EXTRATO DE: PETROBRAS – UMA HISTÓRIA DE ORGULHO E VERGONHA

Autora: Roberta Paduan

Editora: Objetiva – 2016

 

Selecionei as passagens/informações que achei mais importantes para que ao final o leitor pudesse ter razoável quadro geral e pudesse tirar sua síntese. Classifiquei-as nos seguintes títulos:

 

·        O Brasil

·        Os Investimentos

·        Pasadena

·        Outros Erros

·        As Descobertas

·        Caixa, Lucro e Prejuízos

·        Pessoas e Relacionamentos

·        As Propinas

·        Modus Operandi do PT ou “O Assalto”

·        Informações Adicionais.

 

Como sempre, entre colchetes “[]”, são observações minhas.

 

 

 

O BRASIL

 

A partir de 2004, a economia brasileira engatou uma marcha mais rápida de crescimento. O PIB se expandiu 5,7%, 3,2%, 4%, 6,1% e 5,2% até 2008. [conseqüência] da onda de prosperidade formada pelos ventos soprados do exterior, principalmente da China.

 

O governo Lula deu continuidade à política de câmbio flutuante, metas de inflação e superávit primário. [Mas] Em 13 de dezembro de 2003, durante o encontro nacional do PT, o ministro afirmou que “o ideal seria manter o superávit fiscal em 4,25% por dez anos”, algo inimaginável de se ouvir de um membro do PT. (...) no mesmo encontro a legenda expulsou quatro parlamentares que se opunham à política econômica adotada pelo governo, entre eles petistas históricos como a senadora Heloisa Helena, de Alagoas.

 

No final de 2004, as pesquisas de expectativas do empresariado nacional mostravam que a maioria pretendia aumentar investimentos, contratações e exportações. (...) No plano econômico, tudo parecia dar certo.

 

 

OS INVESTIMENTOS

 

O impacto [do vento a favor] na companhia se deu em sucessivos recordes de lucro líquido: US$ 6,7 bilhões (2004), US$ 10 bilhões (2005) e US$ 11,9 bilhões (2006). (...) Os planos estratégicos e de negócios divulgados a partir de 2003 mostram uma companhia que pretendia crescer e liderar todas as atividades de energia ao mesmo tempo. Para muitos especialistas, foi nesse momento que a Petrobras perdeu o foco. [pois] Nem a crise financeira mundial iniciada em 2008 nos EUA, freou o plano expansionista de pás. Pelo contrario, a estatal foi convocada pelo governo a investir ainda mais para tentar manter a economia rodando. O investimento efetivamente realizado passou de US$ 10 bilhões em 2003, para US$ 31 bilhões em 2208, e continuou subindo até o recorde de US$ 49 bilhões em 2013.

 

Entre 2003 e 2014, a média anual de investimentos efetivamente realizados pela companhia foi de R$ 76 bilhões (a preços atualizados para 31 de dez de 2015). Em seus depoimentos, Paulo Roberto Costa revelou que todos os contratos fechados pela estatal com as empresas do cartel geravam propinas.

 

 

PASADENA

 

Baiano foi quem ofereceu US$ 1,5 milhão para que Paulo Roberto Costa não apresentasse obstáculos à compra da Refinaria de Pasadena, que estava sendo negociada pela área de Cerveró.

 

A meta era comprar uma refinaria que custasse 30% de uma nova.

Inaugurada em 1920, chegou aos anos 2000 como uma das mais obsoletas dos EUA. (...) O relatório da consultoria Aegis Muse sobre Pasadena, a classificava como um ativo de baixa qualidade e que demandaria um alto volume de investimentos para que passasse a processar óleo pesado, já que sua configuração era para petróleo leve.

