EXTRATO DE: NÃO HÁ DOIS IGUAIS

Natureza humana e individualidade

Autora: Judith Rich Harris – Editora Globo: 2007/2007

Leitura: 2012

The Nurture Assumption – Diga-me com quem anda...

 

Laleh e Ladan, iranianas, eram gêmeas siamesas idênticas, de 29 anos, que nasceram ligadas pela cabeça. Elas morreram durante a cirurgia que as separou.  Elas submeteram-se à cirurgia sabendo dos riscos; os médicos lhes disseram que tinham apenas 50% de chance de sobreviver. Elas estavam dispostas a assumir esse risco pela oportunidade de viver vidas separadas. “Temos visões de mundo diferentes, temos estilos de vida diferentes, pensamos de modo muito diferente sobre os assuntos.”

 

(...) humanos, via de regra, não apreciam ser humilhados em público.

 

Não são muitas pessoas que voam ao encontro de edifícios de escritório, mas alguns fazem isso.

 

(...) esperamos que as pessoas sejam mais consistentes do que realmente são. No entanto, é um erro razoável para se cometer, porque (na ausência de outras informações) o melhor diagnóstico de como um indivíduo irá se comportar no futuro é como ele se comportou no passado.

 

Uma única experiência desagradável pode levá-lo a dispensar um alimento para sempre.

 

Os huteritas (grupo religioso que pratica a lavoura comunal) dividem suas comunidades em duas quando o tamanho excede 150 pessoas. De acordo com Dunbar, eles descobriram que, acima desse número, fica mais difícil manter a obediência às regras da seita.

 

Quando um gêmeo tem autismo, o outro provavelmente a terá também.

 

Uma das habilidades que faltam ou estão gravemente prejudicadas nas crianças autistas é a capacidade de reconhecer faces.

 

Humanos neurologicamente normais têm forte tendência a tirar conclusões sobre personalidade de um indivíduo com base em uma amostra de comportamento, mesmo que haja outras explicações possíveis para o porquê de ele se comportar desse modo.

 

Personalidade – uma definição oferecida pelo psicólogo Peter Gray:

“Personalidade refere-se ao estilo geral de uma pessoa para interagir com o mundo, especialmente com outras pessoas – seja ela recolhida ou expansiva, excitável ou plácida, conscienciosa ou descuidada, gentil ou severa. Uma premissa básica do conceito de personalidade é que as pessoas realmente diferem umas das outras em seus estilos de comportamento, de modos que são pelo menos relativamente consistentes através do tempo e local.”

 

Personalidade diz respeito aos modos como as pessoas diferem umas das outras, porém mantendo-se fiéis a si mesmas.

 

Neuroticismo – tendência de se perturbar facilmente ou de se sentir ansioso ou deprimido; seu oposto é a estabilidade emocional.

 

A ideia é que a variedade infinita que vemos na personalidade humana pode ser preparada com apenas cinco ingredientes (consciência, afabilidade, neuroticismo, abertura e extroversão), simplesmente variando um pouco a receita.

(...) natureza ou genética significam uma coisa para um psicólogo evolutivo e outra coisa para um geneticista comportamental. Um psicólogo evolutivo usa natureza para explicar os modos como todos os seres humanos (ou todos os do mesmo sexo) são semelhantes; um geneticista comportamento usa a palavra para explicar os modos como os seres humanos diferem uns dos outros.

 

Ninguém acredita que “tudo é genético” ou que o comportamento ou a personalidade sejam “determinados” pelos genes. Claramente, não são somente os genes – não podem ser – que fazem com gêmeos de genes idênticos difiram em personalidade.

 

Um detetive [e um cientista é exatamente isso, um detetive] precisa ter algumas ferramentas; ferramentas novas levam a novos métodos de detecção e, frequentemente, a novas conclusões.

 

O problema é que nenhuma dessas teorias pode explicar por que Laleh e Lada Bijani tinham personalidades diferentes.

 

Eis uma pista importante. As diferenças não-explicadas – isto é, não-genéticas – de personalidade entre gêmeos idênticos criados na mesma casa são quase tão amplas quanto as diferenças não-explicadas entre irmãos comuns. E as diferenças não-explicadas entre irmãos comuns são quase tão amplas quanto as diferenças não-explicadas entre duas pessoas do mesmo sexo e aproximadamente da mesma idade, escolhidas aleatoriamente pelas ruas de uma cidade ou sala de aula de universidade.

 

As duas estatísticas geralmente usadas (...) são o desvio padrão e a variância; o primeiro é simplesmente a raiz quadrada do segundo. O desvio padrão para contagens de Q.I. na população em geral é 15 pontos de Q.I.; a variância 225. [Enquanto o desvio padrão indica a probabilidade de um resultado estar a certa distância da média, a variância indica a amplitude que todos os resultados podem atingir. No exemplo, 15 pontos significa que você deve esperar que a maioria dos resultados de Q.I. esteja a, no máximo, 15 pontos da média, para cima ou para baixo. E a variância indica que você pode ter resultados desde 225 pontos abaixo da média até 225 pontos acima da média.]

