EXTRATO DE: CRIAÇÃO IMPERFEITA

AUTOR: MARCELO GLEISER

ED.: RECORD - 2010-09-10

 

 

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Neste livro, veremos que a crença numa teoria física que propõe uma unificação do mundo material – um código oculto da Natureza – é a versão científica da crença religiosa na unidade de todas as coisas. Podemos chamá-la de “ciência monoteísta”.

 

14

A ideia de simetria sempre foi e continua sendo uma ferramenta essencial nas ciências físicas.

 

15

Toda transformação que ocorre no mundo natural é resultado de alguma forma de desequilíbrio.

 

É o imperfeito, e não o perfeito, que deve ser celebrado.

 

16

[Até aqui, para a humanidade, ] nossa presença aqui tem que ter uma razão de ser. A alternativa seria deprimente: qual o sentido da vida se ela tiver surgido acidentamente num universo sem propósito?

 

Após 400 anos de ciência moderna, criamos um corpo de conhecimento que se estende do interior do núcleo atômico até galáxias a bilhões de anos-luz de distância.

 

17

Somos preciosos por sermos raros. Nossa solidão cósmica não deveria incitar o desespero. Pelo contrário, deveria incitar o desejo de agirmos, e o quanto antes, para proteger o que temos. A vida na Terra continuará sem nós [como já existiu sem nós].

 

 

22

Para iniciar o processo de criação, nada pode precedê-la: a Primeira Causa não pode ter uma causa; ela tem que ocorrer por si só.

 

24

[nós somos] acidentes imperfeitos da criação.

 

26

Será que a crença numa Teoria Final é uma fantasia, a encarnação cientifica do monoteísmo, a expressão intelectual do desejo de uma vida mais espiritual, uma tentativa de resgatar um Deus que a razão exorcizou?

 

40

Quando queremos acreditar um algo fica bem mais fácil nos convencer de que esse algo existe.

 

41

Quanto mais misterioso o credo, mais ardente a crença. (...) Qual o sentido da vida, se no final a morte e o esquecimento são inevitáveis?

 

45

A primeira menção que temos de uma crença monoteísta data do reino do Faraó Akenaton, que ocorreu em torno de 1350 a.C. O própro farão celebrou o monoteísmo em seu “Grande hino a Aten”:

 

Ó Deus único, que nenhum outro pode igualar!

O mundo é a Tua criação, de acordo com o Teu desejo...

 

Akenaton declarou-se [tal como Jesus, mais tarde] emissário de Deus, a única ponte entre o humano e o divino.

 

47

Tales, natural da cidade de Melto, na costa oeste da Truquia moderna, é considerado o fundador da filosofia ocidental. Viveu até por volta da época de Sócrates (469-399 a.C).

 

48

Segundo Pitágoras, a Natureza é construída a partir de princípios simétricos que traduzem a ordem fundamental que existe por trás de todas as coisas. (...) Para Platão, o único círculo perfeito é a idéia de círculo que existe na nossa imaginação. Qualquer representação concreta de um circulo será necessariamente imperfeita. Em outras palavras, o mundo real é o mundo pensado e não o mundo olhado.

 

51

Nicolau Copérnico morreu em 24 de maio de e1543.

 

A despeito dos nossos fantásticos instrumentos de medida e observação, jamais poderemos medir tudo o que existe: sempre haverá aspectos do mundo natural fora do alcance de nossos instrumentos. Portanto, nossa visão da realidade será sempre incompleta.

 

52

Uma nova cosmologia implicaria uma nova visão de mundo; uma nova visão de mundo, por sua vez, implicaria um lugar diferente para o homem no cosmo, numa nova explicação para quem somos e qual o sentido da vida. Se não somos mais o centro da Criação, somos ainda os eleitos de Deus?

 

N.A.: Copérnico não conseguiu muito mais com o seu modelo heliocêntrico: não sabia que as órbitas planetárias são elípticas e não circulares.

 

66

Construímos nossa visão de mundo com os dados que temos no momento. (...) (Para Kepler) a ordem que vislumbrou era bela demais para não ser verdadeira. (...) Sempre haverá algo que nos escapará, algo além do alcance de nossos instrumentos.

 

Acreditar numa idéia é a condição básica para tentar prová-la correta. Tal como o viajante que acredita na Terra prometida e sai pelo mundo buscando por ela, descobrindo novos lugares pelo caminho, muitas das descobertas mais importantes da ciência ocorreram durante a busca por objetivos que nunca foram atingidos.

