EU NÃO BISBILHOTO,

TU NÃO BISBILHOTAS

MAS ELES NOS BISBILHOTAM.

 

 

Parece que no ambiente Internet, o ano da graça de 1997 vai ficar marcado como o da bisbilhotagem generalizada. Só o futuro confirmará. No presente, tentemos entender um pouco do que acontece.

 

No primeiro quarto deste ano, a palavra mais mencionada na Rede deve ter sido “cookie”. E, diferente do que você poderia pensar, “cookie” não é “biscoito”. É apenas um arquivo texto (repito pela importância: arquivo texto) gravado no seu HD por conta e ordem dos responsáveis por alguns sites que visitamos em nossas navegadas.

 

Mas cuidado com o que andam dizendo por aí. Um “cookie” não é bom nem mau. Não é um executável, é um simples arquivo texto e, portanto, nem mesmo pode transmitir um vírus. Nem por isso é inofensivo. Como tudo na vida, ele pode ser usado para o bem ou para o mal, tudo depende da mente - sã ou insana - que o concebe.

 

A primeira utilidade de um “cookie” - a que deve estar na origem de sua invenção - é a de identificar um usuário em acessos futuros. Para os menos “entendidos”, lembro que nossa existência na rede é virtual, ou seja, a cada acesso recebemos um endereço diferente, mais conhecido por IP dinâmico. Portanto, não adianta um site guardar o IP de um visitante, pois num momento seguinte aquele IP poderá estar associado a uma outra máquina, de um outro usuário. É como se o seu número de telefone mudasse a cada vez que você fizesse uma ligação.

 

Como todo problema exige uma solução, alguém teve a idéia de gravar um arquivo na máquina do usuário contendo uma informação orientadora. Imaginemos um site que fornece o horóscopo diário. Na primeira vez que você o acessa, ele pede a data do seu aniversário e a grava como parte de um “cookie” no seu HD. Na próxima vez, o servidor verifica se existe o “cookie” gravado no seu HD e, se existir, ele descobre o seu signo pela data gravada e, automaticamente, apresenta uma página com o seu horóscopo do dia.  Neste exemplo, o “cookie” foi a ferramenta que permitiu o serviço ser customizado.

 

Mas, como já disse, tudo depende das mentes que comandam os sites que você visita. A coisa evoluiu e a turma começou a ver que através de “cookies” poderia fazer muito mais coisas. Poderia, por exemplo, bisbilhotar por onde você navega, descobrir, como dizem, suas preferências para poder oferecer, justificam, mais e mais informação a você.

 

Mas não são apenas os “cookies” (e nem acho que seja o mecanismo mais perigoso) que servem aos objetivos da bisbilhotagem. Hoje proliferam (lá na matriz), sites dos mais variados propósitos cuja atividade principal é “varrer”, contínua e sistematicamente, a Rede à procura de “alguma coisa” que atenda a interesses mercadológicos não explicitados. Assim, enquanto você pensa que está no controle da navegação, por trás da página que está sendo carregada, alguém está bisbilhotando seu HD. Sem a sua autorização.

 

A isto vovó chamava de “descarada bisbilhotagem”. Os mais modernos chamam de invasão de privacidade. Dois grandes nomes estão à frente no momento: PointCast e DoubleClick. Ambos, por enquanto, com uma aparência bem inocente. Não tenho muito mais a dizer, a não ser, cuidado. Para quem tem Windows 95, olho vivo na imagem do modem. Se as luzes piscarem depois da página carregada, é provável que tenha gente bisbilhotando sua máquina.

 

Para um melhor controle de “cookies”, procure no seu browser pela opção que obriga a uma mensagem sempre que houver uma tentativa de gravação. Quando habilitada, ela fornece a opção de aceitar ou não o “cookie” na hora em que ele chega. Na dúvida, rejeite. E tenham uma boa navegação.