EXTRATO DE: A LÓGICA DO MERCADO DE AÇÕES

AUTOR: JOHN R. NOFSINGER

ED. FUNDAMENTO – 2010

 

 

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Um aspecto adicional da prospect theory é que as pessoas se separam cada investimento para monitorar os ganhos e as perdas e reexaminar as posições periodicamente. Essas contas separadas são chamadas de contabilidade mental. Essa análise individual de cada investimento – em vez da abordagem de portfólio – limita a capacidade do investidor de minimizar riscos e maximizar retornos.

 

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(...) pessoas tendem a achar que são melhores do que realmente são.

 

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As pessoas podem ter excesso de confiança. Os psicólogos chegaram à conclusão de que o excesso de confiança faz com que elas superestimem seus conhecimentos, subestimem os riscos e exagerem um pouco a sua capacidade de controlar os eventos.

 

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Há provas de que, quando se pede a alguém para apostar em “cara ou cora”, a maioria aposta um valor maior se a moeda ainda não foi lançada. Se a moeda já foi lançada, mas o resultado não revelado, as pessoas apostam valores menores. Agem como se seu envolvimento, de alguma maneira, afetasse o resultado.

 

Quando perguntaram quanto esperavam ganhar com seu portfólio, a resposta foi, em média, 11,7%. Em geral, os investidores sempre esperam retornos acima da média.

 

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Investidores superconfiantes compram e vendem excessivamente.

 

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Os retornos líquidos, isto é, após os custos de corretagem, são muito mais baixos pra o grupo de investidores de alta rotatividade. O retorno líquido para o grupo de rotatividade mais baixa é, em média, 18,5% ao ano, contra 11,4% para o grupo mais ativo.

 

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A avalanche de informações não capacita as pessoas tanto quanto elas pensam, simplesmente por tão terem embasamento para interpretá-las.

 

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As ações com ótimo desempenho no mês anterior foram recomendadas para compra. No mês seguinte, essas ações tiveram um desempenho abaixo do mercado de mais de 19%. Já as recomendações de compra com péssimo desempenho no mês anterior (estratégia de valor) superaram a média do mercado em amais de 15% no mês seguinte. No todo, as ações recomendadas para compra não tiveram desempenho significantemente diferente do que o mercado em geral.

 

Um número anormalmente grande de publicações está associado a um volume mais alto de transações. Tais estudos concluíram que as recomendações desses sites de ações, em geral, não contêm informações de valor.

 

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Adquire-se excesso de confiança com as experiências de sucesso. Se tomamos a decisão certa, atribuímos o resultado à capacidade e ao talento. Se, por outro lado, tomamos a decisão errada, acreditamos que foi por falta de sorte.

 

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A tendência de usar corretoras on-line está deixando os investidores com um excesso de confiança jamais visto.

 

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As pessoas evitam atitudes que geram arrependimento e buscam as que causam satisfação.

 

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Vários estudos comprovam que os investidores se comportam de uma maneira mais coerente com o efeito da disposição, ou seja, vendem as ganhadoras. Tais estudos geralmente classificam-se em duas categorias: os que pesquisam o mercado de ações e os que pesquisam as transações dos investidores.

 

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Considerando-se o comportamento implícito pelo efeito da disposição: quem compra uma ação que sobre rapidamente está mais propenso a vendê-la logo. No entanto, quem compra uma ação que cai, ou se mantém constante, tende a mante-la na esperança de que suba.

 

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Na média, os investidores têm 50% a mais de probabilidade de vender uma ação que dá lucro do que uma ação que dá prejuízo.

 

Observou-se que, quando ocorre um alto retorno positivo na semana anterior, aumenta significativamente a propensão do investidor para vender a ação. É interressante notar que isso se aplica a qualquer nível de sofisticação dos investidores, sejam eles pessoas físicas ou grupos de investidores institucionais.

 

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Os investidores tendem a vender as ações que dão altos retornos e a manter as que dão retornos baixos.

 

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O prazer de ter lucros e a dor de ter prejuízos são poderosos motivadores do comportamento humano.

 

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As pessoas agem ou deixam de agir de modo a evitar o arrependimento e buscar a satisfação, o que faz investidores venderem suas ações em posições ganhadoras prematuramente e manterem por tempo demasiado as perdedoras.

 

48

Há uma tendência de se usar um resultado passado como fator para a avaliação de uma decisão atual arriscada. Ou seja, as pessoas dispõem-se a assumir riscos maiores após um ganho e riscos menores após uma perda.

 

50

Não é freqüente uma cobra picar as pessoas, mas, quando isso acontece, as vitimas passam a tomar mais cuidado. Da mesmo forma, quem teve o azar de perder dinhieor passa a acreditar que continuará sem sorte. Por conseguinte, evita assumir riscos.

 

A necessidade de “sair-empatado” parece ser ainda mais forte do que o efeito “picada-de-cobra”.

 

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A dor de se “desfazer” de algo é aquilo que realmente mais afeta a decisão das pessoas.

