E-Dicas

 

O email já é a principal ferramenta de comunicação no ambiente profissional. Ele agilizou o processo de comunicação (baixo custo, informalidade, rapidez e registro) e tornou ainda mais obsoleta a função de secretária. Entretanto, o seu rápido sucesso gerou sérios problemas quanto ao gerenciamento de mensagens. Existem executivos que perdem de 2 a 3 horas por dia respondendo emails. Um amigo, diretor em uma grande empresa, contratou um profissional que ele chama de “Respondedor” para todas as terças e sextas ir à sua sala responder os emails. “Eu simplesmente não tenho tempo pra isso”, diz ele. Em matéria na Info Exame, Alfredo Nicolau Benito, diretor financeiro da Ericsson, diz que “tem 30% do seu expediente tomado por correio eletrônico” e usa a técnica de ler as primeiras linhas e fazer uma rápida seleção.

 

No curto prazo concordo com os que pensam que esta situação vai piorar cada vez mais. Entretanto, no médio e longo prazo, a tendência é melhorar, e muito, pelas seguintes razões: a) recursos de filtragem mais poderosos nos programas de email; b) serviços direcionados a solucionar problemas específicos; c) usuários cada vez mais hábeis no uso da ferramenta.

 

Quanto à primeira razão, nada podemos fazer. É uma tarefa para os desenvolvedores dos principais aplicativos de email do mercado. A segunda está a cargo dos empreendedores da web. Algumas soluções já existem como sites de redirecionamento que filtram emails. E tenho a esperança que provedores de acesso com visão venham a oferecer serviços de filtragem com opções para o usuário configurar a seu critério. Mas é na terceira que cada um de nós terá que se aprimorar para não enlouquecer. Seja no meu próprio comportamento, seja no de meus colegas de trabalho ou nos que me enviam email, observo que temos muito a aprender e praticar para que venhamos a usar o email de forma mais eficiente e produtiva. Para dar uma ajuda neste processo, comento alguns itens importantes e sugerindo como as pessoas deveriam proceder (na minha humilde opinião).

 

Usando Campo BCC

Se você quer enviar cópias do seu email para outras pessoas, esqueça o campo “CC”. Para facilitar, coloque na sua mente um “proibido usar o campo CC”. A partir de agora, coloque os demais destinatários de sua mensagem no campo BCC. Isto tem duas conseqüências: a) você não divulga para a humanidade o email de outras pessoas que não o autorizaram a fazer isto; b) você evita que todos saibam para quem você mandou a mensagem. Na comunicação profissional, isto normalmente é o mais recomendável, pois você não corre o risco de fazer um comentário jocoso sobre alguém e a mensagem cair na caixa postal deste “alguém”. Mesmo nos casos de grupo de trabalho use o “BCC” e inclua no final da mensagem a lista das pessoas a quem o email foi enviado.

 

Enviando Cópia

Pense 10 vezes antes de decidir se você deve enviar cópia para outras pessoas numa comunicação que começou pessoa a pessoa. Na dúvida, não envie. Sugira na própria mensagem que o destinatário poderá enviar cópia para quem desejar. Mas se for realmente necessário enviar uma cópia, verifique antes se você escreveria para esta outra pessoa as mesmas coisas e do mesmo jeito. A linguagem que utilizamos está diretamente relacionada ao tipo e à qualidade da relação que temos com cada pessoa. Não observar isto é sempre uma fonte de problemas e de mal entendidos.

 

Usando Redirecionamento

 

O que eu disse para cópia vale para redirecionamento (redirect) ou prosseguimento (forward). Você não deve nunca tomar a decisão de enviar uma cópia de uma mensagem que você recebeu de outra pessoa. Em vez disso, retorne ao remetente sugerindo que ele comente aquele assunto com outras pessoas. E se sua caixa postal lhe foi dada pela empresa, para atender suas necessidades de comunicação no exercício de suas funções, nunca, mas nunca mesmo, dê continuidade a correntes ou qualquer outra mensagem do tipo “Fulaninho tem uma doença....”. Mesmo sendo sua caixa postal particular, também não o faça. Se você quer ajudar alguém, dê uma olhada para fora de sua janela. Você vai encontrar alguém precisando de sua ajuda, seja ela em dinheiro, em palavras de apoio ou estímulo.

 

Usando Arquivos em “attached

Não envie. Se você está mandando um currículo ou um texto no qual as formatações não são importantes, coloque no próprio corpo da mensagem. Na dúvida, pergunte ao destinatário se ele quer receber o arquivo e em que formato. E livre as pessoas daquelas charges animadas que você achou muito engraçadas. Se você tem arquivos grandes (mais de 1 MB), prefira enviar por FTP. Se você não sabe como fazer isso, peça ajuda a quem dá suporte à sua empresa. É tão fácil quanto enviar um email e muito, muito mais rápido.