 

Quando se descobre que as frequências dos espancamentos pelos pais e a agressividade nas crianças são correlacionadas, isso não significa que a primeira causou a segunda. Poderia ser o contrário: crianças agressivas provocam a paciência dos pais até o ponto do espancamento. Ou a correlação pode ser devida a um terceiro fator: influências genéticas sobre a personalidade. Se a agressividade é até certo ponto herdada, então pais agressivos (rápidos em recorrer ao castigo físico) tenderão a ter filhos agressivos. Talvez as três coisas aconteçam ao mesmo tempo. Não há meio de dizer só com uma correlação.

 

Os anos de esforços devotados a encontrar algo de peculiar a respeito do “filho único” foram um fracasso; embora a vida doméstica dessa criança fosse marcadamente diferente daquela de uma criança com irmãos, não surgiu nenhuma diferença consistente em comportamento social ou ajustamento psicológico.

 

Crescer no mesmo lar não torna gêmeos, irmãos normais ou irmãos adotivos mais semelhantes em personalidade.

 

De acordo com o epidemiologista Alvan Feinstein:  Se os resultados [de uma pesquisa] confirmam o que acreditamos, a tendência humana costumeira é assumir que eles devem estar certos. [É disso que, em parte, se vale a ciência] Os métodos de pesquisa não precisam ser examinados de perto, pois não existe necessidade de se fazer isso. Tendo produzido a resposta certa, os métodos também devem estar corretos. Inversamente, se os resultados são contrários ao que acreditamos, os métodos de pesquisa devem estar errados, não importa o quanto pareçam bons.

 

Os jurados no julgamento de O. J. Simpson rejeitaram a evidência de DNA, para não abrir Mao de sua crença na inocência dele.

 

A maneira como um pai ou mãe se comporta para com uma criança é, em parte, reação ao comportamento da criança; a relação parente-criança é um diálogo para o qual ambas as partes contribuem.

 

Para gêmeos idênticos, a hereditariedade responde por todas as similaridades e nenhuma das diferenças. [!!!!!!!!!??????????]

 

O genoma humano não é vasto o bastante para especificar cada voluta das impressões digitais, cada sinapse do cérebro. Até certo ponto, os detalhes de construção devem ser elaborados no local da obra, o que acrescenta variabilidade ao resultado – os biólogos chamam isso de ruído desenvolvimental.

 

Existem diferenças biológicas entre gêmeos idênticos devido a fatores imprevisíveis que ocorrem antes e depois que eles nascem. Um neurônio ziguea em vez de zaguear. Um feto ocupa uma posição melhor no útero. Um gêmeo cai da escada ou contrai um vírus. A exposição a patógenos foi proposta como um possível gatilho etiológico tanto para a esquizofrenia como para a diabetes tipo 1. A gêmea esquizofrênica pode ter desenvolvido a desordem não porque sua vida dói mais estressante, mas porque aconteceu de ela encontra rum vírus na hora errada. [Eureca!!!! Judith!!!]

 

Pesquisadores médicos recentemente descreveram um caso em que um gêmeo idêntico nasceu com o lábio e platô fendidos, e o outro, com o rosto normalmente formado. Revelou-se que o defeito de nascença era devido a uma mutação genética presente em um gêmeo, nas não no outro. A mutação deve ter ocorrido depois que o ovo fertilizado que deu origem a ambos os gêmeos se dividiu ao meio e formou dois embriões separados.

 

No entanto, efeitos genéticos disciplinados somados a ruído desenvolvimental não podem justificar toda a variância não-explicada na personalidade, pois isso significaria que praticamente toda a variação em personalidade é intrínseca, de um modo ou de outro. Significaria, em outras palavras, que o ambiente não tem efeitos duradouros sobre a personalidade – que humanos jovens são incapazes de mudar a longo prazo o seu comportamento com base em suas experiências. Isso é implausível, tanto em bases teóricas quanto empíricas. [!!!!! Ah, Judith, você está se perdendo!!!] Grande parte da evidência que discutirei neste livro tem a ver com os modos como as crianças modificam seu comportamento em resposta a suas experiências. [Sim, Judith, elas modificam “seu comportamento”, não sua personalidade!!!!]

 

[O fato, Judith, de alguém ter-lhe dito que você tinha jeito com palavras, não foi o determinante para seu futuro.  Você apenas quer pensar que sim, porque você não tem como analisar o que não aconteceu, ou o que aconteceu e poderia ter tido o mesmo efeito, só que naquele momento já não era mais necessário porque alguma decisão interna você já tinha tomado àquela altura de modo que aquele outro evento nem mesmo lhe chamou a atenção.]

 

Aqueles anos como paria social me transformaram em uma introvertida; antes eu era uma criança impetuosa e expansiva. [Judith, você só escreveu estes 2 livros desafiando toda uma comunidade científica porque você continua a ser a Judith impetuosa!!!!!!]

 

Estou conjeturando que a evolução tornou a personalidade plástica para que as crianças pudessem lucrar com suas vivencias, para que pudessem aprender modos de se comportar que lhes servissem bem na idade adulta. Estou conjeturando uma adaptabilidade que dê às crianças alguma vantagem, ou melhor, a desvantagem, na competição para sobreviver e se reproduzir. [adequação/maleabilidade de papéis, Judith, comportamento, não da personalidade]

 

Talvez ter pais que brigam o tempo todo faça algumas crianças se tornarem mais expansivas, menos agradáveis e menos conscienciosas, enquanto outras na mesma casa reagem ficando menos expansivas, mais agradáveis e mais conscienciosas.