 

67

Para nos aproximar da verdade, muitas vezes temos que abandonar nossos sonhos de perfeição.

 

73

1965 – Os astrofísicos americanos Arno Penzias e Robert Wilson publicaram os resultados surpreendentes de suas observações: prova incontroversa de que o Universo teve uma infância quente e densa,  e que vem se expandindo e resfriando desde então.

 

75

Livro: Os três primeiros minutos – Steven Weinberg – para o público leigo

 

76

Ver o Mundo num Grão de Areia

E o Firmamento numa Selvagem Flor

Segurar o Infinito na palma da mão

E a Eternidade numa hora que for.

William Blake – Poeta Inglês

 

77

1905 – Albert Einstein, afirmou que a luz – ou melhor, qualquer itpo de radiação eletromagnética, visível ou não ao olho humano – é fundamentalmente diferente dos outros tipos de onda. A luz não precisa de um meio material (como o som precisa do ar) para se propagar: ela se propaga sozinha, mesmo no espaço vazio.

 

79

Após algum tempo a comunidade científica aceitou que a luz é uma onda eletromagnética capaz de se propagar no vácuo.

 

80

Magnetismo é eletricidade em movimento.

 

Em 1831, o grande físico inglês Michael Faraday provou o oposto: campos magnéticos em movimento criam campos elétricos. Por exemplo, se você mover um imã na direção de um fio circular, observará uma corrente elétrica no fio. Se reverter a direção do movimento do imã, a corrente muda de sentido. Aqui, o camppo magnético do imã cresce ao se apoximar do fio; essa mudança na intesidade do campo magnético cria um campo elétrico no fio. Por sua vez, o campo elétrico faz com que as cargas elétricas no fio se movam, criando uma corrente. Se o imã tiver um movimento de vai e vem, criamos uma corrente alternada no dio.

Faraday descobriu a relação profunda que existe entre a eletricidade e o magnetismo: uma carga elétrica em movimento acelerado cria tanto campos elétricos quanto magnéticos.

 

N.A.: Em materiais não magnéticos, os elétrons circulam em direções aleatórias, demodo que a magnetização total, quando somada sobre todos os elétrons, é muito pequena ou nula.

 

81

Estamos cercados por ondas eletromagnéticas invisíveis. Ainda bem, pois se pudéssemos enxergar todas as ondas de rádio, usadas pelas estações de radio e pelos telefones celulares, as micro-ondas para as telecomunicações por satélite, ou a radiação infravermelha emanando de objetos quentes e de pessoaas e animais a nossa volta, a vida seria bastante caótica.

 

88

Antes de 400 mil anos [da criação], o Universo era qunte demais para que átomos existissem.

 

91

Durante milênios, nossos ancestrais criaram histórias sobre esse tempo distante. Olhavam para o mundo, viam como a Natureza operava e criavam narrativas que tentavam dar algum sentido à existência, explicar a realidade que os cercava.

 

Uma das características mais imediatas dos mitos de criação – conforme analisei em A dança do universo – é a sua enorme diversidade: deuses de povos diferentes tinham poderes diferentes, como vemos nas centenas de mitos de criação espalhados pelo mundo.

 

1609 – Galileu Galilei construiu seu telescópio e observou os céus como ninguém antes dele.

 

1687 – Newton publicou Princípios matemáticos da filosofia natural. Os Principia, como o livro é conhecido.  

 

Deístas: aqueles que acreditam que Deus e existe e que criou o mundo, mas repudiam a interferência direta de Deus nos afazeres dos homens. [Ou seja, é uma proposição da hipocrisia para conciliar Deus e Ciência.]

 

93

Início do século XIX – Pierre Simon de Laplace, matemático francês, publicou sua obra-prima, Mecânica celeste. No livro, ele oferecia uma explicação detalhada das órbitas planetárias. O modelo mecânico de Laplace era a expressão perfeita do universo-relógio, onde todos os detalhes da realidade podiam ser deduzidos de um cojunto de equações matemáticas precisas.

 

96

A incerteza é uma prppriedade da matéria, a marca do mundo quântico.

 

100

75% da matéria que existe no cosmo é composta de hidrogênio, enquanto o helio, o segundo elemento mais abundante, contribui em 24%. O resto dos elementos da Tabela Periódica, do lítio ao carbono e ao urânio, contribui com apenas 1% da material total. A química da vida é minoria absoluta!

