EEXTRATO DE: MENTES PERIGOSAS - O PSICOPATA MORA AO LADO

Autora: Ana Beatriz Barbosa Silva

Editora Principium - 2014

 

A natureza dos psicopatas é devastadora, assustadora e, aos poucos, a ciência começa a se aprofundar e a compreender aquilo que contradiz a própria natureza humana.

 

A consciência é algo que sentimos. Ela existe, antes de tudo, no campo da afeição ou dos afetos. Mais do que uma função comportamental ou intelectual, a consciência pode ser definida como uma emoção.

 

[Os crimes] nos deixam tão perplexos que a nossa tendência inicial é buscar explicações no mínimo razoáveis. E então especulamos: "Ele parecia tão bom... o que aconteceu?", "Será que ele não regula muito bem, estava drogado ou perturbado?", "Será que foi maltratado na infância?". E, mergulhados em tantas perguntas, incorremos no erro de justificar e até "entender" as ações criminosas dos psicopatas.

 

Afinal, seduzir e atacar uma "presa" é seu [do psicopata] objetivo maior e, tal qual o escorpião da fábula [do escorpião e o sapo] ilustrada na introdução do livro, essa é a sua natureza!

 

Os psicopatas representam a minoria da população mundial, porem são responsáveis por um grande rastro de destruição.

 

Acreditar que todos somos um pouco sombrios é mais fácil do que admitir a ideia real e perturbadora de que alguns seres  humanos vivem permanentemente em uma insensibilidade moral absoluta.

 

Se realmente quisermos fazer algo para reduzir o poder de destruição das pessoas impiedosas, temos, antes de tudo, que aprender a identificá-las. Decidir se alguém é digno de confiança requer conhecê-lo muito bem por determinado período de tempo alem de tentar obter o maior número possível de informações sobre sua vida pregressa.

 

A piedade, a compaixão e a solidariedade são forças para o bem quando direcionadas às pessoas que de fato merecem e precisam de tais sentimentos.

 

Robert Hare, psicólogo canadense que dedicou anos de sua vida profissional reunindo características comuns de pessoas com perfil psicopático, até conseguir montar, em 1991, um sofisticado questionário denominado escala de Hare e que hoje se constitui no método mais confiável na identificação de psicopatas.

 

Alguns psicopatas mais experientes (...) admitem alguns deslizes que cometeram de fato apenas para que as pessoas de bem se confundam e pensem da seguinte maneira: "Sejamos razoáveis: se fulano está admitindo seus erros é bem provável que ele esteja falando a verdade sobre as demais historias".

 

Antes de tudo, a psicopata se traduz numa maneira de ser, existir e perceber o mundo.

 

(...) o papela de liderança em cargos como diretor, gerente, supervisor ou executivo é sempre algo muito atraente para um psicopata.

 

Segundo Hare, o número de psicopata burocratas ou de "colarinho-branco" é significativo em cargos de liderança e chefias. Ele os denominou "cobras de terno".

 

Na fase de confrontação, os psicopatas "de terno e gravata" abandonam as pessoas que haviam cortejado anteriormente e que não são mais úteis à sua ascensão profissional.

 

Na ânsia de crescerem muito no menor espaço de tempo, muitas empresas acabam adoecendo também e perdem seus alicerces. Assim, tendem a incorporar em seus quadros de funcionários pessoas que combinam com suas adoecidas estruturas.

 

Entretanto, empresas que adotam uma estrutura administrativa baseada em confiança e responsabilidade mútuas também podem se deparar com problemas semelhantes, uma vez que não adotam uma vigilância rígida sobre seus funcionários.

 

Nas empresas deve-se atentar para os seguintes itens:

 

 

A política propicia o exercício do poder de forma quase ilimitada.

 

No Brasil (...) a impunidade funciona como uma doença crônica e deriva de um somatório que inclui um sistema policial deficitário, um aparelho judiciário emperrado e um código processual retrógrado.

 

"A coisa chegou a tal ponto que a palavra 'polítivca' passou a designar precisamente esse jogo amoral no qual a igualdade é sempre ultrapassada por pessoas que, desdenhando das leis, passam a controlá-las em vez de zelar por elas. Ou um ritual no qual os criminosos são acusados, mas, quando são importantes, livram-se da pena porque têm comprovadas relações pessoais e partidárias com os donos do poder." Roberto DaMatta (sociólogo)

 

(...) a presença de psicopatas em casos depedofilia (...) Para realizarem essa perversidade, os psicopatas se camuflam em profissões que permitam aproximar-se de crianças.

 

Ao ser detido, Chipkevitch [acusado de abuso sexual de jovens seus pacientes] agiu de forma indiferente e, sem nenhum constrangimento, admitiu ser ele o médico que aparecia nas fitas. Conseguiu até, de forma afável e tranquila, oferecer cafezinho os policias que vasculharam seu apartamento em busca de provas.

 

Os psicopatas não têm arrependimento. São pessoas de natureza deformada.

 

Sobre Suzane Richthofen, disse um psiquiatra forense: "Ela tem alguma coisa de ruim dentro dela, uma perversidade, uma anormalidade de personalidade. A maldade está arraigada na alma dela."

 

Os psicopatas não são necessariamente assassinos. Em geral, eles estão  envolvidos em transgressões sociais, como trafico de drogas, corrupção, roubos, assaltos à mão armada, estelionatos, fraudes no sistema financeiro, agressões físicas, violência no transito etc.

 

Segundo Hare, a prevalência de psicopata na população carcerária gira em torno de 20%.