 

Alguns genótipos respondem, positiva ou negativamente, a condições que têm pouco ou nenhum efeito sobre outros genótipos. Um genótipo sensível pode não se desenvolver apropriadamente, se exposto a uma condição ambiental que não incomodaria um tipo mais resistente. Por outro lado, um genótipo sensível poderia lucrar com uma condição ambiental incapaz de prover qualquer beneficio para um insensível.

 

(...) os filhos biológicos de pais inteligentes, esquizofrênicos ou criminosos têm maior proba de ser inteligentes, de desenvolver uma doença mental ou cometer crimes, não importa onde foram criados. (...) Para o comportamento criminoso, a evidência sugere que é a vizinhança, e não o lar, que determina se uma criança se tornará ou não uma transgressora da lei. Não há nada digno de interesse jornalístico quanto à observação de que os índices de criminalidade são mais altos em algumas vizinhanças que em outras.

 

(...) as diferenças do tipo de cuidado que os pais fornecem, ou do modo como o fornecem, são responsáveis pelas diferenças em como resultam as crianças? Minha conclusão, baseada em boa quantidade de evidências, foi não, desde que o tipo de cuidado que os pais fornecem esteja dentro da faixa normal para a nossa espécie. Contudo ressaltei que a faixa normal para a nossa espécie é muito ampla.

 

Apesar da redução nos castigos corporais, os adultos nascidos na ultima parte do século não são menos agressivos. Apesar do aumento da proximidade emocional entre as crianças e seus pais, elas não são mais felizes ou menos neuróticas. Apesar do fato de que receberam mais elogios e menos críticas, elas não são mais seguras de si.

 

Os efeitos genéticos podem aparecer em qualquer idade. Existem genes que se manifestam cedo e outros que levam mais tempo; essa é uma das razoes por q você fica mais parecido com seus pais à medida que envelhece.

 

Ao olhar para um bebê, não é possível determinar quanto cabelo ele vai ter na meia-idade.

 

Desenvolvimentalistas –

 

Geneticistas comportamentais –

 

(...) temos dados suficientes de adoções humanas para saber que a personalidade da mãe adotiva e sua filosofia de criação de filhos não têm efeitos a longo prazo na personalidade da criança adotada.

 

Uma boa história – especialmente uma que pareça confirmar aquilo em que as pessoas já acreditam – adquire vida própria. Uma vez que se torna folclórica, é altamente resistente à contestação. (...) Quando você não se lembra mais de onde viu ou leu alguma coisa, é improvável que questione a sua acurácia. É simplesmente algo que você sabe.

 

As pessoas veem o que esperam ver; resultados ambíguos, como quadros ambíguos, são interpretados de acordo com noções preconcebidas.

 

Seus resultados variarão porque dependem do tipo de criança que tem, e os autores do livrinho de conselhos não têm ideia de que tipo de criança você tem.

 

Há 67 anos, quando eu nasci, os pais não eram culpados quando os filhos se tronavam pessoas más; de acordo como os mitos culturais prevalentes naquele tempo, as crianças “nasciam desse jeito”. [Hoje, na CBN, algumas opiniões sobre a decisão em primeira instância, favorável à filha (200 mil reais) que processou o pai por falta de afetividade, apesar deste, como a maioria dos pais que ficaram separados dos filhos, ter pago a pensão sempre.]

 

Há uma velha história sobre duas senhoras na Inglaterra vitoriana, que tinham acabado de ouvir as notícias sobre a teoria da evolução. Uma delas exclamou: “De acordo com o Sr. Darqin, os nossos ancestrais eram macacos!”. A outra retrucou: “Isso não pode ser verdade! Mas se for, vamos rezar para que não se torne de conhecimento geral”.

 

Milhares de gerações de pais hominídeos cuidaram bem de seus filhos (você tem ideia de como era problemático manter uma criança viva na época em que não havia lares permanentes, nem carrinhos de bebê,andadores, potinhos de comida para bebê ou fraldas descartáveis?), muito embora não tivesse ocorrido àqueles pais que o que eles estavam fazendo poderia ter efeitos a longo prazo sobre as personalidades de seus filhos.

 

Crianças altamente ativas testam a paciência dos pais e são mais provavelmente tratadas duramente; assim, os maus tratos poderiam ser uma consequência de ter o gene de alta atividade, e o comportamento antissocial poderia ser uma consequência da combinação de genes e não de um só.

 

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4 – Ordem de Nascimento e outras diferenças ambientais dentro da família

 

Não é segredo que o mundo acadêmico – a assim chamada “torre de marfim” – está eivado de rivalidades e ódios como qualquer outro foro em que humanos competem um com o outro por status dinheiro e acesso e parceiros desejáveis.

 

(...) os resultados mostraram que os pais estavam reagindo aas diferenças genéticas entre seus filhos, em vez de causar as diferenças entre eles.

 

Predisposições genéticas afetam o comportamento da criança, e o comportamento dos pais com a criança é em parte uma reação ao comportamento dela. Chamo essas reações de feitos filho-parentais.

 

Os dados do NEAD mostraram que os pais realmente tratam gêmeos idênticos de modo mais similar que gêmeos fraternos, e os irmãos biológicos de modo mais similar que os irmãos adotivos, mas que o tratamento diferencial era devido aos efeitos filho-parentais.

 

(...) mesmo gêmeos idênticos não têm cérebros precisamente idênticos. [!!!! Finalmente.]

