EXTRATO DE: THOMAS SOWELL

E A ANIQUILAÇÃO DE FALÁCIAS IDEOLÓGICAS

Ed. Breves Lições – 2019/2019/2020

 

 

Thomas Sowell (1930- ) – Gastonia, Carolina do Norte, EUA – professor, economista, filósofo

 

[Este livro é uma coletânea de resenhas de livros do filósofo, feitas por cerca de 16 catedráticos, a maioria da Universidade Federal de Uberlândia. A importância desta publicação se ressalta pelo fato de que Sowell escreveu por 60 anos mais de 50 livros, pouquíssimo publicados no Brasil e sempre com atraso de... décadas.]

 

APRESENTAÇÃO

THOMAS SOWELL: UM INTELECTUAL COMPLETO

Paulo Roberto de Almeida

 

John Adams: Fatos são coisas teimosas; e quaisquer que sejam nossos desejos, nossas preferências, ou os ditados de nossas paixões, eles não podem alterar o estado dos fatos e das evidências. Fatos são teimosos.

 

A desigualdade é um traço comum a toda a humanidade.

 

TS se opõem às tentativas de políticos de promoverem bondades com base apenas em suas suposições do que seria o bem, não com base nas realidades da vida.

 

Daniel Patrick Moynihan (intelectual) – Você tem direito à sua própria opinião, mas não tem direito aos seus próprios fatos.

 

CAPÍTULO 1

THOMAS SOWELL: UMA BIOGRAFIA

Gustavo Henrique de Freitas Coelho

 

Muitas pessoas não entendem que o que estão dizendo pode ser verdade apenas por causa da maneira como usam as palavras (...)

 

Charles Sanders Peirce:  Terrível ver como uma única idéia pouco clara, uma única fórmula sem significado, espreitando a cabeça de um jovem pode bloquear seu pensamento e comprometê-lo com coisas que ele nunca acreditaria se compreendesse plenamente o que estava dizendo.

 

Minha teoria era de que a educação deveria fornecer o que as pessoas não têm, não as deixar encostadas com o que já sabem.

 

A tragédia de Cornell (1968) começou com um daquelas boas intenções com as quais o caminho para o inferno é pavimentado.

 

Fatos simplesmente não parecem importar para mitos na mídia, uma vez que eles têm um estereótipo fixo em suas mentes (ano 2000).

 

De acordo com Sowell, um grupo étnico ou racial que enfatize o trabalho árduo, economize dinheiro e busque uma boa formação acadêmica, geralmente prosperará, independentemente do cenário político ou social.

 

Os indivíduos favorecidos por acodes afirmativas conseguem os mesmos direitos sem que tenham se esforçado como os outros indivíduos que ocupam as mesmas vagas, nos mesmos lugares. Isso faz com que qualquer conquista de um indivíduo pertencente a esse grupo pareça suspeita.

 

[Sobre isto eu acrescento que na hora de um consumidor avaliar a qualidade de um profissional ele sempre vai preferir aquele que conquistou a certificação através de mérito, e não o contrário.]

 

Os negros estariam em melhor situação se progredissem por seus próprios meios.

 

 

CAPÍTULO 2

DA DOUTRINAÇÃO IDEOLÓGICA PARA A EDUCAÇÃO: UMA PROPOSTA DE RUPTURA PARADIGMÁTICA DO ENSINO

José Luiz de Moura Faleiros Júnior e Dennys Garcia Xavier

 

As escolas norte-americanas substituíram a educação pela doutrinação (...) [desviando-se do dever de] fazer com que os alunos sejam capazes de raciocinar por si mesmos.

 

A doutrina da “auto-estima”, apontada por Sowell como um dos dogmas da proliferação do envenenamento ideológico, é apenas uma no longo elenco de dogmas educacionais usados para justificar ou camuflar um recuo histórico da educação acadêmica (...) para formar uma consciência enganosa de sucesso e de resultados, numa espécie de amor, silencioso ou manifesto, pela mentira que agrada (...).

 

Estamos no âmbito de um “discurso de propaganda” pensado para deslocar o eixo das coisas como são para as coisas como “devemos percebê-las”.