 

Em maio de 2005, a Astra adquiriu a refinaria por US$ 42,5 milhões. (...) [E estranhamente] em fevereiro de 2006, 13 meses depois, a Petrobras comprou METADE de Pasadena por........ US$ 359 milhões. [Já foi dito que melhor negócio do mundo é uma petrolífera e que o segundo melhor é uma petrolífera mal administra. Este caso de Pasadena é EXEMPLAR nos dois lados da proposição.] Foi tão bom para a Astra que na ocasião de divulgação de seu balanço do ano da transação, constava a afirmação de que o negócio fora “um sucesso financeiro acima de qualquer expectativa razoável”. E em um emeio enviado em 2006 pelo executivo Terry Hammer dizia: “Como Alberto disse tantas vezes, Petrobras é uma empresa que não tem nenhum problema em gastar dinheiro”. O Alberto é o brasileiro Alberto Feilhaber, o ex-funcionário da estatal e então vice-presidente da Astra. Ele foi o principal negociador do lado da Astra. [E o povo acredita!!!!]

 

Em 2005, segundo uma auditoria internacional, 100% de Pasadena, no estado em que se encontrava, valiam US$ 228 milhões.

 

Mas o desastre não parou aí. Em 2012, a estatal fechou um acordo extrajudicial de US$ 820 milhões para ficar com a segunda metade da refinaria e encerrar os vários processo abertos por sua sócia na Justiça americana.

 

Diante das novas informações, que incluíam o impacto das clausulas marlim e put option, a decisão dos diretores foi de que só restava comprar a participação da Astra e lidar com o fato de que fizeram um péssimo negócio. [He, He. E as contas na Suíça ficaram gordas!!!]

 

Contando com os US$ 685 milhões investidos para melhorar as instalações decrépitas de Pasadena, Petrobras gastou quase US$ 2 bilhões na refinaria, que nunca foi adaptada para processar óleo marlim, objetivo original e principal da compra.

 

Entre 2006 e 2009, a refinaria registrou US$ 616 milhões de perda. Os prejuízos anuais continuaram até 2013, chegando a US$ 1,7 bilhão em oito anos.

 

Em junho de 2016, tanto a Policia Federal quanto o Ministério Público, estavam convencidos de que ainda não sabiam tudo sobre Pasadena, principalmente, quanto à participação de Jose Sergio Gabrielli. Nas palavras de um funcionário graduado da Petrobras: “Se eles aumentaram tanto preço do ativo, como hoje sabemos que aumentaram, não iriam pedir apenas US$ 15 milhões em troca”.

 

 

OUTROS ERROS

 

Até maio de 2016, porem, as embarcações construídas permaneciam sem função no estaleiro. Isso porque os terminais que deveriam acompanhar o trajeto da hidrovia ainda não haviam sequer começado a ser construídos.

 

Os contratos fechados pela Petrobras não refletiam as especificidades do setor elétrico brasileiro.

 

Em alguns casos, o presidente da República interveio pessoalmente, como ocorreu com a Refinaria Abreu e Lima, que deveria ser construída em Pernambuco em sociedade com a estatal venezuelana. A obra, que havia sido negociada anteriormente sem sucesso pelas duas estatais, foi retomada, mas dessa vez com mudanças que causariam um prejuízo bilionário à Petrobras. (...) Em 2008 (...) a estatal venezuelana ainda não havia aportado um centavo à obra – o que nunca faria. (...) O projeto básico da Abreu e Lima só foi aprovado em 2009. Isso, depois de sofrer inúmeras mudanças de escopo, e quando o orçamento já estava em US$ 13,4 , mais de 5 vezes o original[!!!!]

 

Pela ordem natural das coisas o EVTE (Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica) deveria ter sido avaliado antes de a ogra começar, nunca depois. Pois bem, ele foi aprovado somente em janeiro de 2010, depois que a Petrobras já havia assinado contratos bilionários para a aquisição de equipamentos, construção e montagem da refinaria. [Não é brincadeira!!!!] (...) A tentativa de acelerar a construção de um empreendimento que não tinha sequer projeto básico causou um prejuízo de R$ 4 bilhões à Petrobras, só com as mudanças de escopo e retrabalhos, alterações que provocaram acréscimos de prazo e de custos.

 

A estatal ia na contramão de todas as empresas de commodities, que pisavam no freio dos investimentos. Mas o componente político falou mais alto.