 

Os efeitos de contraste estão nos olhos de quem vê, não nas crianças em si. Pais que veem o primogênito como “difícil” tendem a ver o segundo a nascer como “fácil”, e vice-versa. Ambas as crianças podem, na verdade, ser mais difíceis que a média, ou mais fáceis, contudo o que os pais notam é que um é mais assim que o outro. As diferenças entre irmãos tendem a ser exageradas nos relatos dos pais.

A geração de gêmeos idênticos é incomum; ninguém acredita que a mente humana venha equipada com um conjunto de instruções para dizer a você o que fazer se a pessoa sentada ao seu lado à mesa do jantar é um clone seu.

 

Como afirmaram os pesquisadores: “Mesmo o segundo filho a nascer, que vivenciara anos em um papel subordinado a um irmão mais velho, pode avançar para um papel dominante quando a situação lhe permite”.

 

Uma estratégia que funciona em casa pode ser inútil ou até perigosa em outro lugar. As crianças são capazes de generalizar – de aprender algo em um contexto e aplicar em outro -, mas não fazem isso cegamente. A questão de quando e como a generalização ocorre é importante e relevante para a minha procura; voltarei a ela no próximo capítulo.

 

Então por que quando se pede às pessoas que citem o nome do vencedor acadêmico na família, elas mais frequentemente não citam o primogênito? E por que quando lhes pedem para citar o rebelde da família, elas mais frequentemente não citam um nascido depois?

 

[Coisa errada o jovem] faz fora de casa na companhia de amigos.

 

Ernst e Angst, em 1983, concluíram que a ordem de nascimento não tem efeitos importantes sobre a personalidade.

 

“A principal razão para manter a ciência em segredo”, observou o físico Robert Park em seu livro Voodoo science, “é que a ciência é questionável.”

 

Como Johnson declarou em uma carta a Sulooway: “A não ser que a ciência deva ser uma aristocracia com credenciais, devemos muito certamente estar abertos à participação dos sem-credenciais e inortodoxos. A historiada ciência parece sugerir que o trabalho de amadores merece,no mínimo, proteção especial”.

 

Correlação gene-ambiente – ocorre quando o ambiente de uma pessoa reflete ou é influenciado pelos genes dela.

 

Sandra Scarr, geneticista: “Os indivíduos fazem os próprios ambientes baseados em suas características hereditárias”.

 

Como beleza e aptidão acadêmica, a tendência a vivenciar eventos estressantes mostra hereditariedade significativa.

 

As pessoas de boa aparência e aquelas fortes e grandes se acostumam a conseguir o que querem e se tornam mais assertivas. Crianças nascidas inteligentes e curiosas são atraídas por atividades intelectuais e o resultado é que elas ficam mais espertas. [!!!???]

 

 

 

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5 – A PESSOA EA SITUAÇÃO

 

Elusivo – arisco, furtivo, esquivo.

Judith: preciso decifrar como a personalidade é moldada. [!!!!]

 

Estou partindo da premissa de que a moldagem serve a algum propósito – de que a evolução proveu os humanos de certa quantidade de plasticidade no comportamento, para que possam lucrar com suas experiências. As pessoas diferem em personalidade não apenas porque têm genes diferentes, mas Tb porque têm vivências diferentes.

[Em pesquisa sobre correlação, descobriu-se que não há correlação entre a atitude em relação ao pai e a atitude em relação ao patrão.]

 

Walter Mischel, professor de psicologia em Stanford e Colúmbia, afirmou que as pessoas se comportam diferentemente em situações diferentes. E que... “A convicção de que os traços altamente generalizados existem pode refletir em parte (mas não inteiramente) as consistências de comportamento construídas por observadores, em lugar da real consistência no comportamento do paciente.”

Ele estava dizendo que a consistência da personalidade é uma ilusão. Ela está nos olhos do observador, não na cabeça do observado. [Ora viva!!!]

 

O erro fundamental de atribuição é uma ilusão que resulta do que pode ser chamado de constância de personalidade. Somos dotados de um mecanismo mental que nos faz ver a personalidade de um dado indivíduo como relativamente constante (...).

 

Mischel apenas quis dizer que as pessoas são muito menos consistentes do que você poderia ter sido levado a acreditar. {Aí engrossou!!!]

 

 Mischel estava certo quanto a que as pessoas se comportam diferentemente em diferentes situações e que “esquemas pessoais” não se generalizam para outras pessoas. [Óbvio!!!]

 

Embora o genoma em si permaneça o mesmo por toda a vida, alguns genes são ligados cedo, enquanto outros (como os que determinam o tamanho dos seios nas mulheres ou a calvície nos homens) começam a funcionar mais tarde no desenvolvimento.

 

Peter Gray, psicólogo: “Você não pode prever a que grau um indivíduo irá generalizar de um estímulo para o seguinte, a não ser que entenda algo sobre os conceitos mentais do indivíduo”. [Perfeito!]

 

Os bebês que não receberam nada a não ser carinho de todos os que encontraram durante os primeiros doze meses irão, apesar disso, chorar de medo se um estranho tentar pegá-los.

 

O erro fundamental de atribuição mostra que os adultos esperam que os indivíduos sejam consistentes – mais consistentes do que realmente são.