 

1905 – Teoria Especial da Relatividade

1915 – Teoria da Relatividade Geral

 

109

Andrômeda, a nossa galáxia vizinha, dista de nós aproximadamente 2,5 milhões de anos-luz.

O sol está a 8 minutos-luz de distância.

Alfa Centauro, a estrela mais próxima, está a 4,37 anos-luz

 

1 an0-luz = 9,5 trilhoes de quilomentso, ou 63 mil vezes a distância entre o Sol e a Terra.

 

2008 – Astrônomos anunciaram a descoberta de galáxias-bebês, versões nascentes de espirais como a nossa Via Láctea, a distâncias de 12 bilhões de anos-luz.

 

Isotrópico: o mesmo em todos os lugares e em qualquer direção.

 

111

De acordo com o modelo do Big Bang, existe uma relação direta entre a expansão do universo e a quantidade de matéria contida nele. Um cosmo com muita matéria exercerá uma atração gravitacional sobre si mesmo tão forte que terá dificuldade em crescer e pode até entrar em contração. Um cosmo com pouca matéria crescerá bem mais facilmente.

 

118

Apenas interações podem regular a temperatura. (...) O tempo que passa até que a temperatura chegue ao seu valor de equilíbrio é chamado de tempo de equilíbrio. (...) O que chamamos de temperatura é simplesmente uma medida das velocidades moleculares. Por fim, após muitas colisões, a velocidade média das moléculas será a mesma. Quando essa situação é atingida, dizemos que o sistema está em equilíbrio térmico.

 

133

Um nêutron isolado decai em um próton, um elétron e um antineutrino em aproximadamente dez minutos.

 

145

O que sabemos é que a energia escura toma em torno de 73% da energia total do universo. O resto é composto de matéria escura (23%) e dos nossos humildes prótons e elétrons (4%). Sendo assim, chegamos à revelação mais chocante da cosmologia moderna, que 96% da composição material do cosmo é desconhecida! Quanto mais aprendemos, mais temos para aprender.

 

146

O Universo será sempre uma construção humana. O Universo é o que vemos dele.

 

Não existe uma unificação final a ser obtida, apenas modelos que descrevem, de forma gradualmente mais precisa, o que podemos medir do mundo. Ao aprimorarmos os nossos intrumentos e, com eles, apredendermos mais sobre o mundo, aumentamos também a nossa ignorância: quanto mais longe enxergamos, mais existe para enxergar.

 

148

O mundo só é belo porque somos nós que o olhamos.

 

155

Uma nova estética para a ciência: a Natureza cria a aprtir do desequilíbrio.

 

164

Experimentos realizados durante as décadas de 1920 e 1930 demonstraram de modo incontroverso a natureza alquímica da matéria nuclear: elementos podem transformar-se uns nos ouotros tanto espontaneamente como através de colisões com outras partículas. As transformações espontâneas são o que chamamos de decaimento radiotivo ou radioatividade, a emissão de partículas por um núcleo atômico.

 

166

Fóton + Próton <-> elétron + positron + próton

 

Vemos aqui a fluidez da matéria em toda a sua gloria: radiação sem massa (o fóton) cria partículas com massa (o elétron e o positron). A seta nas duas direções indica que o processo pode ocorrer tanto da esquerda para a direita quanto da direita para a esquerda: elétrons e positrons, ao colidir, se aniquilam em fotons de raios gama. Matéria via energia eletromagnética!

 

Nunca houve um único exemplo de uma reação entre partículas que violasse a regra da conservação de energia ou de carga elétrica.

 

169

Meia-vida de uma partícula é o tempo aproximado que uma partícula (ou núcleo) instável leva para decair.

 

172

Pense que, num grama de matéria, existem em torno de um trilhão de trilhão de átomos.

 

186

Deus começa onde a ciência termina. À medida que a ciência progride (...) Deus, para a sua humilhacao, vai sendo espremido numa lacuna cada vez menor. Os que acreditam na presença de deus no mundo estão convencidos de que a lacuna nunca se fechara por completo. Já os céticos acreditam que é apenas uma questão de tempo até que isso ocorra.

 

187

Não seria melhor admitir semplesmente que a nossa visão de mundo é uma obra permanentemente incompleta? (...) Como podemos ter certeza de que não exisirá sempre uma parte do mundo que jamais conheceremos, uma parte da realidade que permencerá inacessível aos nossos detectores não importa quano sofisticados sejam no futuro, e que, por isso, nossas teorias de unificação serão sempre incompletas? Estamos envoltos numa ignorância perene.

