EXTRATO DE: CRICK, WATSON E O DNA

De: Paul Strathern

Jorge Zahar Editor Ltda. - 1997

 

NA INTRODUÇÃO

“Estamos adquirindo um conhecimento perigoso, sem uma ideia clara de como o deveríamos usar. Até agora, mal começamos a enfrentar os problemas morais suscitados pela física nuclear (que pode nos destruir). A biologia molecular está nos mostrando como transformar a vida em quase nada.”

 

Nada mais fora de base do que estas afirmações. Esquece o autor toda a evolução do conhecimento que, por sua ótica, sempre foi perigosa e ameaçadora. Por sua ótica, toda evolução do conhecimento sempre foi uma evolução que poderia nos destruir. E quanto à biologia molecular transformar a vida em quase nada vou considerar apenas que foi um momento infeliz do autor.

 

“A estrutura do DNA é diabolicamente complexa, espantosamente bela, e contém as sementes da tragédia.”

 

O autor é muito louco. Numa só frase ele diz que o diabólico (!!!) é belo e trágico. O DNA é tão somente o rótulo para o que se descobriu (até aqui) sobre como os seres vivos são formados. E, na maioria absoluta destes seres, nada há de diabólico ou de trágico, e o belo fica por conta da percepção de cada um.

 

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Com a invenção do microscópio no início do século XVII pelo inventor holandês Zacharias Jansen, a biologia começou a se tornar uma ciência.

 

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Durante séculos havia sido amplamente aceito que a hereditariedade era transmitida pelo “sangue”. (...) Como podiam os mesmos pais produzir proles diferentes a partir do mesmo sangue?

 

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(...) na reprodução de cavalos de corrida puro-sangue, era sabido que manchas reapareciam depois de um intervalo de dúzias de gerações. (...) Mais de um século antes do nascimento da genética, qualquer treinador de Newmarket estava de posse de material suficiente para fundar essa ciência.

 

Em meados do século XVIII, os cientistas haviam finalmente começado a especular aolongo de linhas que eram óbvias para qualquer criador de cavalos de corrida. A idéia da evolução começou a circular. Um dos primeiros a desenvolve-la foi o filosofo-poeta-cientista do século XVIII Erasmus Darwin (avô de Charles Dawin).

 

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O naturalista francês Jean Lamarck produziu a primeira teoria coerente da evolução no final do século XVIII.

 

Segundo Lamarck, “características adquiridas são hereditárias”.  (...) A falha da teoria das “características adquiridas” é demonstrada por um wxemplo mais extremo: mesmo após serem cegados ao nascer durante gerações para trabalhar em minas de carvão, pôneis de mina continuavam não nascendo cegos.

 

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Gregor Mendel, considerado o pai da genética, nasceu em 1822. (...) Foi ele que descobriu  que se plantas altas eram cruzadas com plantas baixas, o resultado eram plantas altas. Mas quando esses híbridos de primeira geração eram cruzados entre si, produziam 75% de plantas altas e 25% de baixas, o que o levou a concluir que cada característica era determinada por dois “fatores”,  cada um fornecido por uma das plantas genitoras. (...) Isto explicava a distribuição 75%:25% de plantas altas e plantas baixas após o segundo cruzamento.

 

Mendel descobriu outras coisas. Primeiro, as plantas herdavam uma igual quqantidade de “fatores (ou genes) de cada um dos pais. Além disso, pares de genes distintos sempre voltavam a se emparelhar de novo independentemente um do outro.  Segundo, que filhos dos mesmos pais não exibem as mesmas características porque o emparelhamento independente dos genes produz uma variedade de combinações.

 

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A publicação de “A origem das espécies” em 1859, introduziu a idéia da “sobrevivência dos mais aptos”. As espécies evoluíam por seleção natural.

 

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Francis Galton, primo de Darwin, sepultou o mito da teoria do sangue com uma série de experimentos. Ele fez transfusão de sangue de coelhos brancos para coelhos pretos, o que não resultou em qualquer modificação posteriormente na progênie dos coelhos.

 

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O embriologista Edouard van Bendeden descobriu que há um numero constante de cromossomos por célula, o qual varia segundo a espécie.

