EXTRATO DE: OS Estados Unidos E SUA NOVA ORDEM MUNDIAL

UM DEBATE ENTRE ALEXANDRE DUGIN E OLAVO DE CARVALHO

Ed. VIDE EDITORIAL: (2011/2020/2023)

 

Da apresentação de Dugin feita pelo editor/organizador do debate Giuliano Moraes.

Alexandre Dugin, russo, filho de oficial da KGB, se diz dissidente do regime comunista, líder do Movimento Eurasiano Internacional, militante da “super-ideologia” do nacional-bolchevismo [caracterizado pelo objetivismo, negação do indivíduo e afirmação da Ideia impessoal suprema], hoje é visto como um dos principais “mentores” de Putin.

 

Sociedade aberta: aquela que representa o triunfo do individualismo e do subjetivismo.

A via da mão esquerda é simultaneamente a via do revolucionário e a vida do sofrimento, e também é, segundo Dugin, a verdadeira via da gnose [conhecimento]. (...) Para aquele que segue essa via, toda a realidade é percebida como um inferno, como um exilio ontológico, “uma tortura...”, ao passo que na via oposta, ou seja, a via da mão direita, a realidade parece ser “boa” e “adequada”.

[Para Dugin] o mundo moderno não passa da produção da degeneração causada pelo abandono das tradições espirituais.

Civilização telurocrática: civilização alicerçada no domínio terrestre.

Civilização talassocrática: civilização alicerçada no domínio dos mares.

O eurasianismo é uma visão do mundo, um projeto geopolítico (...) mas [também] consiste em um projeto de defesa dos interesses russo, visando a “salvação” da Rússia (...).

Dugin acredita que num passado remoto houve uma civilização gloriosa que vivia no extremo norte do planeta (...) os hiperborianos (...) que teriam uma estreita relação com os russos, particularmente com os eslavos, os quais descenderiam de forma mais ou menos direta daqueles povos, guardando com eles uma afinidade espiritual e étnica. [É impressionante a cara de pau dos Demônios...]

[Para Dugin, na interpretação do editor] a Nova Ordem Mundial [NOM] é um projeto messiânico e escatológico [relacionado com a doutrina das coisas que podem acontecer no final dos tempos; apocalíptico]

Para Limonov [*], [Dugin] “é um homem paradoxal que pode sustentar dez pontos de vista ou mais ao mesmo tempo”. Ai contrário do que pareceria à primeira vista, trata-se de um elogio de LImonov à habilidade de Dugin ao conciliar, de maneira aparentemente impossível, tendencias das mais diversas origens num sistema origina, incompreensível a quem se limite aos aspectos mais externos de sua obra.

[*]  foi um importante escritor, poeta, jornalista, político russo e ex-presidente do Partido Bolchevique Nacional, atualmente banido na Rússia,

Da apresentação de Olavo feita pelo outro editor/organizador do debate Ricardo Almeida.

Olavo de Carvalho nasceu em 1947, foi filósofo, escritor e professor, tendo publicado mais de 20 livros. Um dos maiores pensadores brasileiros, defensor da interioridade humana contra a tirania da autoridade coletiva.

Olavo de Carvalho caracteriza-se por desenvolver uma filosofia da consciência, a qual reforça o primado da consciência individual contra doutrinas que tencionam suprimi-la.

Nenhuma filosofia jamais pode alcançar a expressão exata da verdade.

Para Olavo, a intuição é o modo de conhecimento da realidade.

Os 4 patamares da inquirição filosófica: certo, provável, verossímil e possível.

Com a mobilidade socioeconômica da qual se desfruta no novo sistema [capitalismo], faz-se possível amealhar grandes fortunas privadas por força da atividade econômica capitalista. Entretanto, as flutuações do mercado sujeitam as grandes fortunas aos caprichos da mão invisível de Adam Smith. A mão invisível, portanto, precisa ser devidamente amarrada. O metacapitalismo surge quando as condições históricas possibilitam exercer uma ação sobre o curso do mundo capaz de conter as flutuações do mercado, de modo duradouro.

Estados são máquinas administrativas ocupadas, provisoriamente, por certos grupos de burocratas e políticos de carreira que compõem os governos.

 

A TRANSIÇÃO GLOBAL E SEUS INIMIGOS – ALEXANDRE DUGIN

 

No fim da Guerra Fria a cooperação global entre os Estados Unidos e a União Soviética foi considerada próxima e muito provável.

