CONVERSA DE GENTE GRANDE

 

 

Acostume-se, na Internet comercial tudo é experiência. Nos sites de ensaio deste laboratório tem muito tráfego com pouca banda; muita idéia com pouca utilidade; muito sonho com pouca realidade. E muito, muito dinheiro sendo investido e perdido. Nesse jantar de adesão ao webcasting, só tem gente graúda. E se você não é um deles, vá com cautela, sua parte na conta pode ir além da conta.

 

Para ajudá-lo a se posicionar neste jogo, vou provocar sua reflexão. Antes, fica acertado que vamos entender webcasting como sendo o canal de comunicação que permite a inserção de mensagens publicitárias via Web, quer seja ela “puxada” ou “empurrada”. Neste contexto, o site com banco de currículos com espaço para “impressão” do banner do patrocinador é tão webcasting quanto um ZAZ. Por enquanto, somos todos... new media.

 

Falando nela, critica-se frequentemente os profissionais de mídia das agências por só programarem os espaços consagrados. Ainda bem. Como profissionais responsáveis, eles procuram se manter a uma distância cautelosa de emoções fortes. Seus clientes são conservadores e é raro encontrar um que aceite ouvir sugestão de novos meios. Mas, acima de tudo, clientes não gostam de ver suas verbas aplicadas em veículos experimentais.

 

Clientes também são seres sensíveis a... números. Mas a numerologia de hits e page views não tem sido muito estimulante. Não é à toa que toda a nossa melhor imprensa online já caiu na vulgaridade do “anuncie aqui”. No que interessa aos anunciantes, a mídia tradicional é tão melhor que a Rede, quanto melhor a Web será no seu poder de interatividade online. Na Web você propõe e recebe (ou não) o clique-resposta do consumidor. E este é o ponto crítico. Até agora, o click-through tem sido mínimo para uma expectativa que é máxima. O que está errado, o conteúdo ou a forma? Perguntas. Mais experiências.

 

Como conquistar os clientes se ainda não podemos garantir que o banner será visualizado? Sim, porque graças ao repetitivo menu texto ou à informação contida no parâmetro “alt”, o usuário pode seguir em frente sem ter de esperar pelo completo carregamento da página. Ou seja, o que é bom para navegantes não é bom para anunciantes. Portanto, precisamos de mais experiências.

 

Façam suas apostas. Uns têm apostado numa Web-jornal. Outros numa Web-televisão. Mas a força desta tecnologia não está em simular o que já existe. Por isso, minhas fichas vão para uma Web-Web, uma poderosa ferramenta à disposição do marketing de relacionamento e uma tecnologia que tornará o computador um eletrônico utilitário no dia-a-dia de qualquer cidadão de qualquer classe média.

 

Independente do modelo vencedor, nesse ciberespaço, a propaganda terá seu espaço. Mas será que vai vingar a idéia de exibir publicidade enquanto é carregada a página solicitada? Qual será a reação do usuário: ira ou êxtase? E o que um assíduo paquerador em “chat” vai fazer depois de receber um anúncio de “ração” toda vez que digitar “Seu papo é maneiro. Você deve ser uma tremenda gata?” Será que o anunciante estará preparado para receber... o impacto da resposta? E já que fazer banner é banal, o que vai acontecer quando todos descobrirem que: a) banner no centro da tela é mais eficaz (sic); b) banner animado é muito mais eficaz; c) banner com a expressão “clique aqui” é muito, muito mais eficaz; d) banner com vídeo é...? Além do mais, tudo bem que você queira ser visto, mas não travando a minha máquina, não se apossando da minha CPU, não com o meu dinheiro pagando a “sua” conexão, não atrapalhando o meu trabalho. Quanto tempo suportaremos ser push-interrompidos minuto a minuto para os “vossos comerciais” ou para uma informação sem qualquer relevância?

 

O financiamento deste monumental laboratório de experiências está a cargo, principalmente, dos grupos de comunicação e, de forma agregada, das marcas nacionais de serviços e produtos de consumo. São os que, seja pela natureza da atividade seja pelo porte, não podem ficar fora deste processo. Correm os riscos e arcam com os custos para terem os benefícios da ousadia. Às pequenas e médias empresas está reservado um papel especial: esperar pelo melhor. Sem perdas, mais barato e já testado. “Quem ainda não tem tamanho não se mete em conversa de gente grande”, já dizia minha mãe. E era melhor respeitar, se não a gente acabava sofrendo as conseqüências.