As primeiras experiências, ou sua ausência, podem [podem????] afetar o desenvolvimento neurofisiológico do cérebro. Uma vez que todo tipo de aprendizado deve ter efeitos neurofisiológicos no cérebro (fortalecendo sinapses, ou o que for), você deve estar se perguntando como eu pude fazer a distinção entre esses dois tipos de processos. Talvez o melhor modo de explicar seja lhe dar alguns exemplos.

1º exemplo: tampar o olho do gato

2º exemplo: bebês que não são expostos à linguagem , nunca mais aprendem com proficiência.

3º exemplo: bebês que não conseguem formar ligação afetiva....

 

[Confusão geral entre capacitação afetada e matriz de pensamento]

 

Duas pessoas – mesmo gêmeos idênticos – cuidadas desde o nascimento pela mesma mãe não são mais semelhantes em personalidade do que duas que tiveram mães diferentes.

 

A necessidade de estar consciente do contexto social é tão premente na infância quanto na idade adulta. Hoje em dia muitos pais ensinam aos filhos que é bom expressar emoções. Se você sente vontade de chorar, vá em frente e chore. Se precisa de um pouco de carinho, jogue os braços em volta de mim.

 

Como eu disse, todas as teorias correntemente populares sobre o desenvolvimento da personalidade são baseadas na suposição de que comportamentos aprendidos ou associações aprendidas se transferem pronto e automaticamente de uma situação para outra – em particular, do lar para outros contextos sociais. Se essa suposição é falsa, por que tantos acreditam nela?

 

Psicólogos, como outros seres humanos, são propensos a ver uma amostra do comportamento de alguém como uma indicação de como aquele indivíduo se comportará em outras situações.

 

A maioria dos desenvolvimentalistas conduz sua pesquisa em profunda ignorância das implicações da controvérsia pessoa-situação.

 

[Como Judith explica o comportamento da criança com pais e com avós?]

 

Childhood – infância

 

Alan Stone, psicanalista experiente e professor de psiquiatria em Harvard, mudou a maneira como faz psicoterapia e deu sua explicação para a alteração:

“Nosso problema é que, à luz da evidência cientifica agora disponível para nós,l essas premissas básicas (da psicanálise) podem estar todas incorretas. Nossos críticos podem estar certos.
A experiência desenvolvimental pode ter muito pouco a ver com a maioria das formas de psicopatologia, e não temos motivo para assumir que uma cuidadosa reconstrução histórica desses eventos desenvolvimentais terá efeito terapêutico (...) Se não existe conexão importante entre eventos de infância e psicopatologia adulta, então as teorias de Freud perdem muito do seu poder elucidativo.”

 

O novo foco de Alan Stone na psicoterapia é “quase inteiramente no aqui e agora, na solução  de problemas, e em ajudar os pacientes a encontrarem novas estratégias e maneiras de interagir com os indivíduos importantes em suas vidas”.

 

O bebê tímido que se torna um adulto tímido, com toda a proba herdou uma predisposição para ser tímido.

 

Se um comportamento ou uma emoção aprendido serão generalizados de uma situação para outra, isso dependerá de as situações serem encaradas como equivalentes ou diferentes.

 

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6 – A MENTE MODULAR

 

Pips – sementes

 

Abdução – significa encontrar a hipótese que provê a melhor explicação para os dados.

 

Anormalidades neurológicas.

 

O autismo tem efeitos devastadores sobre praticamente todos os aspectos do comportamento social, inclusive a linguagem, porem a maior parte das funções não-sociais são poupadas.

 

Eis uma descrição clássica de uma criança autista, escrita em 1943 pelo psiquiatra infantil Leo Kanner:

 

“Em uma praia lotada, ela poderia andar em linha reta, em direção ao seu objetivo, sem se importar se isso envolveria andar sobre jornais, mãos, pés ou torsos, para grande desconforto de seus donos.  Sua mãe foi cautelosa em ressaltar que ela n ao se desviava intencionalmente do seu curso a fim de pisar nos outros, mas também não fazia a menor tentativa de evita-los. Era como se ela não distinguisse pessoas de coisas, ou pelo menos não se preocupasse com a distinção.”

 

As crianças autistas não tentam atrair a atenção de outrem para alguma coisa interessante apontando para ela; elas não conferem para ver para o que outra pessoa está olhando. Elas não brincam de faz-de-conta. Elas não percebem quando alguém está fingindo. Elas não se envolvem com trapaças. Elas não sentem orgulho em igualar ou superar as expectativas de outras pessoas; elas não administram louvor. Tudo isso requer uma consciência de que os outros têm sentimentos, expectativas, crenças e intenções.

 

O mecanismo de leitura de mentes não está pronto para funcionar no nascimento; [e preciso tempo e, sem dúvida, algum input do ambiente, para que ele se desenvolva. Com três anos de idade, as crianças podem adivinhar alguma conteúdo das mentes de outras pessoas por suas expressões faciais e pela direção de seu olhar, mas  não é antes de aproximadamente quatro anos que elas são capazes de resolver tipos mais difíceis de problemas de leitura de mentes, tais como o “teste Sally-Anne” [teste da boneca que é mudada de caixa]

 

Crianças de três anos em desenvolvimento normal não passam no teste Sally-Anne, bem como quase todas as crianças com autismo – mesmo as altamente funcionais, ainda que na adolescência.

 

Crianças de 4 anos são capazes de enganar deliberadamente.

Qualquer pessoa que pense que os humanos não têm instintos precisa mandar examinar a cabeça.