Somente o fato da transição em direção a um novo paradigma é certo; o paradigma em si mesmo é deveras incerto.

Ainda mais obscura, é a versão extrema dos promotores da globalização acelerada. Essa versão poderia efetivamente demolir os estados nacionais vigentes, mas, em alguns casos, o que ocorrerá? Será somente a abertura do caminho para forças muito mais arcaicas, locais, religiosas ou étnicas. Portanto, uma sociedade aberta em escala global é uma perspectiva tão fantástica que é muito mais fácil imaginar o caos completo e a guerra generalizada de todos contra todos.

[Em uma Ordem Mundial, existirão países, Estados, povos, culturas que perderiam tudo e não ganhariam nada com a irrealização da estratégia. Norte-americano. Esses atores são múltiplos e heterogêneos e poderíamos agrupar Los em diferentes categorias. A primeira categoria é composta por estados nacionais, mais ou menos bem sucedidos e que não se contentam em delegar sua Independência a uma autoridade supranacional, exterior, nem na forma de uma hegemonia norte-americana aberta, nem na forma de um governo mundial centralizado no ocidente, nem na dissolução caótica.  (...) Entre os membros desse grupo de estados nacionais, há 4 tipos de atores:

1. Aqueles que tentam adaptar suas sociedades aos padrões ocidentais e manter relações amigáveis com o ocidente e com os Estados Unidos, mas no sentido de evitar a perda direta de soberania: Índia, Turquia, Brasil e, até certo ponto, a Rússia e o Cazaquistão;

2. Aqueles que estão dispostos a cooperar com os Estados Unidos sob a condição de não interferência em seus assuntos internos: Arábia Saudita, Paquistão. Etc.

3. Aqueles que, ainda que cooperando com os Estados Unidos, observam estritamente as particularidades de suas sociedades realizando um filtro permanente do que é e do que não é compatível na cultura ocidental com a sua própria cultura, ao mesmo tempo em que em que tentam usar os dividendos recebidos nessa cooperação para fortalecer a Independência nacional: Como a China.

4. E a aqueles que tentam oferecer oposição direta aos Estados Unidos, rejeitando valores ocidentais, a unipolaridade e a hegemonia Americana: irã., Venezuela, e Coreia do Norte.

Todos agem por si mesmos e em seus próprios interesses, de forma que a diferença consiste somente no nível de radicalismo, na rejeição da americanização. (...) A nova ordem mundial, no fim das contas, não fornece nenhum tipo de visão de futuro.

Os Estados Nacionais carecem de visão e os movimentos carecem de infraestrutura suficiente para colocar suas ideias em prática.

 

TRÊS PROJETOS DE PODER GOLOBAL EM DISPUTA – OLAVO DE CARVALHO

[Ideólogos são sempre servos do Príncipe. Inspirado em Olavo.]

 

Nenhum partido político, movimento de massas, instituição governamental, igreja ou seita religiosa, me tem na conta de seu mentor, de modo que posso opinar à vontade e mudar de opinião quantas vezes bem me pareça sem que isto tenha consequências práticas devastadoras para além da minha modesta esfera de existência pessoal.

As forças históricas que hoje disputam o poder no mundo articulam-se em 3 projetos de dominação global que vou denominar provisoriamente “russo-chinês”  (privilegia o ponto de vista geopolítico e militar), ocidental (ponto de vista econômico) e Islâmico (a disputa de religiões).

Não é exagero dizer. Que o mundo de hoje é o objeto de uma disputa entre militares. Banqueiros e pregadores.

A elite globalista da Rússia e da China são os governos desses 2 países. Já a elite globalista do ocidente, não representa nenhum interesse nacional e não se identifica com nenhum estado ou governo em particular, embora domine muitos deles.

A heterogeneidade e assimetria dos 3 blocos reflete-se na imagem que fazem uns dos outros, tal como transparece nos seus discursos de propaganda - um sistema de erros, do qual se depreende a forte sugestão de que os destinos do mundo estão nas mãos de loucos delirantes.

Desde a década de 30, o governo Stalin desencadeou uma gigantesca operação destinada, nas palavras do seu executor principal, Willi Müzenberg, a “corromper o ocidente de tal modo que ele vai acabar fedendo”.

O globalismo só é “liberal” no sentido local que o termo tem nos Estados Unidos como sinônimo de esquerdista. O projeto globalista é herdeiro direto e continuador do socialismo Fabiano, tradicional aliado dos comunistas.