 

Se você faz parte de alguma minoria social, será avaliado segundo um determinado padrão. Se você faz parte de um grupo considerado ”opressor” ou “majoritário”, o padrão é outro. (...) De um lado, você cria uma casta insaciável, desejosa de mais e mais direitos e reparações. De outro, amplia-se o espectro do ódio às “minorias”. (...) num modelo assim concebido, é importante não resolver os problemas que são a única razão de ser de grupelhos que deles se valem para existir.

 

 

A filosofia se empenha em investigar os pressupostos fundamentais de nossas crenças.

 

Rémi Brague: a filosofia consiste em afirmar a liberdade e em sustentá-la com todas as suas consequências.

 

Por dever de oficio de quem espera criar vínculos mais firmes entre liberdade, razão e realidade, devemos ser capazes de sustentar nossas crenças com boas justificativas, dar boas razoes para o que acreditamos ser verdadeiro.

 

TS: quais pressupostos fundamentais existem por trás das tão variadas visões ideológicas de mundo em disputa nos tempos modernos?

 

O que são “visões”?

TS: São as moldadoras silenciosas de nossos pensamentos. (...) Uma visão tem um sentido de causalidade, ou seja, é mais como um palpite ou um “instinto” do que um exercício de lógica ou de verificação factual. [verdade]

 

TS: Conflitos de interesses predominam por período curto, porém conflitos de visões dominam a história.

 

As pessoas, nos dois lados opostos da trincheira política, raciocinam “a partir de premissas fundamentais diversas”.

 

As estruturas da subjetividade, determinadas pelas estruturas de percepção interna de alguém, são diferentes das estruturas da realidade objetiva. [percepção]

 

TS: A realidade é muito complexa para ser compreendida por qualquer mente.

 

As visões funcionam como mapas, pois apresentam a realidade de fora simples e esquemática.

 

TS: As visões são indispensáveis, mas perigosas porque nós as confundimos com a própria realidade.

 

Mediante a retórica é possível tomar o falso como verdadeiro e dispensar o verdadeiro como falso.

 

A medida de todas as coisas só pode ser determinada pelo meu senso de verdade e justiça. [verdade]

 

Nada parece ser mais difícil que buscar fatos ou argumentos contrários às nossas certezas. (...) porque é mais sedutor se agarrar a certezas que moldam o mundo segundo as nossas próprias convicções.

 

Hannah Arendt: as ideologias pressupõem sempre que uma idéia é suficiente para explicar tudo no desenvolvimento da premissa e que nenhuma experiência ensina coisa alguma porque tudo está compreendido nesse coerente processo de dedução lógica.

 

Não há mais sentido em apelar para nada quando a mente se perdeu na coerência de uma boa idéia. O ideólogo torna-se cínico. [resposta]

Sócrates: Se podes mostrar-me que estou errado, tu serás meu amigo.

 

A ideologia diz o contrário: se devo mostrar-te que tenho razão, é que tu serás meu inimigo.

 

A construção final de uma teoria depende muito mais dos fatos externos, enquanto a construção de uma visão pode ate dispensá-los.

 

A relação entre visão, teoria e fatos. [percepção]

 

Uma visão modela nossa orientação teórica e não a teoria determina nossa visão. [resposta]

 

TS: As visões sociais preenchem necessariamente as grandes lacunas do conhecimento dos indivíduos.

 

Todos os importantes conflitos têm origem em duas visões sobre a natureza humana: a visão restrita e a visão irrestrita.

 

Na visão restrita se entende que aquela concepção que reconhece as limitações inerentes à condição humana. Esta visão aponta para os limites básicos a respeito das capacidades cognitivas e morais do homem. Há uma aceitação destas limitações sem qualquer tentação em querer modificá-las.

 

O homem é para o homem, um enigma.

 

A vida humana em sociedade se desenvolve a partir de trocas de experiências e não de soluções definitivas. [resposta]

 

Na visão irrestrita admite-se que a natureza humana tem potenciais para superar as restrições reais. (...) O pressuposto é que a natureza humana consiste em material maleável pela própria razão.

 

A vida humana, a despeito de todos os percalços, deverá ser compartilhada e jamais “solucionada”.