 

Segundo Sauer, o governo precisa aprender a trabalhar com preços reais, que reflitam os custos da geração de eletricidade. “Afinal, o mercado existe antes do capitalismo, e é um elemento fundamental para organizar os sistemas de produto da sociedade.

 

Em 2005, a área de Exploração & Produção da estatal começou a revisar a estimativa de produção de gás do Campo de Mexilhão. Estrella chegou a acreditar que produziria até 100 milhões de metros cúbico ao dia. A projeção caiu para 15 milhões e em dezembro de 2015 o campo produzia pouco mais de 8 milhões de metros cúbicos. Apelido dado ao campo: Mentilhão.

 

Um executivo “em recuperação”, não tendo o que fazer, ficou xeretando alguns projetos e escrevendo emeios-alertas para seu antigo chefe. Em um deles, escreve:

“Não se pode perder o FFOCO, o “enorme aumento da tarifa” é devido ao FATO GERADOR DO EXPLOSIVO VALOR DO ADITIVO DO B1, quase igual ao valor do contrato original assinado, que já era considerado excessivo... Os índices de desempenho desde o início das obras são pífios e, a continuar assim, NÃO CUMPRIRAO NOVAMENTE OS NOVOS PRAZOS.

Perguntado sobre o que fez ao receber tal mensagem, o destinatário  se justificou dizendo não tinha o que fazer. Graça Forster o havia pressionado para que o aditivo fosse aprovado logo.

 

A meta prometida pelo diretor de E&P Guilherme Estrella equivalia a construir uma nova Petrobras em uma única década, em vez dos 57 anos que a estatal levara para chegar até ali. A companhia teria de colocar em operação uma infinidade de equipamentos e instalações marítimas, entre eles 250 barcos de apoio, 43 novas plataformas de produção e 28 sondas com capacidade de perfurar 5.000 metros de rochas do subsolo oceânico, abaixo de 3.000 metros de lâmina d’água. A título de comparação, em 2010 a Petrobras operava 254 embarcações de apoio, 41 plataformas flutuantes e apenas três sondas como as que seriam encomendadas.

Ir do 0 ao 100 em um projeto complexo de engenharia era considerado arriscado. No final, o governo mandou e os maiores fundos de pensão de estatais (Petros, Previ e Funcef) obedeceram, entrando como sócios.

 

 

AS DESCOBERTAS

 

A descoberta e Tupi foi fruto da empreitada mais complexa e arriscada já realizada pela área de exploração da companhia. A reserva foi encontrada a 7.500 metros da superfície, sendo 2.200 metros de lâmina d’água e 5.300 metros de rochas. A principal dificuldade, no entanto, não foi vencer as rochas mais duras, mas atravessar uma camada de 2.000 metros de sal, de consistência maleável, propício a desmoronamentos durante a perfuração do poço e a instalação de tubos e equipamentos nele. Nenhuma empresa jamais ousara atravessar tal profundidade em um terreno desse tipo.

 

A camada de sal enterrada no subsolo do litoral do país ocupa uma área de 200 quilômetros de largura por 800 quilômetros de comprimento e 2.000 metros de altura. Distante 300 quilômetros da costa, essa montanha de sal se estende do litoral sul do Espírito Santo ao litoral de Santa Catarina. (...) Isso projetou um número de 70 a 100 bilhões de barris. Era um sonho e se as expectativas fossem confirmadas, o Brasil subiria do 15º para o sexto lugar em reservas petrolíferas.

 

 

CAIXA, LUCRO E PREJUÍZOS

 

Em 2003, logo no começo do governo Lula, a companhia bateu recorde de lucro líquido (US$ 6,5 bilhões).

 

A partir de 2004, o preço do petróleo entraria n uma espetacular trajetória de alta. Sairia de uma média anual de US$ 28, em 2003, para US$ 97, em 2008. Foram anos de ouro para as petroleiras.

