EXTRATO DE: O CREPÚSCULO DOS ÍDOLOS

OU A FILOSOFIA A GOLPES DE MARTELO

Autor: Friedrich Nietzsche

Ed. Hemus - 1789:1976/2018

 

Um excedente de força prova a força.

 

Como? O homem seria tão-somente um equivoco de Deus? Ou então seria Deus apenas um equivoco do homem?

 

Em "O problema de Sócrates":

Em todos os tempos os sábios fizeram o mesmo juízo da vida: ela não vale nada... Sempre em toda parte ouvimos sair de suas vozes a mesma palavra - uma palavra repleta de dúvida, repleta de melancolia, repleta de cansaço da vida, repleta de resistência contra a vida. Sócrates disse antes de morrer: "Viver é estar há muito enfermo (...)".

 

O dialético degrada a inteligência de seu adversário.

 

Qualquer concessão aos instintos e ao inconsciente nos rebaixa.

 

O mundo das aparências é o único real (Heráclito)

 

Toda proposição formulada pela religião ou pela moral encerra o erro de confundir o efeito com a causa.

 

Queremos que haja uma razão para que nos encontremos neste ou naquele estado, para que nos sintamos bem ou mal.

 

Reduzir uma coisa desconhecida a outra conhecida alivia, tranqüiliza e satisfaz o espírito, dando-nos ademais, um sentimento de poder. O desconhecido leva consigo o perigo, a inquietude, o cuidado.

 

Primeiro princípio: uma explicação qualquer é preferível à falta de explicação.

 

Todo o domínio da moral e da religião deve ser explicado através dessa ideia das causas imaginárias.

 

Onde quer que exijam responsabilidades, o instinto de julgar e de castigar anda, geralmente, mesclado na tarefa.

 

Nós inventamos a ideia do fim; na realidade não existe o fim... (...) [porque] não há nada fora do todo!

 

O juízo moral tem em comum com o juízo religioso o crer em realidades que não existem. A moral é tão-somente uma interpretação de certos fenômenos, porém uma falsa interpretação.

 

A moral é apenas uma linguagem de signos, uma sintomatologia, é preciso saber de antemão do que se trata para se poder tirar partido dela.

 

Em todos os tempos quis-se melhorar o homem; a rigor, isto é o que chamamos de moral.

 

A igreja corrompeu o homem, tornou-se débil e reivindica o mérito de tê-lo tornado melhor.

 

Aí se acha o grande e inquietante problema: a psicologia daqueles que querem tornar a humanidade "melhor".

 

Todos os meios pelos quais até o presente a humanidade deveria ter se tornado mais moral eram fundamentalmente imorais.

 

Os dois grandes narcóticos europeus: o álcool e o cristianismo.

 

É preciso aprender a pensar, é preciso aprender a falar e a escrever.