 

Entre os homens que agrediram mulheres, estudos mostraram que 25% deles eram psicopatas.

 

Uma boa maneira de prever o que uma pessoa poderá fazer no futuro é saber o que ela fez no passado.

 

Estudos revelam que a taxa de reincidência criminal (a capacidade de cometer novos crimes) dos psicopatas é cerca de duas vezes maior que a dos demais criminosos. E quando se trata de crimes associados à violência, a reincidência cresce para três vezes mais.

 

PCL - teste para ajudar no diagnóstico.

 

Em junho de 1974, Francisco recebeu liberdade condicional por bom comportamento. (...) No dia 15 de outubro de 1976, Francisco matou Ângela de Souza da Silva com requintes de crueldade e sadismo mais sofisticados que em seu crime anterior.

 

Reconhecer que a maldade existe de fato [em uma criança] é uma realidade com a qual não gostamos de lidar.

 

[Qual é a idade em que um jovem passa a responder inteiramente por seus atos?] A resposta é diferente entre os países. Vai de 6 anos (Estados Unidos), 7 anos (Austrália e Suíça) a 18 anos (Brasil, Colômbia e Luxemburgo).

 

O diagnóstico de psicopata só pode ser feito após os 18 anos do paciente. Até lá é identificado com tendo "transtorno de conduta".

 

A meu ver, mais importante que fixar a maioridade penal para dezesseis, quinze ou catorze anos, é avaliar a personalidade do infrator, a sua capacidade de entendimento dos seus atos, os seus sentimentos e, especialmente, a gravidade do crime cometido.

 

Os estudos mais recentes sobre o comportamento humano, revelam que as noções básicas de retidão comportamental e justiça dependem muito menos do aprendizado social do que os psicólogos supunham no início do século passado. (...) Tudo indica que as instruções necessárias na produção de um cérebro capacitado para distinguir o certo do errado já vêm com certificado de fábrica, ou seja, elas estão no DBA de cada um de nós.

 

Livro: Eu, priata - de Frans de Wall

 

RMf - Ressonância Magnética frontal - retrato detalhado das estruturas cerebrais.

 

A cultura à qual somos expostos em determinada sociedade também nos influencia em diversos aspectos de nossa personalidade. [!!!???]

 

Como não existe guerra moral, sempre haverá uma liderança habilidosa em manipular mentalmente as diferenças culturais de forma a colocar uns contra os outros. (...) Todas as guerras são assim: injustificáveis. O que ocorre de fato é a sórdida manipulação moral por parte de uma pequena minoria humana.

 

Só podemos ter senso moral quando manifestamos um mínimo de afeto em relação às pessoas e às coisas ao nosso redor. (...) No meu entender, a origem da psicopata está na incapacidade que essas criaturas têm de sentir, e não de agir de forma correta.

 

Quando o ambiente não é capaz de fazer frente a tal bagagem genética (...) o resultado será um indivíduo psicopata sem nenhum limite.

 

Com raras exceções, as terapias biológicas (medicamentos) e as psicoterapias em geral se mostram, até o presente momento, ineficazes para a psicopata.

 

Não é possível tratar um sofrimento inexistente.

 

Quando em grau leve e detectada ainda precocemente, a psicopatia pode, em alguns casos, ser modulada por meio de uma educação mais rigorosa.

 

Estudos também demonstram que, em alguns casos, a psicoterapia pode até agravar o problema.

 

Não resta dúvida de que a educação, a estrutura familiar e o ambiente social influenciam na formação da personalidade de um indivíduo e na maneira como ele se relaciona com o mundo. No entanto, esses fatores por si sós não são capazes de transformar ninguém em um psicopata. [!!!]

 

Na família, as posturas que devem ser assumidas são as seguintes:

 

A psicopata pode se tornar menos evidente à medida que o indivíduo envelhece - particularmente, a partir dos quarenta anos de idade. [!!!]

 

DICAS GERAIS PARA LIDAR COM PSICOPATAS

 

  1. saiba com quem você está lidando.
  2. as aparências enganam
  3. não se esqueça de considerar a voz da sua intuição.
  4. abra os olhos com pessoas maravilhosas ou excessivamente bajuladoras
  5. certas situações merecem atenção redobrada
  6. autoconhecimento é fundamental
  7. não entre no jogo das intrigas
  8. cuidado com o jogo da pena e da culpa
  9. não tente mudar o que não pode ser mudado [oração da serenidade]
  10. nunca seja cúmplice de um psicopata
  11. evite-os a qualquer custo
  12. busque ajuda profissional
  13. valor à sua capacidade de ser consciente

 

Os heróis do passado estão se tornando os otários dos tempos modernos.

 

A psicopata está presente em todos os tipos de sociedades, desde as mais primitivas até as mais modernas. (...) fatores culturais podem ter na modulação desse quadro, ora favorecendo, ora inibindo o seu desenvolvimento.

 

A ideologia sobre a qual se alicerça a cultura dos nossos tempos é baseada em três princípios básicos:

  1. individualismo
  2. relativismo
  3. insturmentalismo

 

O aumento implacável da violência é uma resposta lógica e previsível a toda essa situação.

 

Somente uma educação pautada em sólidos valores altruístas poderá fazer surgir uma nova ética social capaz de conciliar direitos individuais com responsabilidades interpessoais e coletivas.

 

(...) teremos que harmonizar o desenvolvimento tecnológico com uma consciência que não faça nenhum tipo de concessão ao estilo psicopatico de ser ou de viver.

 

"Matou os pais e foi para o motel" - Manchete da revista Época de 11.nov.2002