporativas telemáticas.

 

Mas, tudo isso não é um único, interconectado e gigantesco “ciberespaço”. Não sem surpresas, esse mundo sombrio de espaços eletrônicos é tão diverso e complexo quanto as paisagens e a vida das próprias cidades. Exatamente como na geografia das cidades, existem muitas segmentações, divisões e conflitos sociais quando da definição e formatação do espaço eletrônico. Poder, ou a sua falta, estão condicionados a acesso e controle, tanto sobre as áreas físicas das cidades quanto sobre os espaços eletrônicos acessíveis via redes telemáticas.  (...) estima-se que em Tóquio  existem mais telefones que em toda a África. (...) É também muito fácil para os grupos de elite da sociedade esquecer esse cenário, pois para a maior parte deste planeta, o telefone é um luxo inatingível e temas como ciberespaço, Internet e o fim das barreiras de tempo e espaço atingem níveis da mais absurda ficção cientifica.

 

Assim, as cidades estão se tornando mais fragmentadas física, econômica, social e culturalmente. (...) As pessoas têm ligações sociais mais intimas com outras que estão do outro lado do mundo, através de grupos de discussão na Internet, mas não sabem o nome de seu vizinho. Uma região de escritórios em São Paulo provavelmente negocia diariamente bilhões de dólares por dia com mercados financeiros eletrônicos em Londres, New York e Tóquio, mas não estabelece conexões com as pessoas que estão à sua volta e nas vizinhanças.

 

Atualmente o comercio mundial de serviços e informação é igual à soma do comércio de bens eletrônicos manufaturados e de automóveis.

 

A maior parte dessa informação está eletronicamente codificada, computadorizada e transmissível via telecomunicações e telemática. Na Europa, por exemplo,  50% de todos os empregos e 80% de todos os novos empregos originam-se, hoje, em serviços baseados na informação.

 

Em função dessas  mudanças econômicas, pode-se agora considerar que as grandes áreas urbanas são, fundamentalmente, “cidades de informação”, “cidades transacionais”, ou “os centros de troca de informação” da economia mundial.

 

Citando Saskia Sassen, “é exatamente por causa da dispersão territorial, facilitada pelas telecomunicações, que o agrupamento de determinadas atividades centralizadas tem sido bastante crescente”.

 

Na Grã Bretanha, por exemplo, Corporação de Londres argumenta que a liberalização das telecomunicações no Reino Unido, feita em 1981, tem contribuído diretamente para que Londres seja, contínua e competitivamente, uma das capitais globais da informação: “a inovação de produtos e a disponibilização de serviços em telecomunicações (...) está sendo dirigida para os serviços financeiros.                    

 

Em resumo, as pessoas  que estão na cúpula do poder nas corporações, e também aquelas no topo dos mercados financeiro e de serviços precisam estar “por dentro” das coisas por meios que não podem ser substituídos pela telemática. Rob Atkinson conta uma historia real sobre uma advogada de um escritório em Washington DC que foi afastada de seus colegas, “para o outro lado do prédio”. Após duas semanas, sentindo-se isolada, ela pediu para retornar para junto deles.

 

Os atuais “balcões de negociação” digitais - sistemas computadorizados de comercialização vinculados à rede de telecomunicação mundial - oferecem aos operadores conexões virtualmente instantâneas (abaixo de 100 milissegundo) com os compradores. Atualmente a Rede Digital de Serviços Integrados (RDSI) está sendo utilizada para as conexões  multimídia entre compradores e vendedores. Esse aumento de velocidade resulta numa crescente volatilidade dos mercados, num ajuste instantâneo às  mudanças das taxas de cambio, e numa circulação de fundos de investimentos em rede, jamais vista. A escala desses fluxos financeiros eletrônicos é espantosa: o valor médio do comércio de ações inter-fronteiras alcança hoje US$ 10 trilhões por dia.

 

Pelto prevê um rápido crescimento daquilo que ele denomina “imigração eletrônica” - a “importação on-line do trabalho e das habilidades (em geral femininas) de “telecolonias” mais baratas, localizadas em qualquer parte do mundo. Ele diz que a habilidade de recrutamento e importação eletrônica de serviços profissionais mais baratos nos Estado Unidos, Europa e Japão pode se transformar no tema de ponta do comercio internacional do século 21.