A Rússia não é de maneira alguma a “fortaleza da espiritualidade e da tradição” incumbida por mandato celeste de castigar os pecados do ocidente materialista e imoral.

Seria ótimo se cada país aprendesse a curar seus próprios males antes de se fazer de salvador da humanidade. A Rússia, de Alexandre Dugin, parece ter tirado de seus crimes e fracassos a lição oposta.

 

O OCIDENTE CONTRA O RESTO – ALEXANDRE DUGIN

 

A base metafísica do ocidente é o individualismo.

O individualismo ocidental confronta o holismo russo (eurasiano).

Mais do que isso? Eu sugeriria a aliança entre o “militarismo russo-chinês” e a “Irmandade Muçulmana” na luta comum para derrocada da Ordem Mundial Americana e para encerrar a globalização e o “modo de vida americano”. [Eles ignoram, porque não têm explicação, o fato extraordinariamente evidente de que cidadãos do mundo inteiro desejam e tentam migrar para os Estados Unidos e o inverso raramente ocorre.] (...) Portanto, a luta [desses dois] contra o Ocidente, os Estados Unidos e a globalização é um caso justo e bom, que deveria ser apoiado por todos os cidadãos do mundo.

 

A NATUREZA DESTE DEBATE E MINHA POSIÇÃO PESSOAL – OLAVO DE CARVALHO

 

O discurso do agente político visa a produzir certas ações que favoreçam a sua vitória, o do observador científico, a obter uma visão clara do que está em jogo.

Matando em poucas décadas um total aproximado de 140 milhões de pessoas, mais do que todas as guerras, epidemias e catástrofes naturais de toda ordem haviam matado pelo menos desde o inicio da Era Cristã, russos e chineses já provaram ter um grau de truculência, de maldade, de desrespeito pela vida humana, que transcende as possibilidades do mais odiento homem-bomba islâmico ou do mais frio e maquiavélico banqueiro ocidental.

Dugin emprega todos os instrumentos usuais da propaganda política: a simplificação maniqueísta, a rotulação infamante, as insinuações pérfidas, a indignação fingida do culpado que se faz de santo e, last not least, a construção do grande mito soreliano – ou profecia autorrealizável -, que, simulando descrever a realidade, ergue no ar um símbolo aglutinador na esperança de que, pela ad3esao da plateia em massa, o falso venha a se tornar verdadeiro. [simplificação maniqueísta]

Nem preciso mencionar a alegria obscena com que o governo Lula cedeu até mesmo pares do território brasileiro à administração internacional, conta a vontade expressa da população local.

O consorcio atua por meio de uma multiplicidade de organizações subsidiarias espalhadas pelo mundo todo, como, por exemplo, o CFR (...) permitindo-lhe comandar inumeráveis processos políticos, econômicos, culturais e militares sem poder jamais ser responsabilizado diretamente pelos resultados (...).

 

O consorcio é uma entidade caracteristicamente supranacional, formada de famílias de nacionalidades diversas, independente e soberana em face de qualquer interesse nacional possível e imaginável.

Toda a biografia existente sobre o Consórcio atesta que o objetivo dele é a instauração de uma ditadura socialista mundial. Pessoas que desconhecem essa bibliografia (...) encontram uma dificuldade.

O burguês não detém o controle dos meios de produção por ter “direito legal” a eles, mas por ter a seu serviço todo um aparato de repressão, intimidação, marginalização e até liquidação física de quem ponha a sua propriedade em risco, real ou hipoteticamente.

(...) a revolução socialista não pode destruir somente a propriedade privada: tem de negar e destruir a ordem legal inteira. (...) Tem de admitir ostensivamente que (...) se trata do poder nu e cru da força revolucionária. No socialismo, não há ordem legal acima do poder do partido.

 

(...) a sociedade Fabiana, a encarnação máxima da “via pacífica para o socialismo” no Ocidente, recebia instruções diretamente do governo soviético, (...)

[Hoje não da mais para tomar o poder apenas por via insurrecional, agora há que fazer] revoluções dirigidas pelo próprio Estado, por via administrativa, legal, fiscal e policial.