 

Quem pretende ser porta-voz de uma solução final para o homem promove a morte da política, que nada mais é do que a morte do próprio homem.[resposta]

 

 

 

 

 

 

CAPÍTULO 4

O “CONFLITO DE VISÕES” DE THOMAS SOWELL: DISTINTAS VISÕES SOBRE A NATUREZA HUMANA E SUAS IDEIAS POLÍTIVAS

Tommy Akira Goto

 

 

(...) forte oposição à política de “ação afirmativa”.

 

Conflito de Visões foi publicado a primeira vez em 1987 e no Brasil só em 2012, ou seja, 25 anos depois.

 

TS: Fazemos praticamente qualquer coisa por nossas visões, exceto pensar a respeito delas.

 

As “visões” são pressupostos analíticos básicos para a análise das teorias e ideologias (...).

 

TS: Uma coisa curiosa sobre as opiniões políticas é a freqüência com que as mesmas pessoas se posicionam em lados opostos acerca de diferentes questões. [hipocrisia]

 

TS: Os homens não podem criar diretamente resultados sociais, mas somente processos sociais.

 

Para a “visão restrita”, as ideias, as leis e as instituições são resultado de séculos de experiência e, assim, vão sedimentando conhecimentos e sabedorias implícitas que não podem ser conquistadas pela razão dos mais sábios.

 

“Bons processos” significa igualdade de oportunidades e igualdade perante a lei.

 

A "visão irrestrita” é otimista em relação ao ser humano, considerando-o um ser infinitamente perfectível, e que pode e deve alcançar, a partir de sua consciência e razão, a sua perfeição.

 

TS: Na “visão irrestrita”, quanto maior forem as capacidades intelectuais e morais do  homem (...) maior será a confiança na criação direta de resultados sociais por aqueles que têm o comprometimento moral e as habilidades intelectuais necessárias.

 

Uma governança pela visão irrestrita deve ter mais especialistas que pessoas comuns para se ter sucesso na empreitada.

 

Adam Smith: A misericórdia em relação ao culpado significa crueldade para com os inocentes.

 

CAPÍTULO 5

SOWELL E UMA LEITURA SOBRE AS VISOES DE SOCIEDADE E A REALIDADE PARAELA NA MÍDIA E NO MUNDO CIENTÍFICO

Fernanda Aquino Sylvestre

Para Jean-Jacques Rousseau, os males da sociedade são vistos fundamentalmente como um problema de ordem moral e intelectual, para a extinção dos quais os intelectuais estão especialmente equipados devido ao maior conhecimento e insight que detêm.

 

O intelectual ungido acredita poder até resolver problemas psicológicos das pessoas, como os estigmas sociais e os traumas de guerra. [Freud é o inspirador desta visão.] (...) Para eles prevalece a idéia de que há uma enorme quantidade de conhecimento, de saber e de inteligência reservados a poucos, a uma minoria superior.

 

Rousseau via as massas como algo parecido a um “estúpido e pusilânime inválido”. (...) Bernard Shaw incluía a classe trabalhadora entre os tipos “detestáveis”, pessoas que tem direito de viver. [!!!!]

 

[No mundo perfeito liderado pela intelligentsia as moedas só têm um lado. Evidentemente o da Coroa!]

 

[A eugenia verbal dos intelectuais que corrompem o significado das palavras substituindo-o por outro significado para designar coisas iguais. P. Ex.: mendigo virou sem-teto, prostitua virou profissional do sexo etc.]

 

CAPÍTULO 6

A SEGURANÇA COMO VIRTUDE E A INSEGURANÇA CRIADA PELOS VIRTUOSOS

Francisco Ilídio Ferreira Rocha

 

Sowell já em 2001 identificava que sendo difícil mudar a letra da lei, muitos magistrados contornam o problema forçando a interpretação para alem da literalidade possível para concretizar seus paradigmas pessoais de |Justiça Social, tornando-se, pois, ativistas judiciais.

 

O ativismo judicial justifica a si mesmo prometendo que a segurança subtraída será compensada pela justiça social incrementada.

 

O que se observa é que a virtude da segurança jurídica é aniquilada pela virtude do magistrado que atropela o texto legal.

 

(...) a pretensa superioridade moral é justificação bastante para afirmar, através dos poderes jurisdicionais que foram confiados ao magistrado, uma suposta faculdade – quando não uma obrigação – de ampliar ou restringir o alcance do texto legal para além ou aquém da sua literalidade, para conformá-lo à quilo que supõe deveria ser.