 

Preferência pelo status quo – quanto mais complicada fica uma decisão a ser tomada, mais provável é que a pessoa opte por não fazer nada.

 

55

As percepções imprecisas de experiências passadas podem levar a decisões não acertadas.

 

56

Quanto mais tempo tiver transcorrido após experimentos ruins, manos dolorosos estes lhes parecerão ter sido.

 

58

Antes de apostar, os jogadores se sentem mais inseguros quanto às suas chances; depois de terem feito a aposta, suas opiniões mudam para serem consistentes com a decisão tomada.

 

59

É difícil superar o desempenho do mercado. A mioria dos fundos de ações nos EUS não consegue superar, consistentemente, o Índice Standard & Poor’s 500 (S&P 500).

 

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Resumindo: a pessoa compra na alta; se o preço das ações cai, ela sente a “picada de cobra” e quer cair fora. Por isso, vende na baixa.

 

62

A memória humana é mais uma recordação de emoções e sentimentos do que uma recordação de fatos.

 

65

Uma situação bastante comum: as pessoas têm dinheiro aplicado em contas de poupança que rendem muito pouco, no entanto tomam empréstimos com altas taxas de juros, perdendo dinheiro.

 

73

Quando os investidores resolvem vender uma ação que traz prejuízo, tendem a agrupar mais de uma venda no mesmo dia. [para minimizar a dor]

 

A limitação da contabilidade mental poderia explicar, também por que a maioria das pessoas não investe no mercado de ações, mesmo sabendo que a média de retorno desse mercado é alta.

 

78

Em geral, os investidores se comportam como se estivessem escolhenco que eu comer em um bufê: “Isto parece bom... Acho que vou pegar um pouco disto... Talvez um pouco mais daquilo... Disseram que este é bom...”

 

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Boas empresas são as que geram fortes resultados, têm alto crescimento no faturamento e são bem administradas. Bons investimento são as ações cujo preço sobe mais que o das outras.

 

93

Uma outra medida muito usada para avaliar ações glamorosos e com potencial de valorização é a relação ou índice preço/lucro. As empresas com altos índices de preço sobre lcuro são mais atrativas do que as com baixo índices.

 

94

Não empresa boa que tenha um bom desempenho para sempre, assim como não há empresa ruim que tenha um mau desempendo para sempre.

 

Quem investe em fundos de investimento também comete o erro de extrapolação. Os fundos listados nas revistas e jornais com o mais alto desempendo recente são os que recebem uma enxurrada de investidores. Tais pessoas vivem à caça dos fundos vendedores. Na verdade esse tipo de investiemnto é tão popular que tem um nome especifico: investimento de momentum, ou seja, aquele impulso que leva o investidor a acompanhar o fluxo do mercado.

 

95

Em resumo, os investidores consideram que os resultados operacionais passados de uma empresa e o desempenho anterior das ações são representativos das expectativas futuras. Infelizment, as empresas tendem a reverte à média a longo prazo, ou seja, as empresas em rápido crescimento reduzem suas taxas de cresciemnto à medida que aumenta a concorrência. E, em contrapartida, os investidores descobrem, muito desapontados, que as ações não tiveram o desempenho esperado.

 

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A inclinação de investir no que lhes é familiar faz as pessoas investirem muito mais em seu próprio pais do que sugerem as idéias tradicionais de diversificação. Os investidores seguem a “influencia da vizinhança” porque as emrpesas de seu próprio pais lhes são mais conhecidas do que as estrangeiras.

 

99

Os investidores que vivem na Geórgia detêm 16% da Coca-Cola, sendo que a maioria deles é de Atlanta. A Conc-Cola vnede seus produtos no mundo todo, mas os mais familiarizados com a emrpesa são os que detêm um portcentual mior de seu capital acionário.

 

Os gestores profissionais de recursos também investem no conhecido. Muito embora tenham acesso a várias fontes de informação e ferramentas de análise, os investidores profissionais americanos direcionam suas carteiras para as emrpesa regionais.

 

101

Não há empresa alguma que, por si só, seja mais segura do que um portfólio totalmente diversificado, como no caso do mercado de ações em geral. É óbvio, portanto, que a familiaridade claramente distorce a percepção de risco da spessoas.

 

106

Em 1989, somente 31,6% das famílias americanas possuíam ações – basicamente, investimentos no mercado acionário, fundos de investimento ou planos de previdência. Em 1995, essa taxa de participação já estava em 40,4%. Em 1998, 48,9% das famílias investiam em acoes de alguma maneira.

 

107

Será que o grupo social afeta o seu patrimônio? Ao que tudo indica, a resposta é sim. As pessoas de um mesmo grupo tendem a desenvolver os mesmos gostos e interesses e a ter um estilo de vida semelhante.

 

109

A imprensa especializada tem alegado com freqüência que entre 60% a 67% dos clubes de investimento superam o mercado. Se for verdade, esse numero é impressionante, pois a maioria dos fundos de investimento dificilmente consegue superar o mercado.