 

A maior ameaça para a sobrevivência de um grupo de caçadores-coletores era provavelmente o grupo vizinho.

 

A transmissão cultural por mimeses é análoga à transmissão genética por genes: fragmentos de cultura são passados de uma geração para a seguinte, com as variações bem-sucedidas se promulgando, e as malsucedidas se extinguindo.

 

“Os humanos demonstram forte inclinação a formar subgrupos, que mais cedo ou mais tarde se distinguem dos outros por dialeto e outras características de subgrupos, e prosseguem para formar novas culturas”, observou Eibl-Eibesfeldt. “Viver em grupos que demarcam a si mesmos dos outros é uma característica básica da natureza humana."

 

Entretanto, o aparecimento de um estranho solitário de outra tribo seria uma raridade em uma sociedade assim. “Aventurar-se fora do território era equivalente a suicídio”, explicou o biólogo evolutivo Jared Diamond (...)

 

Quando os europeus se aventuraram pela primeira vez no interior da Nova Guiné – uma área aproximadamente do tamanho do Texas -, eles descobriram que era uma torre de Babel: perto de mil línguas diferentes eram faladas, a maioria mutuamente ininteligível.

 

O homem que confundiu sua mulher com um chapéu tinha uma rara desordem neurológica; o homem que confundiu sua mulher com uma propriedade pessoal é um lugar comum antropológico.

 

Evolução é competição, e um dos propósitos da infância é preparar as crianças para competir com sucesso na idade adulta.

 

Eu proponho que  esses três tipos de tarefas – administrar relacionamentos, tornar-se socializado e elaborar uma estratégia de competição a longo prazo – são as especialidades de três departamentos separados da mente. Vou chamá-los de sistema.

 

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O SISTEMA DE RELACIONAMENTO

 

Por que damos de ombros quando ouvimos falar de centenas de pessoas mortas em um terremoto, mas choramos quando vemos a foto de uma criança ferida?

A resposta é que há múltiplos sistemas na mente para processar a informação.

 

[Errado. Não existem tais sistemas, o que existe é uma hierarquia de valores, ou, na minha proposição, um mapa de círculos inclusivos, onde a mente encaixa cada acontecimento ou o descarte por conseguir ajustá-lo a qualquer círculo.]

 

No entorno de um ano, a criança começa a aprender as primeiras palavras.

 

Por volta dos 6 anos, elas já sabem cerca de 13 mil palavras, o que dá, em média, uma palavra a cada duas horas.

 

Um graduado secundário típico tem um vocabulário de cerca de 60 mil palavras; o número sobra para leitores de livros como este aqui. São 120 mil palavras que você tem na cabeça!

 

Agramatismo – danos às porções anteriores da área da linguagem às vezes produzem pacientes com uma deficiência que as fazem lembra de palavras, mas têm grande dificuldade com sufixos gramaticais e são quase incapazes de pensar em um pretérito para uma palavra inventada como rickar.

 

Anomia – danos à parte posterior da área da linguagem, que produzem dificuldade em recuperar palavras. Você sabe como é frustrante quando não consegue se lembrar do nome de alguém, e ele está na ponta da língua?

 

Com seis meses, os bebês neurologicamente normais começam a ter receio de estranhos.

 

Os humanos constroem modelos reduzidos mentais não só para os relacionamentos com os pais, mas também para todo indivíduo com quem interagem. (...) Uma vez que seu propósito é nos contar como agir se encontrarmos esse indo de novo, ele faz a melhor estimativa possível com base nas informações que tiver. A melhor estimativa é que esse indivíduo se comportará no futuro da forma como se comportou no passado.

 

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8 – O SISTEMA DE SOCIALIZAÇÃO

 

Esse é o processo que os desenvolvimentalistas denominam socialização, que consiste em adquirir os comportamentos sociais, os costumes, a língua, a pronuncia, as atitudes e os princípios morais considerados apropriados em uma sociedade específica.

 

A socialização torna as crianças mais semelhantes [NNNNÃÃÃÃÃOOOOO. A socialização torna o comportamento social das crianças semelhante.]

 

O que acontece quando0 as pessoas se mudam de uma cultura para outra?

 

As crianças [chinesas, por exemplo] criadas no Canadá por pais de Hong Kong, se tornam canadenses. O que influenciou sua personalidade não foi a cultura dos pais, mas a cultura da sociedade em que cresceram.

 

Ela [a influência dos pais na socialização] também não faz sentido de um ponto de vista evolutivo. O propósito evolutivo da infância é preparar para a vida adulta, uma vida adulta que pouco provavelmente será passada na casa parental.

 

[Estude-se o porquê das crises existenciais da adolescência e vamos encontrar o conflito da casa com a rua.]

 

Essa pessoa é um menino ou um homem? As sociedades tradicionais frequentemente proveem ritos de passagem para tornar mais nítidas as fronteiras entre categorias estarias, mas as sociedades industrializadas parecem se dar muito bem sem eles.

 

A cadeira prototípica tem quatro pernas, um assento e um encosto.

 

A categorização tem seus efeitos mais fortes nas reações a estranhos.

 

Se você não tem outras informações sobre uma pessoa, o mecanismo de categorização entre em cena e faz seu trabalho,  em grande parte, no nível inconsciente.