 

(...) não observam que o Direito é baseado justamente na dialética ancorada no princípio do contraditório para a solução das lides.

 

Ayn Rand: Se um homem de negócios comete um erro, ele sofre as consequências. Se um burocrata comete um erro, você sofre as consequências.

 

A metáfora do jogo de Katchanga. O Direito tornado Katchanga torna-se um jogo no qual o respeito das regras é opcional a critério do árbitro. (...) Quem se submete voluntariamente a um jogo que negas as próprias regras?

 

http://www.conjur.com.br/2012-jun-28/senso-incomum-katchanga-bullying-interpretativo-brasil

[No Direito, ainda hoje se acredita que é possível fazer interpretações cronofóbicas, factumfóbicas e a ahistóricas.]

[a visão do narrador (Menard), a escrita é um monumento ao nosso fracasso de não conseguirmos pensar nada além de nossas próprias ideias]

 

CAPÍTULO 7

AS FALÁCIAS AS SUPERIORIDADE MORAL ANTE A TRAGÉDIA HUMANA

Anamaria Camargo

 

Rosseau e William Gordwin acreditavam ser capazes de conceber uma humanidade nova e melhorada.

 

Os que não compartilham com a visão dos ungidos, são chamados por Sowell de “benightet”, os “sem luz”.

 

[A intelligentsia usa a técnica de] contornar a realidade [para implantar sua visão.] Eles não se ajustam à realidade; é a realidade que deve se adaptar a eles.

 

Que incentivos levam pessoas inteligentes a se satisfazerem e reproduzirem uma visão que não encontra suporte na realidade? [resposta]

 

O que a visão dos ungidos oferece é um estado de graça para aqueles que nela acreditam.

 

Uma discussão baseada nas regras comuns da lógica e das evidencias entre os ungidos e os ignorantes não é possível (...)

 

[O problema para os ungidos é que] a realidade teima em não cooperar.

 

Qualquer crescimento [econômico, social etc] entre o “nada”, que nunca existiu, e o “muito” que hoje há, é convenientemente ignorado.

 

Uma analogia mesmo que forçada, se for favorável à visão dos ungidos, será valida.

 

[Os ungidos] se definem como progressistas. Ora, todo mundo é progressista nos seus próprios termos, mas eles acreditam que este termo os diferencia e distingue. Este é mais um sintoma do seu narcisismo.

 

[Sobre a coletivização do posicionamento de indivíduos:]

É verdade que se uma pessoa ficar de pé em um estádio, ele terá uma melhor visão do jogo. No entanto não é verdade que se todos ficarem de pé, todos terão uma melhor visão.

 

Quando eles falam em “direitos iguais” estão, na verdade, falando de ter “privilégios” em relação a outros: uns pagam para que outros tenham.

 

Afirmação de platitudes: dizer que algo é “inevitável”; “Chegou para ficar”; “isto está ultrapassado”.

 

A visão restrita enxerga o melhor como o inimigo do bom.

 

São precisamente as divergências de percepção quanto à natureza humana e quanto às causas do que vivemos que originam todas as diferenças entres a visões. [percepção]

 

[Para não ter que reconhecer o insucesso dos programas de combate à pobreza, a intelligentsia usa do artifício de mudar o objetivo para garantir uma percepção de sucesso, p. ex.  redefini-lo como o de reduzir a pobreza através da transferência de renda.]

 

[De qualquer forma] não importa o que aconteça, (...) evidências se tornam irrelevantes.

 

TS: As pessoas sempre são sinceras quando acreditam em sua superioridade moral.

 

A cada nova “cruzada”, inicialmente, cabe aos ungidos “conscientizar” os ignorantes sobre o acerto de suas propostas de políticas sociais, atreve a exposição de suas virtuosas intenções.

 

[A visão dos ungidos] não é simplesmente uma visão do mundo e do seu funcionamento num sentido causal. É também uma visão de si mesmos e do seu papel moral nesse mundo é uma visão de uma retidão diferenciada. Não é uma visão da tragédia da condição humana: os problemas existem porque os outros não são tão sábios ou tão virtuosos quanto eles, os ungidos.