 

Complexas cadeias de “valor adicionado” e complexas geografias de equipamentos de computação estão sendo desenvolvidas. Os dados brutos que chegam às empresas de serviços de informação são, geralmente, coletados nas nações ocidentais, transferidos para os países em desenvolvimento para serem preparados, inseridos nos computadores das cidades ocidentais, e revendidos para os consumidores do ocidente.

 

Mais ou mento 15 a 20.000 pessoas estão atualmente, desenvolvendo softwares na India, e diversas linhas telefônicas “hot lines” para suporte aos usuários de softwares do Ocidente, têm sua base na indivíduo, onde pessoas de alta qualificação podem ser recrutadas a custos muito baixos. Um outro serviço global com base nesse pais é uma forte equipe de 60 pessoas que coordena o “catering” mundial a partir do sistema de reservas da British Airways.

 

“O mundo da tecnologia da informação é um mundo feito para poucos afortunados, talvez 20% da população; são as pessoas, hoje denominadas ‘analistas simbólicos”, que podem trabalhar com números e idéias, morando em isolados e arborizados subúrbios, cercados por altos portões e guaritas; são aquelas pessoas que ficam sentadas junto aos seus computadores portáteis e seus telefones, acessando informações por todo o mundo. E elas não se aventuram sair para o centro da cidade, não se utilizam dos transportes públicos, e quando viajam, é na parte dianteira dos vôos internacionais (...) E depois vem o resto, aqueles que não têm acesso a essas tecnologias, que não sabem como utilizá-la, e que não sabem gerar produtos através dela. E esses, moram no centro das cidades, utilizam dos transportes públicos, e passarão por tempos difíceis.” Handy.

 

Conforme o estilo de vida, cada indivíduo poderá dissociar-se do que lhe é estranho, exatamente ao mesmo tempo que poderá enfatizar sua vinculação a determinado grupo, lugar ou comunidade local. Por outro lado, as pessoas, utilizando a tecnologia da informação, poderão derrubar barreiras impostas por um dado grupo ou loca. Assim, fica mais fácil escolher as vinculações futuras de um indivíduo, sem ficar atado indefinidamente a outras. Ou seja: será mais fácil vincular-se àqueles que compartilham dos mesmos interesses, do que àqueles que compartilham a mesma localização.

 

Um recente programa de TV reportou que o acesso a redes telemáticas para compras, lazer e trabalho “parece seguro se comparado à decadência urbana. .

 

Nesse contexto, Howard Rheingold, um defensor entusiasmado das comunidades virtuais baseadas na Internet, acredita que “uma das explicações para o fenômeno (da comunidade virtual) é a necessidade de vida comunitária, crescente no interior das pessoas mundo afora, à medida em que vão desaparecendo os espaços públicos de suas vidas. Em outras palavras, cidades virtuais, com seus “cafés eletrônicos” e seus grupos de discussão interativos, são antídotos eletrônicos contra a depressiva realidade da vida urbana das classes medias. Mas, embora a natureza desregulatória e anárquica da Internet possa oferecer alento aos alienados americanos dos subúrbios, alguns críticos questionam que a Internet está se tornando tão comercial como um imenso “centro de compras eletrônico” - que espelha a tão arraigada natureza consumista da maioria dos shoppings e centros comerciais das cidades americanas. Diante disso o antídoto é apenas temporário.

 

Apesar de muitos grupos sociais encontrarem dificuldades para acessar os espaços públicos físicos, isso requer apenas uma caminhada ou uma viagem de ônibus. Mas, o acesso aos espaços públicos eletrônicos requer computador, um modem, habilidades computacionais, um telefone ou outros tipos de ligações de telecomunicações, e dinheiro para pagamento das contas telefônicas.

 

Recentemente dois sociólogos alertaram sobre os perigos de se esperar muito das cidades e comunidades virtuais. Eles argumentam que esses desenvolvimentos simplesmente oferecem “uma fantasia pela qual podemos viver uma aparente proximidade com os outros, conversar com eles e expressar nossos sentimento”, enquanto eles “ignoram a dimensão comunitária, que consideramos central nesse conceito, em especial no aspecto afetivo; e a dimensão de identidade vinculada ao “estar junto”. Esse é o “cordão emocional e afetivo” da solidariedade.” Ainda não é claro o quanto as cidades virtuais, estruturadas como espaços específicos, podem suportar o sentimento de “estar junto”. {sentimento de pertencer]