 

Limitando o Tamanho das Mensagens de Entrada

Configure seu editor para não baixar mensagens com mais de 50K, pois a chance é grande de ser algo que não lhe interessa. Este recurso funciona assim: o seu programa de email recebe o cabeçalho da mensagem e compara o tamanho com o limite que você configurou; se ela for maior, ele baixa apenas as primeiras linhas da mensagem e habilita um botão pra você acionar caso resolva recebê-la integral. Isto evitará uma boa parte das MNS atuais que vêm com imagens.

 

Usando Nicknames

Costumamos encher o “bookmark” com os endereços de email associados ao primeiro nome da pessoa. Isto pode lhe causar problema. Ele vai ocorrer sempre que você “pensar” que tem um determinado “nickname” na lista mas na verdade não tem. Digamos que você configurou “Neuza” associado ao email Neuza@qualquerdominio.com.br. Entretanto, na hora de usar, colocou no campo “to” a palavra “neusa  com “s”, ou seja, como não há um nickname “neusa”, o campo “to” ficou apenas com a palavra “neusa” em lugar de ter sido substituído pelo email correto. Não sei se todos os editores de email agem da mesma forma, mas o Eudora não acusa qualquer erro e envia a mensagem. Acontece que existem provedores de acesso que configuram seus servidores de email para redirecionarem para seu próprio domínio um endereço que venha sem domínio. Assim, o destinatário do email, neste exemplo, seria neusa@seuprovedor.com.br. Pronto, está criado o problema. Se não existir o user-idneusa” no seu provedor, tudo bem, mas caso haja, uma mensagem confidencial terá caído em “email errado”.

 

Uma maneira de diminuir o risco nestes casos, é configurar seu editor de email para “expandir” o nickname. O editor vai continuar não dando erro quando você digitar algo que não exista no “bookmark” mas você vai se acostumar em sempre ver o email ser colocado no lugar do nome digitado. Quando isto não ocorrer, você irá perceber que algo está errado. Uma outra atitude a tomar é fazer um teste para saber como seu provedor opera. Verifique qual é o email do departamento de

suporte do seu provedor. Digamos que seja "suporte@seuprovedor.com.br".

Envie uma mensagem para "suporte" mas sem colocar “@seuprovedor.com.br”. Se a mensagem voltar com erro de endereçamento, tudo bem. Você está livre do problema. Caso contrários, é porque seu  provedor tem como “default” redirecionar qualquer seqüência de caracteres no campo "to" sem "@dominio" para

“user-id@seuprovedor.com.br”. Neste caso, tente mostrar o problema ao suporte. Talvez você consiga convencê-los a mudar a política de configuração do servidor de email.

 

Usando filtros

O treinamento no uso de filtros deveria ser obrigatório em todas as empresas. Talvez seja o recurso mais importante em um programa de email. Além de livrá-lo de muitas mensagens inconvenientes e de chatos, você ganha muito tempo na administração do arquivamento e na recuperação de mensagens.

 

A primeira função do filtro é... filtrar. Mande para a lixeira todas as mensagens provenientes de um determinado email, domínio ou pessoa e/ou que contenham uma determinada seqüência de caracteres no cabeçalho ou no corpo.

 

A segunda função é de redirecionar. Isso é muito útil quando um email é usado para a comunicação profissional. Você pode configurar para a mensagem ser redirecionada para outra pessoa ou departamento quando no “subject” ou no corpo da mensagem vem alguma palavra ou frase específica..

 

A terceira função, também na comunicação profissional, é a de redirecionar para pastas específicas.  Crie uma estrutura de “folders” de acordo com a natureza dos remetentes ou da natureza dos assuntos que você costuma tratar. Você pode ter apenas uma pasta para “fornecedores” ou ter um “folder” e subdividir em uma pasta para cada fornecedor e, até mesmo, subdividir a subpasta  de um fornecedor de acordo com o tipo de assunto.

 

O que você deve ter como compromisso é manter sua caixa “in” o mais limpa possível. E livre-se do que não tem relevância. Mas se você é daqueles que tem certa dificuldade em mandar mensagens para a lixeira, crie duas pastas: “Diversos In” e “Diversos Out” e, enquanto você não sabe que destino dar a algumas mensagens enviadas ou recebidas, vá arrastando tudo pra lá.

 

Escrevendo Mensagens

Seja direto. Seja breve. Antes de fazer todo um relato, primeiro pergunte se a pessoa já tem conhecimento do assunto.

 

Mas a melhor estratégia ainda é o bom senso, tanto na empresa quanto fora dela. Se você vai enviar um email para um colega de trabalho procure ser objetivo. Deixe claro no “subject” qual é o propósito da  mensagem. Evite atachar arquivos sem que a pessoa lhe tenha solicitado. Se tem certeza que precisa enviar, verifique se pode ser em formato “txt".

 

Não divulgue seu email de trabalho para todos. Cuidado com os grupos, lista de discussão e outras coisas do tipo, seu email pode cair na mão de terceiros para envio de publicidade variada.