 

 

CAPÍTULO 8

THOMAS SOWELL CONTRA A “INEBRIANTE MISTURA DE NÚMEROS E RETÓRICA

Paulo Cruz

 

Darrel Heff em “Como mentir com estatísticas”: Muitas estatísticas se mostram falsas logo de cara. Só passam porque a magia dos números provoca uma suspensão do bom senso.” [estatística]

 

 

Von Mises: O incentivo que impele o homem à ação é sempre algum desconforto.

 

Imaginar (...) que toda e qualquer pessoa alcançaria resultados parecidos é negar a individualidade e tratar o ser humano como um autômato.

 

Evocar discriminação diante de uma situação social, sem analisar os pré-requisitos e as escolhas pessoais é um caminho fácil para quem deseja, em vez dos fatos, uma narrativa, em vez da verdade uma ideologia.

 

Russel Kirk: A ideologia, em suma, é uma fórmula política que promete um paraíso terreno à humanidade; mas, de fato, o que a ideologia criou foi uma série de infernos na Terra.

 

“Em defesa do preconceito” de Theodore Dalrymple.

 

Ainda que seja mais adequado julgar cada qual como se deve, individualmente, as circunstâncias são limitadoras. [percepção]

 

TS: Ser compreensivo ou não julgar um jovem com um background culturalmente limitado talvez pareça humano, mas pode ser o beijo da morte no que se refere a seu futuro. [preconceito] [cotas]

 

TS: As únicas épocas sobre as quais temos qualquer grau de influencia são o presente e o futuro, e ambos podem ser piorados pelas tentativas de restituição simbólica entre os vivos por algo que aconteceu entre os mortos, que estão muito além de nosso poder de ajudar punir ou vingar.

 

CAPÍTULO 9

QUANTO O “POLITICAMENTE CORRETO” É O MAIOR INIMIGO

Rosane Viola e Dennys Garcia Xavier

 

A posição dos intelectuais, a favor ou contra determinado conflito, acaba por sofrer uma influência temporal importante, no qual o evento está inserido.

 

A idéia de um altruísmo a qualquer custo é a de disseminar o pensamento de que o sentido da vida é dado por terceiros e que, então, não pertence ao próprio  indivíduo. [Isto caba ao intelectual “ungido”]

 

A grande questão que se coloca é: o que poderia ser mais irracional do que desconsiderar a agressividade humana.

 

Líderes de nações democráticas têm sempre à sua frente o desafio de uma eleição, logo não estão totalmente livres para decidir os rumos de seus países.

 

[O que interessa é o impacto que as decisões podem ter sobre o resultado das urnas.]

 

A sociedade é extremamente receptiva a opiniões que tragam em seu bojo mensagens de bondade e harmonia (...) a principal característica da opinião pública é a sua “maleabilidade”. [As redes sociais vieram bagunçar um pouco essa facilidade]

 

A imprensa utiliza de sua pretensa superioridade intelectual (...) bombardeando o público com informações alarmantes (...) a manipulação midiática se revela perniciosa quanto retira da sociedade o direito à verdade dos fatos.

 

A intelligentsia age como se sua função legitima fosse mesmo a de manipular e moldar as mentes, quase nunca realizando a nobre função de informar e revelar a verdade.

 

TS: A manipulação retórica é capaz de fazer perguntas de uma forma que torna a resposta desejada quase inevitável, qualquer que sejam os méritos ou deméritos concretos da questão.

 

CAPÍTULO 107

ACAO AFIRMATIVA: AFIRMATIVA NA PERSPECTIVA DE QUEM

Pedro Caldeira

 

A taxa de desintegração e desagregação da família negra nos Estados Unidos, que basicamente era nula mesmo durante o período da escravatura, cresceu vertiginosamente após a publicação da legislação (que favoreceu os Direitos Vivis e o Direito de Voto da população negra) e da introdução de medidas de proteção da população negra.

 

As disparidades sociais entre grupos em outras populações diminuem reconhecidamente em ritmo bem lento, pois baseiam-se em fenômenos que estão fortemente enraizados e que naturalmente tornam lentos esses processos.

 

O que se pretende com essas ações afirmativas?

