CONEXÕES A 0.0K BITS/SEG.
Faz tempo que andava à procura de respostas que explicassem nossas lutas (no sentido físico e mental) com nossas conexões. ALL longo das batalhas, obviamente, fomos aprendendo algumas coisas e desconfiando de outras.
Por exemplo, desconfiamos que os provedores não estão muito interessados em explicar as coisas. Parece que quanto menos soubermos, melhor (pra eles, evidentemente). Não os culpo. Estamos todos no olho de um ciclone, tontos, sem rumo, sem lenço, sem linhas e sem links.
Assim, antes de ir em busca de outro provedor por puro desespero, resolvi experimentar algumas promessas de links mais poderosos, mais isso e mais aquilo. De posse de algumas horas de conexão gratuitas, fui à luta e, para encurtar a conversa, ao final de muitas e muitas horas perdidas e uma conta telefônica astronômica, não saí do lugar, quer dizer, fiquei onde estava à espera de anunciadas novidades. Mas, ufa!, valeu! Afinal, aprendi um pouco sobre algumas das causas de nossas lerdas transmissões, conhecimento que desejo repassar para toda a gALLera.
Existe uma grande quantidade de variáveis que interferem no sucesso de uma conexão e elas vão desde o nível de umidade na sua casa até a qualidade dos servidores pelos quais sua conexão terá de passar. Mas penso que a angústia da maioria dos usuários seja em relação à taxa de transmissão dos dados. É apenas no sentido de colocar alguma luz no breu de uma transmissão a 5 ou 10 bytes/seg que resolvi escrever este texto. Dito isto, TELEs e noves fora, as conexões com provedores estão por um fio de cobre e quatro variáveis básicas:
a) a capacidade do link com o backbone contratado pelo provedor;
b) a capacidade do modem do usuário;
c) a quantidade de linhas de acesso;
d) o total de usuários associados ao provedor.
De posse destes valores, é possível estabelecer um índice que nos ajudará a compreender melhor o que acontece. Mas vamos por partes, diria Jack.
Em primeiro lugar é preciso saber que o K, na medida de link, se refere a bits e não a bytes. Assim, 512K significa um link de 512K bits/seg ou 524.288 bits/seg. (512 x 1.024) ao operar no máximo de sua capacidade de transmissão. Entretanto, apenas 85% dela está disponível para você, pois 15% são para o protocolo. Ou seja, a capacidade que está à sua disposição cai para cerca de 445.000 bits/seg.
Com o modem ocorre a mesma coisa, inclusive em relação à perda dos 15%. Assim, um modem de 14.400 bits/seg, transmite seus dados, no máximo, a 12.240 bits/seg. Parênteses: repare que isto corresponde a 1.530 bytes/seg, ou 1.5K bytes/seg, que significa a capacidade máxima de transmissão do seu modem.
De posse destes valores e dividindo um pelo outro, (link/modem) obtemos, um valor aproximado de 36, que seria, teoricamente, o número máximo de linhas que o link suportaria transmitindo a plenos bits (36 x 12.240 = 440.000 bits/seg). Entretanto, a estatística ensina aos provedores que eles podem ter o triplo de linhas porque elas nunca estarão transmitindo todas ao mesmo tempo e na capacidade máxima. Razoável. Assim, fazendo as contas, chegaremos a um total viável de 108 linhas para este nosso provedor fictício.
Determinar o último fator é que é o "x" da questão. Parece que nem os provedores nem os estatísticos, chegaram a um acordo razoável sobre qual deve ser o número de usuários por linha. Eles variam entre 8 (desejo dos usuários "americanizados") e 50 (desejo dos grandes provedores), apesar de existirem alguns operando com taxas ainda mais altas (ver Guia de Home-Pages e Provedores de Acesso encartado na IW Brasil). O que a estatística diz, é que eles não usam as linhas todas ao mesmo tempo. Para evitar maiores polêmicas, vou ficar com um valor, digamos, de 35 usuários por linha. Mas você fique à vontade para escolher o seu número de sorte (ou melhor seria dizer de azar?).
Agora podemos obter o que nos interessa, ou seja, o máximo de usuários que um provedor deveria ter. Basta multiplicarmos 35 pelo número de linhas e vamos chegar a um total IDEAL de usuários de 3.760.
Com esses dados podemos criar um IC (Indice de Conexão) que nos servirá para estimar o nível de qualidade esperado de uma conexão e para uma consequente análise comparativa entre conexões através de diferentes provedores. Para isto, basta dividir o número de usuários IDEAL pelo número de usuários REAL. Supondo-se que este nosso provedor fictício tivesse 5.000 associados, seu índice seria de 0,752, abaixo de 1 (1=ideal), ou cerca de 25% abaixo de um padrão ótimo.
Se o número de associados fosse igual ao IDEAL, o índice daria 1, representando 100% de qualidade. Caso o número REAL fosse menor que o IDEAL, o índice seria maior que 1, o que mostraria um provedor com qualidade excepcional e que ainda poderia crescer sem prejuízo à qualidade de seus serviços.
Com este critério, obtemos uma maneira de comparar a conexão por provedores que dispõem de diferentes links e, quem sabe, de descobrir um provedor, por exemplo, com um link de 64K, mas apresentando uma relação capacidade de transmissão vezes o total de usuários, melhor que um outro com link de 512K. Para conferir, é só pegar os dados, fazer as contas, comparar com o que você paga e tirar suas conclusões.
Evidentemente nós não temos como verificar a veracidade dos dados fornecidos por provedores. Por isso, acredito que o CG, a RNP, a EMBRATEL ou o Ministério das Telecomunicações terá que se incumbir de divulgar ao público usuário tais informações. Mas isto fica para o futuro.
Uma última observação: modifique uma das variáveis e raciocine sobre o que irá acontecer à sua conexão. Por exemplo, repare que se a capacidade do link for duplicada (num sistema já saturado) a sua conexão ficará muito melhor independente do modem que você usa.
RESUMO PARA CALCULAR O IC:
E tenha boas conexões.