Em 1922, Mises explicou que, eliminado o livre mercado, todos os preços teriam de ser determinados pelo Estado. Mas, de um lado, o número de produtos em circulação a qualquer momento era grande demais para que um órgão estatal pudesses calcular seus preços antecipadamente. De outro lado, para controlar os preços o go precisaria também ter o conhecimento antecipado de todos os recursos financeiros à disposição do público em cada momento. (...) Até o fim, todas as economias comunistas do mundo tiveram de suportar um capitalismo clandestino que acabou por se revelar uma condição sine qua non da sobrevivência do regime.

O socialismo tornou-se a mera aliança entre o governo e o grande capital, num processo de centralização do poder econômico que favorece a ambos os sócios e não arrisca jamais desembocar na completa estatização dos meios de produção.

Os metacapitalistas (...) já não podem continuar se submetendo às flutuações do mercado.

Nesse novo mundo [dos neo-aristocrátas, o socialismo dos grão-senhores e dos engenheiros sociais a seu serviço], a liberdade econômica indispensável ao funcionamento do sistema é preservada na estrita medida necessária para que ele possa subsidiar a extinção da liberdade nos domínios politico, social, moral, educacional, cultural e religioso.

 

[Os aliados dos neo-aristocratas] é a tecnologia, que, de um lado, aprimora os instrumentos de controle social a ponto de poder determinar até a conduta privada dos cidadãos sem que estes possam nem mesmo perceber que são manipulados e, de outro, insufla criatividade no livre mercado de modo que este possa continuar crescendo mesmo sob o controle estatal mais opressivo.

(...) a grande mídia e os organismos internacionais – dois braços do Consórcio – opuseram tanta resistência à investigação judicial dos delitos soviéticos, que, de todos os países egressos do comunismo, só um, o Camboja, conseguiu instalar um tribunal para o julgamento dos crimes do regime comunista e mesmo assim o fez com atraso formidável, graças ao boicote promovido pela ONU contra o empreendimento.

[As 3 principais forças de resistência à Nova Ordem Mundial:] as comunidades cristãs, a nação judaica, e o nacionalismo conservador americano. (...) A luta delas não é pelo poder mundial: é pela sobrevivência pura e simples. (...) as 3 estão marcadas para morrer [eu diria, aniquilada].

O movimento eurasista é genuíno, mas nasce daquela neurose típica do pobre orgulhoso, que ante a ajuda recebida, sente antes inveja e rancor do que gratidão e, em vez de retribuir generosidade com amizade, só pensa em destruir o benfeitor, tomar o seu lugar e depois contar a história às avessas, fazendo-se de vítima em vez de beneficiário.

Non sequitur: assertiva sem nenhuma referência lógica ao que foi dito anteriormente.

O “individualismo” sugere, de um lado, o egoísmo, a indiferença ao próximo, a concentração de cada um na busca de seus interesses exclusivos; de lado, sugere o dever de respeitar a integridade e a liberdade  de cada indivíduo, o que automaticamente proíbe que o usemos como mero instrumento e coloca portanto limites à consecução de nossos propósitos.

O coletivismo, como política da solidariedade geral, só se realiza mediante a dissolução das vontades individuais nua hierarquia de comando que culmina na pessoa do guia iluminado, do líder, do imperador, do Führer, do pai dos povos.

(...) Stalin deleitando-se de prazer sádico em condenar à morte seus amigos mais íntimos sob a alegação de crimes que não haviam cometido, Mao Tsé-Tung abusando sexualmente de centenas de meninas camponesas que prometera defender contra a lubricidade dos proprietários de terras, mostram que o poder político acumulado nas mãos de indivíduos não aumentou de um só miligrama o seu poder de controle sobre si mesmos, apenas colocou à sua disposição meios de impor seus caprichos individuais à massa de súditos desindividualizados. A solidariedade coletiva culmina no império do “Indivíduo Absoluto”.

O absoluto coletivismo é o triunfo do egoísmo absoluto.

Os americanos são o povo que mais contribui para obras de caridade no mundo.

Os Estados Unidos são o único país do mundo onde as contribuições populares para obras de caridade superam o total da ajuda governamental.

Entre os 12 povos que mais doam em contribuições voluntárias (...) as solidaríssimas Rússia e China nem entram na lista dos contribuintes.

A defesa de Dugin do “holismo” contra o “individualismo” culmina na apologia aberta e França do regime ditatorial como modelo para o mundo inteiro.