 

188

A ciência passa a ser uma exploração do mundo como ele é, e não como gostaríamos que fosse. Parafraseando Sócrates, quanto maior a sabedoria, mais óbvia deve ser a dimensão da nossa ignorância. Aceitar isso é olhar para o mundo como que pela primeira vez. Com os olhos alertas de uma criança curiosa.

 

A Natureza é bela por ser imperfeita. Uma natureza perfeita seria inerte, sem estruturas, exisindo apenas como uma abstração platônica, longe do mundo real.

 

205

Transição de fase: processos onde uma mudança nas condições externas leva a uma mudança qualitativa em um sistema. Por exemplo: quando a queda de temperatura (a condição externa) faz com que a agua liquida congele.

 

216

Vi que as arvores nunca se bifurcam de forma perfeita, que as nuvens não são esféricas, e que as estrelas se distribuiem no céu noturno sem qualquer padrão aparente. Entendi que a ordem que impomos na natureza é [APENAS] a ordem que tanto queremos nas nossas vidas.

 

217

(...) os que buscam a perfeição de modo geral estão cotejando a musa errrada. Não é a simetria a perfeição que deveriam estar nos guiando, como fizeram por milênios. Não precisamos buscar a mente de deus na natrueza e expressa-la através de equações. A ciência que criamos é aapenas isso, nossa criação. Mesmo que maravilhosa, será sempre limitada pelo que podemos conhecer do mundo. E como nunca poderemos conhecer tudo o que existe, nossa ciência será sempre incompleta.

224

A presença de toda uma gama de imperfeições terá um papel crucial na origem e na evolução da vida. Porem, como na cosmologia,  a maior dificuldade é a ausência de testemunhas diretas: ninguém estava presente para nos contar o que aconteceu. Temos que procurar por fosseis, por pistas capazes de iluminar o que ocorreu num passado sitante. Temos que creconstruir uma historia sabendo que é impossível fazê-lo perfeitamente: nunca saberemos exatamente o que ocorreu há 4 bilhoes de anos no nosso planeta.

 

235

Sabemos que moléculas orgânicas existem em relativa profusão no espaço sideral: dezenas de aminoácidos foram encontrados em meteoritos que caíram na Terra; cerca de 14º moléculas orgânicas foram detectadas flutuando pelo espaço interestelar, presumivelmente sintetizdas pela radiação ultravioleta produzida por estrelas jovens. Os precursores da vida estão por toda a parte.

 

Panspermia – a  hipótese de que entidades já vivas vieram dos céus.

 

242

Naquele dia, aprendi que a vida é a celebracao máxima do culto à Natureza. Aprendi também que a ciência é uma porta que leva ao coração do templo.

 

246

Como a intensidade da força da gravidade cai com o quadrado da distância, e como a Lua, no início, estava bem mais próxima da terra do que hoje, sabemos que as marés então eram muito mais fortes.

 

Durante as primeiras centenas de milhões de anos após a formação da terra da Lua, a crosta terrestre pulsava ritmicamente, elevando-se por até 60 metros a cada maré alta, enquanto os oceanos podiam subir 200 metros! Com o passar do tempo, a Lua foi se afastando e a Terra se resfriou e endureceu. Na época em que esperamos que a vida tenha se firmado de vez na Terra, entre 3,8 e 3,5 bilhoes de anos atrás, as marés alcançavam ainda metros de algura. Ilha de baixo relevo eram periodicamente submersas.

 

247

Não existe uma origem da vida, mas muitas origens da vida, todas plausíveis.

 

251

Eis a essência do cilco de criação da Natureza: qualquer transformação é induzida por alguma imperfeição.

 

255

Uma célula típica tem um diâmetro de um décimo de milésimo de metro (dez microns), equivalente a aproximadamente um décimo da espessura de um cabelo humano.

 

Nas células procariotas, as células primitivas, o material genético, o DNA usado na reprodução, aparece enrolado em torno de si mesmo sem uma membrana separando-o do resto da célula. Nas células euraiotas, que são mais sofisticadas, o material genético aparece no interio de um nucelo isolado do resto da célula. Este é o cado das células que constituem o nosso organismo.

 

262

(...) não existe uma força vital escondida misteriosamente no ar. A vida vem da vida.

 

285

Cada criatura tem o seu código genético, ou genótipo, que detalha a expressão molecular das suas características físicas, ou fenótipo. Podemos imaginar que seja uma receita para construir uma criatura viva em detalhe. Durante a reprodução, esta serie de instruções “constroi” a prole através de interações moleculares extremamente complexas.