 

[Mas pesquisa....] Se você fosse o tesoureiro de um fundo, em que situação responderia a uma pesquisa? É bem mais provável que respondesse se os retornos de seu clube fossem altos e que não respondesse se fossem baixos. O viés psicológico que nos leva a buscar a satisfação e evitar o arrependimento sugere esse comportamento. Com efeito, apenas 5% a 10% dos clubes se dão ao trabalho de responder à pesquisa. Muito provavelmente são os clubes que tiveram altos retornos, portanto os resultados da pesquisa representariam, na melhor das hipóteses, os clubes de maior sucesso, não sendo representativos dos clubes de investimentos como um todo.

 

Durante um período analisado, as 500 empresas que compõem o índice S&P 500 obtiveram, em média, 18% de retorno a.a. Os clubes tiveram, em média, um retorno bruto de 17%. Tirando as despesas, foi de apenas 14,1%.

 

115

Quando se torna público o que os outros pensam sobre determinadas ações, começa a se formar um consenso social e, à medida que as pessoas agem baseadas nesse consenso, vai-se desenvolvendo o “efeito manada”. Nesse caso, o comportgamento dos investidores não difere do comportamento dos antílopes. Esses animais se agrupam para se proteger dos predadores. Sua manda está parada e, de um minuto para o outro, dispara num galope. Um antílope está sempre com todos os sentidos ligados para perceber os movimentos dos companheiros. Dessa forma, n"ao será deixado para trás.

 

O sentimento de arrependimento por escolher uma ação em posição perdedora é menor quando se sabe que muitos outros estão no mesmo barco – “dores compartilhadas, dores alividadas”.

 

No final de 1999, quando a média histórica do índice P/L do mercado estava em torno de 15, não havia justificativa para o índice da Yahoo! Estar em 1.300 e o da eBay em 3.300. Muitos analistas concluíram que eram necessárias novas medidas de avaliação para essa nova revolução na economia.

 

118

Quando a balança diz que você aumento 15 quilos, a culpa é claramente da balança, que parou de funcionar. Quem “vai na onda” da manda baseia seus investimentos na fé e não em uma análise abalizada.

 

120

Os psicólogos e economistas que analisaram o papel da emoção na tomada de decisões constataram que sentimentos e emocoews totalmente desvinculados do assunto podem afetar as decisões. O termo desvinculado, nesse caso, significa que as emoções não têm relação com as decisões a serem tomadas. Por exemplo, pode-se estar de bom humor porque o sol está brilhando ou porque seu time acabou de ganhar, e esse sentimento bom pode, em seguida, influenciar uma decisão de investimentos.

(...) quanto mais complexa e incerta a situação, mais as emoções influenciam a decisão.

 

121

Quem está de bom humor vê o mundo diferente do que quem não está.

 

122

(...) ou seja, em geral as pessoas se deixam influenciar indevidamente por seu humor ao tomar uma decisão financeira.

 

 128

(...) uma vez imbuídos de otimismo, os investidores tendem a “dar um desconto” ou mesmo a ignorar notícias negativas. (...) Ao minimizar a importância da notícia, os investidores deixam de toar a melhor decisão.

 

O preço de uma ação normalmente é determinado pelos investidores otimistas.

 

132

Quanto mais as coisas mudam, mais as pessoas continuam iguais. As bolhas de mercado não são fenômeno recente, muito menos novidade.

 

135

Três anos consecutivos de prejuízos frequentemente fazem com que os investidores com horizontes de trina anos se transformem em investidores com horizontes de três anos; eles só pensam em cair fora.

 

139

Parece que psicologicamente é mais fácil economizar quando se recebe uma “bolada” do que quando os rendimentos entram de maneira regular.

 

145

Tão importante quanto ter metas específicas de investimento é relacionar por escrito os critérios de investimento. Antes de comprar uma ação, compare os critérios da empresa que as emitiu com os seus próprios. Se a ação não atender a seus critérios, não invista.

 

146

Diversifique tendo vários tipos de ações.

Invista também em renda fixa.

Verifique suas ações uma vez por mês.

Faça suas transações somente uma vez por mês, sempre no mesmo dia.

Analise seu portfólio anualmente, para ver se está consoante com seus objetivos específicos.

Evite ações vendidas a menos de US$5. A maioria das trapaças nos investimentos é feita com essas ações de preço irrisório.

Evite salas de bate-papo, elas só servem para estimular seu excesso de confiança.

Lembre-se que você jamais sabe mais do que o mercado.

Conheça a si mesmo. Os investidores “instruídos no mercado” costumam falhar por permitir que seus viesses psicológicos controlem suas decisões.

 

 

GLOSSÁRIO

BUY-AND-HOLD – comprar e manter ações/títulos.

 

Moment estrategy – estratégia de seguir o mercado.

 

Vesting period – período de aquisição de direitos

 

Dissonância cognitiva – contradição entre o que a pessoa pensa de si mesmo e uma atitude tomada.

 

Tax swap – compensação do imposto de renda