(...) o número de vítimas somadas de todas as ações violentas em que o governo americano esteve envolvido de 1900 a 1987 é de 1,6 milhão de pessoas (isso inclui duas guerras mundiais, com Hiroshima e Nagasaki de quebra, mais a guerra do Vietnã e todas as intervenções militares no exterior). A URSS, num período menos de 1917 a 1987, matou 61 milhões de pessoas, e a China, de 1949 a 1987 apenas, matou 76 milhões.

[Os Demônios, os verdadeiros inimigos da espécie humana.]

A história compõe-se de dois tipos de processos: controlados e não-controlados. Só os primeiros são ações históricas e têm um agente determinado. Os segundos têm sujeitos múltiplos, não seguem um rumo predeterminado e ninguém pode alegar ser o autor dos resultados que produzem.

Todas as transformações no cenário histórico resultam de ações humanas, mas essas ações se mesclam, se obstaculizam, se neutralizam e se modificam mutuamente, de modo que ninguém controla o processo.

A durabilidade no tempo é a marca da ação histórica.

Uma expressão como “história do Brasil” ou “história da Rússia” é apenas uma metonímia, que denomina como sujeito da ação a mera área geográfica onde a ação se desenrolou (...) [E tal ação] é o simples resultado impremeditado de milhares de ações e reações heterogêneas e inconexas.

[Um exemplo de ação inconexa foi o 7/set/23, uma ação histórica que, para ser compreendida,] é preciso reconstituir as várias ações inconexas e averiguar como vieram a produzir um resultado que ninguém podia controlar [nem mesmo esperar, neste exemplo].

Os processos incontrolados também resultam, ao menos em parte, de ações deliberadas, porém parciais, que se mesclam e se modificam umas às outras sem um controle geral.

As unidades geopolíticas nascem da iniciativa dos agentes históricos e só parecem agir por si próprias porque os agentes genuínos, além de discretos por natureza, atuam num ritmo de fundo, mais lento do que a própria formação e dissolução das unidades geopolíticas.

 

O OCIDENTE E SEU DUPLO – ALEXANDRE DUGIN

 

A vontade de poder permeia a natureza humana até suas profundezas. [Em termos. Como sentimento necessário para a sobrevivência, sim, mas como instrumento para opressão de semelhantes, está presente em uma parcela mínima dos seres humanos.]

Você é livre para escolher, mas não é livre para não escolher. [!!!! Rídicula a afirmação de Dugin, pois não escolher é obviamente uma escolha. Não fazer/escolher/optar/..., o que quer que seja, é uma das alternativas que se nos apresenta sempre. Dugin usa tal oposição como argumento político, não de natureza humana.]

[Dugin não esconde seu desejo opressor:] É verdade que “recrutar solados para a luta contra o Ocidente e a instauração do Império Eurasiano Universal” é minha meta.

[O desejo egoísta:] Nós dois [se referindo a Olavo] queremos fazer nosso mundo melhor e não pior. [Há controvérsias.]

Pragma: ação, energia

On: ser

Diferentes culturas não sabem o que a “realidade” significa. (...) Antes de falar em “realidade” precisamos estudar cuidadosamente uma determinada cultura, civilização, ethnos e linguagem. (...) [devemos ser] muito cuidadosos com palavras que têm um significado completo e evidente somente num contexto concreto.

[O viés impositivo de Dugin atinge o ridículo quando ele diz:] É óbvio que as sociedades orientais modernas têm muitos aspectos negativos. Mas eles são em sua maioria resultados da modernização, ocidentalização e perversão das tradições ancestrais. (...) Para retornar à tradição, precisamos levar a cabo a revolta contra o mundo moderno e contra o Ocidente moderno, uma revolta que seja absoluta – espiritual (tradicionalista) e social (socialista).

 

Eu não tento agradar ou convencer alguém. Eu estou interessado somente na verdade.[!!!!!]

Os melhores representantes do Ocidente, do Ocidente profundo e nobre deveriam ficar com o resto (ou seja, conosco, eurasianos) e não contra o resto.

 

CONTRA O BOLCHEVISMO DE DIREITA (OU O TRADICIONALISMO DE ESQUERDA) – OLAVO DE CARVAHO

 

Uma única palavra falsa requer muitas para ser desmentida.

Delírio de interpretação: um remanejamento mórbido dos dados da situação.

Ou todos somos indivíduos livres e responsáveis, e neste caso as culpas têm de ser avaliadas indivíduo a indivíduo, ou então, a coletividade cuja alma se projeta e se condensa num Stalin ou no tzar é culpada dos atos de Stalin e do tzar.