 

Costa fora chefe de Graça Forster (...) e, mais tarde, seria demitido por ela, dois meses depois de a executiva assumir a presidência da companhia. [Conta ele que] o caixa da companhia vinha sendo asfixiado por uma política contraditória de seu maior acionista, o governo federal. Ele obrigava a estatal a investir cada vez mais, ao mesmo tempo que congelava o preço dos produtos da petroleira – os combustíveis – para conter a inflação.

 

 

Segundo os procuradores do MPF, a nova fórmula de preço negociada pela diretoria de Abastecimento teria causado mais de US$ 1,8 bilhão de prejuízo à petroleira entre 2009 e 2014.

 

Em 3 de janeiro de 2003, Dilma foi categórica ao dizer que reajuste de preço de combustíveis era uma tarefa do governo, não da Petrobras.

 

Em 2013, a companhia perdeu R$ 2,4 bilhões.

 

Entre janeiro de 2011 e meados de 2014, ela viveu uma situação inusitada: quanto mais combustível vendia, mais prejuízo tinha. Neste período, este processo consumiu US$ 45 bilhões da companhia.

 

 

PESSOAS E RELACIONAMENTOS

 

A comparação dos dois escândalos [Lula e Collor] revela ainda que várias personagens se repetem em ambas as histórias. Em alguns casos, inimigos se tornaram aliados; em outros, o acusador passou a acusado.

 

Delcídio Amaral já era diretor de Gás e Energia da Petrobras, e seu braço direito na área de geração térmica era o gerente executivo Nestor Cerveró, um engenheiro químico que havia ingressado na Petrobras em 1975.

 

Em 2003, com a vitória do PT, Nestor Cerveró voltou à Petrobras em cargo mais alto. Ele tinha um amigo senador pelo partido do governo – seu ex-chefe Delcídio do Amaral, eleito para o Senado pelo PT do Mato Grosso do Sul l- acabou assumindo a diretoria Internacional. Delcídio e Cerveró haviam se tornado amigos pessoais. As famílias, com filhos pequenos e adolescentes, se visitavam.

 

Conhecido na Petrobras como amigo do presidente Lula, Wilson Santarosa trocou a casa em que vivia na periferia de Americana, por um apartamento no Leblon.

 

 

AS PROPINAS

 

Jorge Luz explicou a Paulo Roberto Costa que a operação renderia US$ 400 mil ao deputado Cândido Vacarezza, além dos quase US$ 200 mil de Paulo Roberto Costa.

 

As seis encomendas (inclusas a P-51 e P-52), renderam quase US$ 40 milhões em propinas. Metade foi para o PT e metade para a “casa”, palavra usada por Barusco para designar os empregados da estatal que faziam parte do esquema.

 

Mendonça Neto, em seus depoimentos, confessou ter pago pelo menos R$ 103 milhões em propinas referentes a três obras.

 

Sempre que a UTC assinava algum contrato com a diretoria de Serviços, Vaccari, orientado por Renato Duque, procurava Pessoa, já sabendo o valor da obra.

 

Fernando Moura contou que em alguns casos Duque não fazia questão de sua parte, porque o negócio era pequeno demais [!!!!].

 

Orientado por José Dirceu a deixar o Brasil até que o escândalo do mensalão arrefecesse. Moura passou uma temporada em Paris, e depois mudou para Miami, onde permaneceu até 2013. Durante todos esses anos, Moura recebeu uma mesada com os recursos desfiados de contratos.

 

A Dirceu, além de pacotes de dinheiro em espécie, Pascowitch diz ter comprado e reformado imóveis, incluindo alguns com os quais o ex-ministro presenteou familiares. Também diz ter pagado pela cota-parte (33%) de um avião para que Dirceu pudesse se locomover com mais facilidade e evitasse o desconforto de ser hostilizado em aeroportos (após o mensalão).

 

O relatório da CIA de 2014 sobre Pasadena, revelou que Nestor Cerveró e seus subordinados mais próximos distorceram, omitiram e mentiram a respeito de informações criticas para a avaliação do negócio. Fica claro que o objetivo da equipe era concretizar a aquisição de qualquer forma, pois ela lhes renderia propinas volumosas.