 

A duplicação das primeiras formas de vida era provavelmente muito imprecisa. Presumivelmente, cada reprodução produzia um mutante. Com o passar do tempo, a vida persistiu e o aparato reprodutor evoluiu.

 

287

Podemos visualizar a molécula de DNA como um zíper, com seus dois lados ligados por dentes. Existem apenas quatro tipos de dentes, as bases nucléicas, e estas têm um pareamento específico: a adenina (A) se junta apenas com a timina (T); enquanto a guanina (G) se junta apenas com a citosina (C). Portanto, se um lado do zíper tem a sequencia A-C-A-T-G, do outro lado a sequência tem que ser T-G-T-A-C.

 

288

Devemos nossa existência a imperfeições no processo de reprodução genética.

 

295

“Toda filosofia baseia-se em apenas duas coisas: curiosidade e visão limitada... O problema é que queremos saber mais do que podemos ver.” Bernard lê Bovier de Fontenelle.

 

[Todo crente entrega sua vida a Deus e reza pela sua saúde, mas por via das dúvidas, pede ao médico a receita de um antibiótico.]

 

300

Como vários exemplos na hist da ciência nos mostram, o que hoje pode parecer sobrenatural ou fantasioso amanhã pode ser explicado racionalmente.

 

Nossa existência não precisa ser produto de algum plano para fazer sentido.

 

304

A criatividade da Natureza se expressa através da diversidade, e não da unidade por trás de tudo.

 

307

O que a ciência pode fazer para dissipar nossos medos existenciais.

 

308

A ciência é um método de conhecimento, de descobrir significados. Nossa curiosidade sobre o mundo é alimentada pelo mesmo senso de veneração que inspira a fé dos santos e os feitos dos sábios,  o que Einstein chamou de “sentimento religioso cósmico”. Queremos – e acreditamos que podemos – saber sempre mais. (...) Estou, sim, tirando a “mente de Deus” da ciência. Não precisamos de um propósito divino para justificar a nossa busca pelo conhecimento.

 

(...) nossas expectativas de perfeição são apenas projeções de nossos preconceitos.

 

312

O segredo da beleza talvez esteja na quebra sutil da simetria perfeita do rosto.

 

315

(...) não existe qualquer evidência de que o nosso Universo seja “certo” para a vida. Ao contrário, a evidência que temos aponta na direção oposta, para a raridade da vida, que existe apesar da indiferença e da hostilidade cósmica.

 

316

Um dia, uma pessoa entra numa biblioteca. Essa pessoa só sabe ler e escrever em português. Examinando as estantes, se empolga ao descobrir que todos os livros sejam em português. “Não é incrível que todos os livros nesta biblioteca sejam em português?

 

317

Pense nos bilhões, provavelmente trilhões, de planetas mortos, sem qualquer indício de vida, e isso contando apenas a nossa galáxia.

 

318

O crescimento desenfreado da população mundial e das suas necessidades está causando a rápida devastação da vida e dos recursos naturais da Terra. Temos uma missão épica pela frente. Aqui sim somos uma espécie “eleita”. Não por sermos miticamente conectados com o Universo, mas por sermos irreversivelmente conectados com o nosso planeta, o único abrigo da vida que conhecemos na escuridão fria do cosmo.

 

322

Após 500 milhões de anos de evolução de seres multicelulares, incluindo várias extinções em massa e mudanças climáticas severas, os primeiros membros do gênero Homo surgiram na África em torno de 4 milhões de anos atrás. A inteligência como a conhecemos hoje surgiu há menos de um milhão de anos, estando presente por nem mesmo 0,02% da história da Terra.

 

Número de estrelas na Via Láctea: entre 200 e 400 bilhoes.

 

Uma viagem até nossa estrela vizinha, Alfa Centauro, demoraria cerca de 100 mil anos nas nossas espaçonaves atuais. Se viajássemos a 10% da velocidade da luz, levaria 45 anos.

 

337

(...) devemos aceitar o quanto antes nossa solidão cósmica.

 

Somos únicos e importantes porque estamos vivos e temos consciência de nossa existência.

 

343

Ainda temos a oportunidade de mudar o rumo das coisas e de salvar o prcioso mundo onde crescemos. Mesmo que possam existir dúvidas sobre a severidade da tempestade que se aproxima, não há duvida de que virá. As primeiras gotas já podem ser sentidas.