O professor Dugin prega abertamente a destruição do catolicismo pela força por meios militares e policiais (...).

Para Dugin “todo pensamento humano é motivado e orientado politicamente”, [o que é] uma afirmação baseada na mera confusão entre conceito e figura de linguagem. Todos os atos humanos “podem”, em tese e idealmente ter alguma relação milhões próxima ou mais remota com a política, mas nem todos podem ser “politicamente orientados e motivados” no mesmo grau e no mesmo sentido. (...) Portanto, tal afirmação não é um conceito. É uma figura de linguagem, uma hipérbole. [Discordo dos dois. A motivação política não existe no homem primitivo, ela só irá ser exigida a posteriori, quando a política for o leme da civilização.]

Para Olavo, afirmações do tipo “tudo é física”, “tudo são átomos” [tudo é percepção!]  (...) e “todo pensamento humano é motivado e orientado politicamente” são ao mesmo tempo irrefutáveis e vazias. Não podem ser contestadas porque não diem nada.

Por que deveria a escolha fundamental ser de ordem geopolítica e não, por exemplo, moral ou religiosa? Por que deveriam os bons e os maus estar distribuídos em fronteiras geográficas separadas, em vez de espalhar-se um pouco por toda parte, sem qualquer uniformidade nacional ou racial?

(...) o que está em jogo hoje é a luta mortal entre o globalismo inteiro (...) e valores espirituais e civilizacionais milenares que serão necessariamente destruídos no curso da luta pela dominação global, pouco importando quem saia “vencedor”.

A obrigação de tomar posição não pode ser absoluta. É relativa por definição. (...) Os professores universitários projetam sobre o auditório o conflito que se agita nas suas almas, e só os mais presunçosos dentre eles proclamam que é o conflito essencial do mundo, ante o qual ninguém tem o direito de permanecer neutro. [Se quem decide os destinos da civilização são os que detêm o poder, que obrigação, ou mesmo valor, têm os que lhes deve obediência e servidão!!?]

O apelo à “vontade de poder” (...) volta à cena sempre que alguém deseja dissuadir-nos de buscar uma solução racional para os conflitos humanos e convidar-nos a participar de um morticínio redentor.

Política não é mero confronto de ideologias. É disputa do poder por grupos humanos bem concretos e definidos. O Professor Dugin não será cínico o bastante para negar que o grupo atualmente no poder na Rússia pessoa o mesmo que dominava o país no tempo do comunismo. Substancialmente é a KGB. (...) antes havia um agente da polícia secreta para cada quatrocentos cidadãos, hoje há um para cada duzentos (...).

Para Marx, ideologia é apenas um “vestido de ideias” a encobrir um esquema de poder.

“Genocídio” é a liquidação sistemática de uma comunidade étnica, política ou religiosa. “Democídio” é o extermínio de populações civis pela iniciativa de seus próprios governos.

[Um dos resultados da aplicação das técnicas comunistas é a de] desnortear a plateia para impedi-la de enxergar a realidade nua e crua.

(...) aquela pressa indecente da juventude (...)

Aristóteles: “Uma dedução é erística quando parte de opiniões que parecem ser de aceitação geral, quando na verdade não o são”.

Se o estoque de palavras limitasse o estoque de percepções e ideias, cada cidadãos poderia perceber as coisas cujos nomes já conhecesse de antemão, e os bebes seriam incapazes de usar chupetas corretamente antes de saber pronunciar a palavra “chupeta”.

Ludwig Wittgenstein diz que praticamente nada conhecemos da realidade, que tudo o que fazermos é passar de um “jogo de linguagem” a outro “jogo de linguagem”, sem muito ou nenhum controle do que fazemos.

[Um exemplo da hipocrisia esquerdista:] Quem pode negar que a “liberação sexual, um dos pontos fortes do esquerdismo moderno, desperta uma ânsia de satisfações eróticas que eleva o individualismo egoísta às suas ultimas consequências?

A mera observação do contraste grotesco entre a alegada debilidade da vítima e o tamanho do arsenal que se mobiliza para domá-la já basta para mostrar que há algo de errado com todas as filosofias do determinante apriorístico isto é, com toda a linhagem dos filhos legítimos e bastardos de Immanuel Kant.

Na verdade, não vejo nenhum holismo, nenhum senso de solidariedade comunitária numa sociedade onde as pessoas se dedicam mais que em qualquer outro lugar do mundo, com exceção da China a matar seus compatriotas.