 

[Aqui me ocorre uma curiosidade: para o governo do PT, o público prevaleceu sobre o privado; e para seus pretensos agentes, o privado prevaleceu sobre o público. Interessante isso!]

 

A reconstituição feita pela CIA mostra que o presidente José Sergio Gabrielli e os diretores Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa foram os únicos executivos envolvidos na negociação da compra da segunda metade da refinaria. [Então, já que Gabrielli ainda não foi preso, supõe-se até aqui que ele é um Eremildo, um idiota que não sabia de nada do que Cerveró e Costa estavam fazendo.]

 

Nestor Cerveró, seu amigo de longa data Cezar de Souza Tavares, Moreira e Rafael Comino, constituíam o mesmo grupo que negociou a entrada da Petrobras em várias usinas térmicas que renderam prejuízos bilionários à estatal no período de crise de energia do governo FHC.

 

Na vida real, a locadora de sondas (SETE Brasil) tornou-se mais uma fonte de problemas para a Petrobras e de polpudas propinas para o PT e alguns funcionários da estatal e da própria SETE.

 

Duque era desorganizado com o controle da propina, segundo Barusco. Chegou a perder US$ 6 milhões para um golpista. [He, He!!!]

 

Em 2012, a PF do Paraná investigava um grupo de doleiros suspeito de lavar US$ 10 bilhões [equivalentes hoje a R$ 35 bilhões!!!!!!] obtidos por meio de atividades criminosas, inclusive tráfico de drogas.

 

OS POLÍTICOS

 

Paulo Roberto Costa: “As tratativas da governadora Roseana Sarney em relação ao pagamento de propina para abastecimento da sua campana eram breves e se restringiam a perguntar se estava tudo acertado.”

 

Paulo Roberto Costa: “O ex-governador Sérgio Cabral cobrava propina de todas as obras realizadas pela empresa no estado do Rio de Janeiro, mesmo das que não tinham recursos do governo.

 

Já o senador Lindbergh Farias teria sido agraciado com R$ 2 milhões para custear sua campanha ao Senado.

 

Renan Calheiros recebia repasses das propinas arrecadadas pela Transpreto.

 

 

MODUS OPERANDI DO PT ou “O ASSALTO”

 

Sob a orientação de Silvinho, foi criado até um portal na internet, o Sistema Geral de Indicações, para receber currículos de profissionais indicados para preencher as vagas. Um dos campos obrigatórios do formulário de inscrição era justamente o do nome do padrinho político do candidato.

 

Em meados de 2003, Murillo Brandão, gerente da Universidade Petrobras, foi chamado para uma reunião da Federação Única dos Petroleiros (...). A convocação chegou por carta, dando hora e local do encontro, na seda da FP. Murillo perguntou ao chefe se sabia a razão do encontro e se deveria ir. A resposta foi: “Os sindicatos estão mandando muito agora. É melhor entender o que eles querem”. A primeira pergunta a Murillo foi: “Como a área de treinamento da Petrobras fazia para ‘passar’ a ideologia dos tucanos aos funcionários?” (...) “Nós percebemos que existe um pensamento dominante entre vocês, gerentes do FHC”.  (...) Em 2004, menos de um ano depois desta reunião, ele foi afastado da gerência da Universidade.

 

A maneira como se deu a ocupação na Petrobras, no entanto, foi além. Os sindicatos ganharam poder total na nomeação dos vários níveis de cargos de chefia. (...) O critério para entrar na lista era ter um conhecido poderoso em algum sindicato ou em um partido da coalizão eleita.

 

Diego Hernandes, ex-sindicalista, após 7 anos como chefe de gabinete da presidência, foi destituído da função por Graça Forster. Ele teve a imagem desgastada (sic) por reportagens que revelaram o aumento do seu patrimônio.

 

Os membros do sindicato escolheram – apenas entre os funcionários sindicalizados e com militância destacada – quem deveria ocupar a mais alta função gerencial da Petrobras na Bahia, responsável por milhares de funcionários. [A hipocrisia vem na mensagem do escolhido pós sua posse:] “O processo que começou com a indicação do meu nome talvez tenha sido o mais rico e participativo deste grande momento por que passa a Petrobras”.