 

Sugiro que as crianças se tornam socializadas não a partir da imitação de pessoas especificas em suas vidas, mas ao ajustar seu comportamento para aquele do protótipo apropriado.

É muito mais seguro coletar tantas informações quantas provê o ambiente, determinar a média dos dados e usar o protótipo como modelo [em lugar de aplicar algum ensinamento de casa].

 

Seu comportamento será ajustado de acordo. [Correto, só não estamos falando de personalidade, e sim dos tantos papéis que uma dada personalidade tem que interpretar frente a diversidade dos grupos (círculos) dos quais participa.

 

Quando uma pessoa muda de uma autocategorização para outra, o protótipo ao qual ela ajusta seu comportamento também mudará. [Autocategorização? Por que ela foge tanto da definição sociológica para “papéis”?]

 

(...) Se as crianças sustentam as mesmas atitudes políticas que os pais, ou têm os mesmos sentimentos positivos ou negativos a respeito de ir à igreja ou ler livros, essas similaridades podem ser parcialmente herdadas {INTEGRALMENTE HERDADAS]. A hereditariedade da atitude perante a pena de morte é 0,50; perante a religião organizada, 0,46; e em relação a ler livros, 0,37.

 

O que sua mente faz, quando lhe falta uma explicação para algo, é usar o material que tiver e inventar uma história plausível.

Ludwik Lejzer Zamenhof, nasceu na Polônia em 1859, criador do Esperanto.

 

[Extraído das notas do capítulo]: O fato de que um único ponto de dados tem pequeno impacto na média é também a razão por que estereótipos são tão resistentes à mudança.

 

 

 

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9 – O SISTEMA DE STATUS

 

“Os humanos em toda parte perseguem o status”, observou o psicólogo evolutivo Donald Symons.

 

O sistema de socialização faz você querer ser como os outros do seu tipo; o sistema de status faz você querer ser melhor que os outros do seu tipo.

 

(...) as pessoas preferem comparar a si mesmas com outros que sejam similares a elas, o que significa da sua própria categoria social.

 

Qualidades [??? Características, Judith!] como altura, força e habilidade atlética dão alto status a um menino em seu grupo adolescente de pares, e ter alto status na adolescência tem efeitos duradouros sobre sua personalidade. Isso o faz mais seguro de si, mais dominante, mais competitivo, mais líder.

 

Eis o que George Herbert Mead, um psicólogo social, disse em 1934: “O indivíduo vivência a si mesmo como tal, não diretamente, mas apenas indiretamente, dos pontos de vista particulares de outros integrantes individuais do mesmo grupo social, ou do ponto de vista generalizado do grupo social ao qual ele pertence como um todo.”

 

O sociólogo Gary Fine coloca mais sucintamente: “O outro é o espelho pelo qual os indivíduos aprendem sobre o seu eu”.

 

O que importa é como você é visto pelo “outro generalizado”.

 

Ser dominada por um irmão mais velho não traz nenhuma informação a uma criança, mas ser dominada por crianças da mesma idade é informativo. Apanhar uma vez de um valentão é um evento randômico; ser intimidada durante anos por muitos adversários diferentes é informativo.

 

(...) a evolução não liga a mínima para que é justo.

 

Com quatro anos de idade, uma criança é capaz de imaginar que, se Anne escondeu a bola quando Sally não estava olhando, então Sally não sabe onde está a bola. Por volta dessa idade, uma criança também pode imaginar que mentir sobre o que fez ou não fez pode criar informações falsas sobre suas atividades na mente de outra pessoa, o que significa que ela sabe que uma das coisas sobre as quais outras pessoas podem pensar é ela.

 

Os métodos da genética comportamental correntemente em uso não permitem aos pesquisadores distinguir entre os efeitos diretos de genes e  os efeitos indiretos, os efeitos de ser tratado de certo modo por causa das características herdadas.

Você disparou uma flecha para o ar e ela atingiu um pássaro por acaso. Você fez um comentário precipitado, que foi interpretado como uma previsão, e aconteceu de a previsão se realizar. Incidentes como esses podem dar a um indivíduo uma  reputação que pode persistir durante anos, espalhar-se e se perpetuar através de fofocas.

 

Os incidentes podem ser aleatórios, mas suas consequências não. (...) Dei o exemplo de como o fato de escrever um classificado para um cão me colocou no caminho que fez com que eu me tronasse uma escritora de livros. [Não, você só está usando um fato para dar uma explicação  para outro.]

 

Os pais têm algum poder para produzir efeitos de longo prazo no comportamento dos filhos, mas seu poder é indireto: ele vem através do sistema de socialização. Ele reside na habilidade deles de determinar onde e por quem seus filhos serão socializados. Os pais decidem em que sociedade viver, em que cultura os filhos vão crescer, onde eles irão à escola. Até certo ponto, eles podem até determinar de que grupo ou grupos dentro da sociedade seus filhos se tornarão membros.

 

O padrão é determinado pelas regras que especificam como os componentes do sistema interagem. Se o sistema é biológico, as regras são invertidas pela seleção natural.

 

(...) as formigas realizam suas tarefas não tendo chefe, nem superintendente, nem governador.

 

Os geneticistas costumavam pensar que grande parte da variação dentro de espécies, bem como das diferenças entre elas, era devida diferenças em genes. Agora parece que grande parte da variação, tanto dentro de espécies, como entre elas, é devida, em vez disso, à expressão de genes. Quando um gene é expresso, ou ligado, isso significa que ele é usado como gabarito para produzir uma proteína em particular. Os genes são ligados e desligados no decurso de uma vida, eles são expressos em algumas células, e não em outras. Um dado gene, presente em dois indivíduos, pode ser expresso em um, e  não no outro.