 

 

Usando ou não acentuação

Esta questão envolve dois problemas. O primeiro diz respeito a como os servidores de email interpretam as mensagens. Uns o fazem corretamente mas outros substituem caracteres acentuados por seqüências de caracteres que tornam a mensagem ilegível. O único jeito de saber é enviando uma primeira mensagem acentuada e pedindo para o destinatário informar se ele a recebeu corretamente acentuada ou não. Mas creio que este problema já é muito raro.

 

O segundo ponto é relativo à informalidade do texto. Será que você pode abreviar palavras? Pode esquecer os acentos e cedilhas? Bem, a resposta para esta questão você deve procurar verificando quem é o destinatário. Quais são os padrões dele. Aqui vale a regra de que cada email é um caso.

 

Dando “reply

O primeiro reply, OK. O segundo, tudo bem. O terceiro... êpa, já está ficando longo demais. O email não é para ser um arquivo de log, aquele que contém todos os passos realizados. Se é para dar o terceiro “reply”, inicie uma nova mensagem. Se for necessário, inicie a mensagem com o resumo do que já foi acordado até aquele momento. Mas isto normalmente não é necessário porque o padrão é de todos arquivarem as mensagens até que o processo (ou relação) tenha terminado.

 

Backup

Faça você o backup de suas mensagens. Crie um “bat” para copiar os arquivos de mensagem para outra unidade (outro HD, disquete ou ZIP). Coloque o ícone bem no meio de sua tela para estar sempre sendo lembrado. Acostume-se a executar o “bat”, por exemplo, como primeira ação ao começar a usar o seu micro. Se você souber como fazer ou tiver quem saiba, programe a execução do backup para uma determinada hora do dia.

 

Como achar um email

Aprenda a achar emails usando a ferramenta de pesquisa de seu editor. Você vai ficar impressionado com o tempo que você irá ganhar.

 

Treinamento

Se você é chefe, dê treinamento à sua equipe no uso de todas as facilidades do programa de email. Penso que hoje não há investimento de treinamento mais rentável que este.

 

Se você é subordinado, exija de seu chefe que o treinamento lhe seja proporcionado. Dentro ou fora da empresa.

 

Mensagens Não Solicitadas

Se você já usou os recursos de filtro mas o volume de mensagens não solicitadas ou o que chamam de “spam” ainda está muito elevado, está na hora de trocar seu email. Eu já fiz isto 3 vezes e não tive maiores problemas. Crie um novo email, comunique-o ao seu círculo de relacionamento, mantenha o email antigo por um tempo até que você perceba que nada mais de relevante ele recebe. Você faz esta verificação melhor através do recurso de webmail.

 

Proteja-se

Os especialistas em segurança de rede são unânimes em afirmar que o maior risco na quebra da segurança vem de dentro das próprias empresas e não de fora. Eu tenho um caso para contar.

 

Dia desses, nossa rede apresentou problemas e ficamos sem conexão à internet. Mas a minha máquina tem uma conexão independente exatamente para servir de alternativa nestes casos. É minha responsabilidade baixar os emails de todas as caixas postais da empresa. Ao fazer isto para o email de um de nossos executivos, recebi uma mensagem com o subjectTransa Gostosa” e 10 imagens “jpgatachadas mostrando um casal em plena prática. Imagens que deixaram uns boquiabertos e outros excitados, com certeza. Acontece que o email de origem da mensagem era de executiva do cliente com quem mantínhamos relacionamento diário! Uma respeitável senhora, pelo menos era o que pensávamos até segundos antes de ver as imagens.

 

O que poderia ter acontecido?

 

A primeira hipótese era que a mulher tinha perdido o juízo tamanho sua tara pelo nosso executivo. Tem gente que exagera e tem gente pra tudo mas...  Ela havia enviado para um email profissional e não particular e ela sabia, porque já lhe havia sido dito, que aquela caixa postal era constantemente vista pela assistente do departamento.

 

A segunda hipótese foi de envio para o destino errado. Digamos que fruto de um “nickname” errado. Ela poderia ter uma relação, digamos, mais íntima com o José Carlos, nickname “jose” mas enviou a mensagem para “jc”, nickname de José Carlos, nosso executivo.

 

Mas a terceira hipótese analisada se mostrou a mais plausível. Alguém, inimigo(a) de trabalho, sabendo de uma possível atração desta por aquele ou daquele por esta (quem sabe?)  e desejando “aprontar alguma”, enviou uma mensagem como se a outra fosse.

 

Email é uma ferramenta poderosa. Para o bem ou para o mal. Como todas as ferramentas, o resultado do uso depende da habilidade e da intenção de quem as usa.

 

O final da história? Bem, optamos pela terceira alternativa, deletamos a mensagem, as imagens e nunca tocamos no assunto com ela.

 

Se você tiver alguma sugestão ou “case” para contar, envie um email para webmaster@sendme.com.br.

 

Rio, 14 de abril de 2001