 

O caráter “temporário” das ações afirmativas é sistematicamente desrespeitado, uma vez que as condições econômica e sociais que se pretendem eliminar coexistem há séculos e contraria-las não é tarefa para uma ou duas décadas.

 

TS: As pessoas são diferentes e isso ocorre há séculos. É difícil imaginar como elas poderiam não ser diferentes, uma vez que uma gama enorme de distintos fatores históricos, culturais, geográficos, demográficos e outros dá forma a habilitações, hábitos e atitudes particulares a grupos diferentes.

 

A reclassificação é uma estratégia usada por membros das castas superiores indianas para acesso aos benefícios trazidos pelas políticas de discriminação positiva (...). As estratégias de reclassificação passam por explorar a árvore genealógica até encontrar um antepassado que possa ser classificado como Intocável ou mesmo a aquisição de certificados de Intocáveis ao serem... adotados!

 

Um bom exemplo de reclassificação é o de negros de pele clara nos Estados Unidos que, no final do século XIX, classificaram-se como brancos quando isso lhes trouxe vantagens e, em meados do século XX, norte-americanos louros e olhos azuis foram em busca de antepassados negros quando se aplicaram ações afirmativas que beneficiaram a população negra.

                                                                   

 

A indolência tanto afeta os indivíduos dos grupos preferenciais como os dos grupos não preferenciais: os primeiros porque têm os seus “direitos” assegurados e assim não necessitam de se esforçar muito, os segundos porque sentem que um nível de engajamento elevado pode ser inútil.

 

Já relativamente às relações intergrupo, as ações afirmativas geram elevados níveis de ressentimento nos indivíduos dos grupos não preferenciais relativamente aos indivíduos dos grupos preferenciais, pois os primeiros consideram que são prejudicados.

 

Se há pais no mundo onde as desigualdades sociais são bem marcantes é a Índia: centenas de nacionalidades, dezenas de línguas, sobretudo duas religiões antagônicas e beligerantes, quatro castas que se dividem em estruturas extremamente hierarquizadas envolvendo dezenas de subcastas, dezenas de “de outras classes atrasadas” (como os Intocáveis). E foi precisamente na Índia que se desenvolveram as primeiras políticas de ações afirmativas no século XX (ou de discriminação positiva, como por lá são designadas) (...).

 

Ao criarem regulamentações que obrigavam o convívio entre castas, entre etnias, entre populações com diferentes religiões ou diferentes línguas, os autores da nova Índia e em seqüência os autores dessas políticas afirmativas colocaram mais lenha na fogueira e, com isso, potencializaram ainda mais os confrontos entre os indivíduos.

 

[Na Índia chegou-se ao ponto do] Parlamento criar cotas dentro de cotas, replicando cada vez mais o mesmo fenômeno e, junto com ele, a mesma falha.

 

A classificação e separação de pessoas em grupos sociais dilui o que há de humano nos indivíduos, tratando-os apenas e só como membros de um coletivo. O indivíduo deixa de ser um corpo e passa a ser parte de um corpo, logo, a sua necessidade deixa de ser humana e racional, para passar a ser uma necessidade subjetiva e ideológica.

 

[E o que é inevitável] apenas os mais afortunados participava das ofertas.

 

TS: Em síntese, a era da ações afirmativas nos Estados Unidos assistiu ao favorecimento dos negros mais afortunados, enquanto os menos afortunados perderam em termos de suas participações nas rendas.

 

Se se quer alcançar resultados efetivos e rapidamente, a política afirmativa ou de discriminação positiva deverá ser implementada no sentido da afirmação do indivíduo (auxiliando-o na construção de “seu caráter” como preconizava o dr. King) e não do coletivo.

 

 

CAPÍTULO 11

SOWELL CONTRA O MARXISMO ECONÔMICO-FILOSÓFICO: UMA APRESENTAÇÃO

Marcelo Rosa Vieira

 

(...) são as condições materiais que determinam o surgimento das ideologias [materialismo histórico, coisa de marxista].

 

Para Marx, os únicos que geram a riqueza capitalista são os proletários [Ele fingiu que não percebeu, entre outras coisas, que para o trabalho existir precisa do empreendedor capitalista, sem ele nada acontece.]