 

Humanos são motivados por interesse próprio, porque, diferentemente de formigas, vivem em grupos que não consistem inteiramente de parentes próximos. Este é um dos fatores que fazem da nossa espécie um sucesso tão arrasador: nossa habilidade de formar grupos grandes e inclusivos, que não são necessariamente baseados em parentesco.

 

372

10 – DESENLACE

 

Ver tabela que tenta mostrar os papéis de cada um dos sistemas independentes que ela propõe:

  • Sistema de relacionamento
  • sistema de socialização
  • sistema de status

 

[Além desses sistemas ela acrescenta que] a disposição de adquirir uma linguagem é uma das características que tornam os humanos aptos para a sociedade. Assim como a disposição de decifrar o que outras pessoas pensam.]

 

Com um ano de idade, os sistema de relacionamento está operando com todos os cilindros – a mente do bebê já contem um extenso léxico de informações sobre pessoas -, e o sistema de linguagem apenas começou a rodar.

 

Com três anos, as crianças sabem que são crianças, não adulto, e sabem se são meninas ou meninos.

 

Fui citada como tendo afirmado que as crianças são socializadas pelos pares. Em certo sentido, isso está correto, mas elas  não são socializadas por interecoes com os pares ou por relacionamentos com os pares. O que as torna mais parecidas com os parceiros do mesmo sexo é sua identificação com uma categoria social especifica e seu próprio esforço (motivado pelo  sistema de socialização) para ajustar seu comportamento ao do membro prototípico daquela categoria social. A interação com os pares lhes dá um feedback útil sobre quão bem estão fazendo o ajuste, mas, se for necessário, elas podem fazer isso sem qualquer tipo de interação.

 

Suspeito que as informações providas por parentes próximos são descontadas, porque são provavelmente imprecisas e tendenciosas (...).

 

Por que os pais estão tão convencidos de sua importância na vida dos filhos? Por que eles acreditam que o futuro sucesso ou fracasso do filho depende do que eles fazem hoje em casa? (...) aqui estão as minhas três principais hipóteses:

  1. a maioria das pessoas superestima a própria importância e habilidade de controlar tudo. Também é mais provável que as pessoas se sintam responsáveis mais por bons resultados do que por ruins. Assim, se os pais pensam que os filhos resultam bem (...) eles provavelmente se darão o credito.
  2. A mente consciente tem o habito de engendrar explicações pós-fato para coisas que fazemos por razoes a respeito das quais a mente consciente nada sabe.
  3. A sensação de poder parantal é uma peculiaridade da nossa cultura. O reverso do poder parental é a culpabilidade parental (...) Como o sociólogo dinamarquês Lars Dencik observou: “A consciência culpada, que nos acusa de não dar atenção suficiente aos interesses da criança, e que hoje em dia tanto aflige os pais e outras pessoas que cuidam de crianças, é, de fato, um sentimento muito novo e, sem dúvida, único em nossa época moderna.

 

[Ela fala em] defeitos de uma criança (...).

 

[Algumas pessoas] dão aos próprios pais o credito e a culpa por como resultaram. O caso clássico é o poeta Philip Larkin, que famosamente se queixou: “Eles te fodem, o teu pai e a tua mãe”.

 

Se uma grande parcela do nosso material conversacional é gerada pelo sistema de relacionamento, isso implica que o sistema de relacionamento também ocupa grande parcela dos nossos pensamentos conscientes e, portanto, das nossas memórias acessíveis.

 

Embora seja possível que uma nova teoria simples apareça de repente no horizonte e prove ser a vencedora, a esta altura isso parece improvável. O mais provável, receio, é que minha teoria finalmente seja derrubada por uma ainda mais complexa.

 

“Os cientistas não conduzem pesquisas para descobrir coisas de cuja existência não suspeitam”, observaram os psicólogos evolutivos John Tooby e Leda Cosmides.

 

Infelizmente, as deficiências de crianças com autismo não podem ser usadas para distinguis os três sistemas que propus, porque as deficiências são muito penetrantes; todos os três sistemas parecem estar rompidos. O autismo afeta todos os aspectos da vida social. [EXATAMENTE por isso seus três sistemas, se existem, não podem ser três, apenas um.]

 

405

Embora gêmeos idênticos sejam geneticamente idênticos (ou quase), eles têm cérebros ligeiramente diferentes devido a ruído desenvolvimental ou a pequenos ferimentos ou infecções. [FINALMENTEEEEEEEE!!!!!!!!!!!!]

 

Sem perceber, eles devem ter inclinado a balança de algum modo a favor dos resultados que esperavam obter. Isso é chamado de viés inconsciente do experimentador.

 

410 – última página

 

Quem inventa uma nova teoria é a ultima pessoa a quem se deve confiar a tarefa de testá-la. Uma nova teoria deve ser testada por pesquisadores independentes, que não sejam velhos amigos do teórico e não tenham um machado para afiar. É a divisão de tarefas outra vez: propor teorias e fazer pesquisa para testá-las são tarefas que devem ser realizadas por entidades diferentes.

 

[Mapeamento das correlações genéticas.]