 

Nunca em sua história a Petrobras havia realizado tantas substituições em cargos de segundo, terceiro e quarto escalões como aconteceu a partir de 2003. (...) O plano de carreira da estatal foi totalmente subvertido.

 

A partir de 2003, a Petrobras passaria a ser cada vez mais governo e cada vez menos empresa.

 

Na lógica de Sauer, era legitimo colocar em posições de chefia pessoas que compartilhavam sua ideologia ou tinham trabalhado para eleger o presidente Lula. [Essa história de “o mais competente” é coisa de capitalista ou de Tucano.] Sauer também deu preferência a funcionários com perfil acadêmico ou voltados à área de pesquisa tecnológica. Vários auxiliares de sua primeira equipe nunca haviam ocupado cargos gerenciais, e poucos tinham experiência com gestão de negócios.

 

Quanto ao PAC [Programa de Ajuda aos Corruptos, designação escamoteada por Lula], todos os projetos da Petrobras foram incluídos no somatório, embora não recebessem um único centavo do governo federal.

 

Quanto à construção do petroleiro João Cândido, apesar de ainda não estar apto a navegar no prazo original, a suposta conclusão do navio foi festejada com a presença do presidente Lula e de sua ministra e candidata Dilma, em maio de 2010. Ela disputaria as eleições presidenciais daquele ano. Depois da cerimônia o navio voltou ao estaleiro, de onde só saiu depois de dois anos de reparos.

 

De um ex-diretor da Petrobras: “Dilma e Graça acreditavam que conseguiriam prever tudo, controlar tudo, mas isso é impossível nessa atividade”.

 

Em 2010, Lula ameaçou enviar ao Congresso um projeto de lei para limitar os poderes do Tribunal de Contas. Ele chegou a declarar que o órgão “quase governa o país”. E justificou a intervenção alegando que a paralisação das obras provocaria a perda de 25 mil empregos e um prejuízo mensal de R$ 268 milhões, em razão da desmobilização e da degradação das obras já realizadas. Só para Abreu e Lima foram liberados R$ 6 bilhões.

 

Mantega nunca compareceu à sede da companhia, no Rio, para reuniões do conselho do qual ele era o presidente. A situação era comentada pelos diretores como sendo absurda, j a que todos os conselheiros e a diretoria – inclusive assistentes dos diretores – tinham de se deslocar para Curitiba por uma questão de comodidade do ministro.

 

INFORMAÇÕES ADICIONAIS

 

Um dos indícios de irregularidade é que o consorcio arrendou o terreno para a construção do estaleiro um mês antes de a licitação ser aprovada (...).

 

O preço da energia despencou de R$ 684, em setembro de 2001, para R$ 80, em janeiro de 2002, chegando a R$ 4 em fevereiro de 2002.

 

[Quanto a Urucu] A base operacional da companhia fica no meio da floresta, a 660 quilômetros de Manaus, e não pode ter ligações rodoviárias com cidades vizinhas, como forma de preservar o meio ambiente. A instalação de uma sonda exploratória requer mais de trezentas viagens de helicóptero.

 

[Apesar dos funcionários não se considerarem servidores públicos por serem regidos pela CLT apesar da necessidade de serem admitidos por concurso, a cultura da Petrobras é de não demitir ninguém. Dado que a solução é encostar o sujeito “numa mesinha debaixo da escada” como já vi em um outro relato. A ideia é alquebrar a moral do indivíduo até que ele peça demissão. Na Petrobras, eles mandam para um edifício no Rio chamado Metropolitan. Nele há um andar, extremo da hipocrisia, apelidado de “CREO”, sigla de Centro de Recuperação de Executivos Ociosos!!!]

 

O Estado de S. Paulo revelou em matéria que uma auditoria interna da Petrobras tinha encontrado diversas irregularidades no contrato. Entre os problemas estavam o pagamento de R$ 7,2 milhões pelo aluguel de 3 máquinas de fotocopias na Argentina e a contratação de pedreiros por R$ 22 mil nos EUA.