 

Para Sowell, Marx começa a contar a história da produção pelo meio com “firmas, capital e gerenciamento já existentes de algum modo, e precisando somente do trabalho para iniciar a produção”.

 

TS: O que se observa é que aqueles países cujos inputs envolvem menos trabalho e mais empreendimento tendem a ter, em larga escala, mais altos padres de vida, incluindo horas de serviço mais curtas.

 

O capitalista assume vários riscos ao investir na produção de determinado item pos o êxito do seu investimento está condicionado às preferências e caprichos do consumidor, cujas decisões são subjetivas e não raro imprevisíveis.

 

TS: Ao começar sua análise pelo meio, com as firmas sobreviventes estabilizadas, esperando para contratar funcionários, Marx ignorou a principal implicação a respeito das firmas falidas (a maioria das firmas no longo prazo) – que o risco é inerente à tentativa de antecipar a demanda do consumidor, e o lucro meramente proveniente do pessoal contratado para executar os aspectos mecânicos da produção de bens.

 

TS: Marx e Engels (...) desconsideram que o planejamento central seria uma perpetua tentação para os detentores do poder político em dirigir a economia inteira para a satisfação de seus próprios propósitos – incluindo o poder militar – ao invés de deixá-la servir o interesse dos consumidores.

 

[A partir de Sowell: o Estado comunista, de controlador da economia, precisa fazer tal qual um oficial do exército que, a fim de manter seus soldados ocupados, ordena que primeiro cavem trincheiras, depois voltem a tapá-las.]

 

Marx e Engels não perceberam que o discurso sobre a “sociedade ideal” poderia ser usado [como sempre o foi] para justificar toda espécie de mentira, repressão, genocídio, extermínio por parte de revolucionários oportunistas, corruptor ou mal-intencionados, os quais alegariam [e alegam] agir em nome dos reais interesses da classe trabalhadora.

 

TS: As visões que se opõem ao marxismo são logo dispensadas como “retrógradas” ou então descartadas no “lixo da história”, o que elimina a necessidade de se pensar sobre elas – estratégia desonesta que já era comum em Marx.

 

TS: O marxismo deve ser julgado como a arrogância de imaginar que uma sociedade inteira poderia ser construída a partir da base estabelecia pela visão de um único homem, ao invés de envolver a experiência de milhões de pessoas pelas gerações séculos afora.

 

CAPÍTULO 12

ELEMENTOS BASILARES DA ECONOMIA SOWELLIANA

Antero Neto, Nei Oliveira de Souza Júnior e Dennys Garcia Xavier (contato@mises.org.br)

 

TS: Na política, pouco importa quão desastrosa uma política pode se tornar, desde que as causas do desastre não sejam compreendidas pelo público eleitor.

 

A apropriação semântica de palavras por parte da intelligentsia, atribuindo a elas significados distintos ou até diamentralmente opostos, se tornou um recurso bastante relevante para os grupos de justiceiros sociais. (...) A inveja travestida de justiça social.

 

A intelligentsia (...) ignora os dados pretéritos e futuros da economia (...) e se mostram dispostos a interpretar os dados da maneira que lhes convém.

 

É muito fácil estar errado, e continuar errado, quando os custos de estar errado são pagos por outros.

 

CAPÍTULO 13

A ECONOMIA DO CONHECIMENTO EM SOWELL

Fabio Barbieri

 

Nossa época é hostil aos valores liberais. (...) [A atual ideologia dominante] nutre a ilusão de monopólio das boas intenções. [Mas] O monopólio moral é incompatível com o mercado livre de ideias.

 

Os defensores de “minorias” dividem o mundo entre os “esclarecidos e altruístas” e “ignorantes e egoístas”.

 

Os modernos ungidos imaginam que protegem minorias e salvam o planeta ao politizar, ou “problematizar” cada aspecto da vida, da vigilância sobre o sexo e etnia de atores na publicidade até a escolha de dietas, passando por modos de transporte e duração dos ganhos.

 

Sowell identifica 5 axiomas:

1 - problemas sociais existem [porque os ignorantes] não têm o conhecimento que os ungidos têm;

2 - desprezo por soluções descentralizadas (...) que sobreviveram a processos de aprendizado por tentativas e erros;

3 - condenação moral dos ignorantes pelos resultados não desejados pelos ungidos;

4 - os problemas podem ser evitados pela imposição da visão superior dos ungidos;

5 - as resistências contra as políticas dos ungidos se dão pelas limitações morais e intelectuais dos oponentes, não pelas leituras diferentes de evidencia complexa e inconclusiva.