Mas se os núcleos do esperma e os núcleos do óvulo continyham ambos igual quantidade de cromossomos, e ambos forneciam igual quantidade deles, a quantidade de cromossomos devia duplicar durante a fertilização. Beneden verificou que isso não acontecia. De fato, o numero de cromossomos permanecia constante, mantendo-se o numero característico da espécie. Benden deu a esse processo, pelo qual o numero de cromossomos se reduz à metade nas células germinais (formadas pelo óvulo e o esperma), o nome de meiose, da plavra grega para “diminuição”.  Mais tarde Flemming verificou que, em vez de se fundir diretamente, os grupos de cromossomos se partiam ao comprido em duas metades iguais, Estas se espalhavam pela célula, e depois se fundiam umas com as outras.

 

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No início do século XX, Thomas Hunt Morgan, fez experimentos com cruzamentos das moscas-da-fruta (Drosophila). Tendo um ciclo de vida de apenas 14 dias, essas moscas permitem um rápido trabalho estatístico.

 

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Um trabalho estatístico adicional mostrou que o arranjo dos caracteres da Drosophla não seguia as leis de Mendel. Ele podia ser explicado pela divisão e recombinação dos cromossomos que Flemming já havia obsrvado. A divisão permitia que alguns genes no mesmo cromossomo se redistribuíssem enquanto outros permaneciam ligados. Isso significava que genes separados um dod outro por uma distancia maior no cromossomo estavam mais sujeitos a formar novas parcerias. E quanto maior fosse a freqüência de rearranjos, mais distantes entre si estariam os genes. Morgan compreendeu que era possível mapear genes.

 

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Um aluno de Morgan descobriu que, quando eram irradiadas com raios X, as moscas produzim mutações numa taxa 150 vezes maior que a normal. Os raios X produziam também mutações que não ocorriam na natureza. Estranhos híbridos com asas deformadas e órgãos seuais malformados começaram a aparecer. (...) uma mutação parecia ser o resultado de uma reação química.

 

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As 4 bases do DNA

 

A = adenina

C = citosina

G = guanina

T = Timina

 

O químico Erwin Chargaff descobriu que:

A + G = C + T e que A = T e G = C

 

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“O que é a vida? Do físico austríaco Erwin Schrödinger, um dos fundadores da mecânica quântica.

 

Francis Crick nasceu em Northampton em 1916

James Dewey Watson, nasceu em Chicago em 1928

 

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Por mais potente que um microscópio seja, ele só pode ver ogjetos maiores que o comprimento de onda da luz. Os raios X são uma forma de radiação eletromagnética que tem um comprimento de onda de 3.000 a 10.000 vezes mais curto que o da luz (que é ele próprio de 1/10.000 ou 10-4 centímetros.

 

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Após uma série de reajustes frenéticos, e uma pequena calibragem final, o modelo estava concluído. No dia 7 de março de 1953, exatamente cinco semanas depois que tinham começado a constui-lo, Crick e Watson exibiram orgulhosamente seu modelo para os colegas do Cavendish. (...) Uns pesquisadores de Cambridge haviam descoberto o segredo da vida.

 

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Uma especulação de Enrico Fermi:

 

Nossa galáxia contém 1011 (isto é, 100 bilhões) de estrelas, e há pelo menos 1010 galáxias. Nos 1010 anos desde que o universo começou, muitas destas devem ter desenvolvido, eras atrás, formas de vida extremamente inteligentes capazes de viagens espaciais. A Terra é particularmente favorável a tais criaturas.  “Eles já deviam ter chegado aqui a esta altura; nesse caso, onde estão?”

 

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J. B. S. Haldane disse que “Deus devia gostar de besouros” pois há mais de 300 mil espécies deles, todas elas verdadeiramente diferenciadas, em contrapartida só há 10 mil espécies de aves.

 

Se a homossexualidade for resultado de um padrão genético herdado, e se este puder ser alterado para resultar em heterossexualidade, sso deveria ser feito?

 

Os verbetes das enciclopédias cientificas incluem hoje: amplificação de genes, banco de genes, clonagem de genes, expressão de genes, impresssao de genes, mutação de genes, fundo de genes, sonda de genes, sequenciamente de genes, emenda de genes, rastreamento de genes, terapia genética, código genético, engenharia genética, datiloscopia genética, mapeamento genético....

 

Quando o Projeto Genoma Humanao foi montado na década de 1980, estimava-se que só se completaria por volta de 2050. Em 2000 ele foi concluído.

 

 Só conhecemos a função dos 2% do genoma humano que contêm genes. O propósito dos outros 98% permanece desconhecido.