Segundo dados da revista polonesa Fronda, 80.000 russos morrem assassinados por ano, 10.000 abortos são praticados a cada dia. A população diminui a olhos vistos. E embora 7.000.000 de casais não tenham filhos, a quantidade de adoções é tão irrisória que hoje há mais órfãos na Rússia do que ao término da Segunda Guerra Mundial.

(...) A difusão dos fatos produz novos fatos; de que, portanto, o controle do fluxo de informações é absolutamente essencial a qualquer grupo ou entidade que planeja ações históricas de longo prazo.

Na conduta da elite Em todos os países. Controles estatais, draconianos para dentro. Liberdade de mercado para fora. (...) Com toda a evidência, a Liberdade de comércio Internacional. É apenas um momento dialético do processo de instauração do controle estatal mundial.

Com a maior ingenuidade, o professor Dugin [Ingenuidade!!!???] põem assim a mostra um dos traços mais feios do seu pensamento: a adoração do poder. Enquanto tal, o culto dos vitoriosos, a idolatria da força, muito acima da verdade e do bem. Cada vez mais o cristianismo do professor Dugin me parece uma fachada publicitária a encobrir uma religião bem diferente.

O Barão Rothschild, por exemplo é dono do le Monde, o jornal mais esquerdista e antiisraelense da grande mídia europeia, assim como a família judia, sucesso

Sulzberger é dona do diário americano que mais mente contra Israel. O senhor George Soros, Judeu que ajudou os nazistas a tomar as propriedades de outros judeus, financia tudo quanto é movimento antiamericano e antiisraelense do mundo.

A “salvação pela destruição” é um dos chavões mais constantes do discurso revolucionário. A revolução francesa prometeu salvar a França pela destruição do antigo regime: trouxe-a de queda em queda até a condição de potência de segunda classe. A revolução mexicana prometeu salvar o México pela destruição da igreja católica: transformou-o num fornecedor de drogas para o mundo e de miseráveis para assistência social Americana.

A mentalidade revolucionária, com suas promessas auto adiáveis, tão prontas a se transformar nas suas contrárias com a cara mais inocente do mundo, é o maior flagelo que já se abateu sobre a humanidade. Suas vítimas, de 1789 até hoje, não estão abaixo de 300.000.000 de pessoas, mais que todas as epidemias, catástrofes naturais e guerras entre nações mataram desde o início dos tempos.

Dugin é um revolucionário como outro qualquer. Apenas imensamente mais pretensioso.

 

CONCLUSÕES

 

CONTRA O MUNDO PÓS-MODERNO – ALEXANDRE DUGIN

[O delírio de Dugin:] Quando há somente uma instância aquele decide quem está certo, quem está errado e quem deveria ser punido, temos um tipo de ditadura global. Estou convencido de que isso não é aceitável. Portanto, deveríamos lutar contra isso. Se alguém nos priva e nossa liberdade, temos que reagir. E fá-lo-emos. O Império Americano deveria ser destruído. E será, em algum momento.

[Dugin “constata” que “os valores americanos pretendem ser universais” e em outro momento diz que sua luta é por um globalismo eurasiano e, para piorar, diz defender a soberania nacional e a espiritualidade tradicional!!!??? Bota na camisa-de-força e interna!]

 

ALEXANDRE DUGIN E A GUERRA DOS CONTINENTES – OLAVO DE CARVALHO

 

O professor Dugin não é um sonhador, um poeta macabro a criar hecatombes imaginárias num porão escuro infestado de ratos. É o mentor do governo Putin e o cérebro por trás da política externa russa. Suas ideias desde há muito, já deixaram de ser meras especulações. Uma de suas encarnações materiais é a organização de cooperação de Shangai, que reúne Rússia, China, Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão e Uzbequistão e pretende ser o centro de uma reestruturação do poder militar mundial. Outra é o eixo Paris-Berlim-Moscou, há anos a menina dos olhos da diplomacia russa.

Se a missão do intelectual, em tempos obscuros, é dar nome aos bois, exorcizar as palavras ocas e trocar os slogans estupefacientes por uma representação exata do estado de coisas, os “eurasianos” falham miseravelmente em cumprir seu dever. Só o que podem alegar como atenuante é que os estrategistas dos 2 outros blocos globalizantes também se notabilizam menos pelo realismo do que pela capacidade prodigiosa de encobrir o mundo sob a imagem projetiva de seus respectivos interesses