 

Os 4 estágios típicos desse padrão ideológico são:

1 – uma crise é identificada;

2 – é proposta uma solução “definitiva” para o problema;

3 – constatação de resultados opostos aos desejados;

4 – e, por fim, a reação envolve afirmar que, se não fossem pelas políticas adotadas, os resultados seriam ainda piores.

 

A combinação entre presunção e ignorância é potencialmente explosiva.

 

[Descentralização com interação voluntária.]

 

Como coordenar os planos de ação entre todos os agentes?

 

O sistema de preços permite que a limitação do conhecimento dos agentes seja contornado.

 

Diante do caráter falível e disperso do conhecimento de todos, cada empresário baseia seus planos em suas hipóteses empresariais potencialmente errôneas, que são testadas no mercado, gerando lucro ou prejuízo, que resultam em aprendizado por tentativas e erros.

 

TS: No grande tabuleiro da sociedade humana, cada peça individual tem um princípio de movimento próprio, inteiramente diferente daquele que a legislação possa escolher impor sobre ela.

 

A economia é a triste ciência de revelar custos, ao passo que a política a alegre arte de escondê-los.

 

A falácia dos recursos ilimitados deriva da negação da importância da escassez relativa de recursos.

 

 

Para Hayek, a liberdade e os mercados permitem a cooperação com um grau menor de concordância sobre fins últimos.

 

CAPÍTULO 14

THOMAS SOWELL E AS POLÍTICAS URBANAS

Marize Schoms

 

Os fazedores de políticas públicas partem do pressuposto de que “sabem melhor do que as próprias pessoas onde todas devem morar”. (...)[O resultado é a imposição de] “um estilo de vida que as pessoas simplesmente não querem ter”.

 

O pensamento de Sowell sobre o fenômeno urbano parte da aceitação irrestrita da liberdade e da imperfeição da ação do indivíduo.  

 

 

CAPÍTULO 15

A VIDA IDÍLICA – E NADA INOFENSIVA – DO INTELECTUAL PÚBLICO

Nahman Matias de Mello Oliveira e Dennys Garcia Xavier

 

Pergunta a uma pessoa como os desenvolvimentos médicos, científicos e tecnológicos melhoraram a vida da sociedade, e ela, ainda que leiga, pode dizer no mínio três benefícios; pergunte à mesma pessoa o que o resultado de pesquisas dos sociólogos e descontrucionistas fizeram de forma tangível para melhorar a vida da sociedade!

 

A intelligentsia romantizou culturas que violam as suas mulheres, matam os deficientes e não aceitam a livre expressão, enquanto rechaçam aquelas que lutaram pelo fim da escravidão, pela livre expressão, pela prosperidade, pelos avanços médicos, pela lei e pela ordem. (...) Culpa o rico pela pobreza do pobre, argumenta que as rendas muito altas só podem ser suspeitas ou inaceitáveis, e, ainda sustenta, aqui e ali, que o antigo modelo soviético representa  uma melhor opção para essa desigualdade: as mortes nos campos de trabalho forcado e por dome certamente não foram contabilizadas.

 

TS: Alguns intelectuais tendem a gravitar em torno de instituições onde suas ideias ficarão menos sujeitas aos perigos do descrédito factual.

 

 

DIVERSOS COLETADOS

 

Pesquisar livros de Walter Willians – nenhum livro foi traduzido para o português mas no Mises tem alguns artigos dele.

Ver este: https://www.mises.org.br/article/2802/se-voce-e-contra-a-economia-de-mercado-voce-nunca-viveu-fora-dela

O sistema de preços, quando deixado a funcionar livremente, é um engenhoso método de comunicação e coordenação capaz de aprimorar substantivamente as condições de vida dos seres humanos.

 

O exemplo do cruzamento em Tókio.

 

Espírito contrarianista

 

Mediocridade socialista

 

www.tsowell.com

 

Civilização: ocidente x oriente para de Niall Ferguson