UM
SITE É O SITE E SUAS CIRCUNSTÂNCIAS
“As
pessoas que vão para a frente neste mundo são as que levantam e procuram as
circunstâncias que querem. Se não as encontram, criam-nas.” George Bernard Shaw
A citação de Bernard Shaw, me chegou,
providencialmente, graças ao "Valdomiro Froelich Junior"
<junior@blumenau.unimedsc.com.br>, a quem eu agradeço pela “mensagem não
solicitada”. A conclusão que se tira da frase é que, independente dos seus
esforços, você só vai pra frente se as circunstâncias lhe forem favoráveis.
Se estivéssemos ao vivo e em cores, meus
jovens leitores estariam agora se levantando e bradando contra tamanha
blasfêmia. Os jovens, por jovens, precisam crer que eles são capazes de tudo. E
são. Só que não só. Como não somos
corretamente instruídos, muitos de nós vai passar 10, 15, 20 anos - alguns a
vida inteira - se culpando por não conseguir transformar seu esforço, sua luta,
Os especuladores de mercado, de qualquer
mercado, têm como técnica básica, elementar, descobrir, primeiro, a
circunstância, para depois saber o que fazer com ela. Como o público da IM não
é formado por operários da esperteza, temos que ir atrás das circunstâncias que
farão o sucesso de nossas idéias.
A principal circunstância da rede é.... ser
uma rede. Rede é um conjunto de entidades (nós) que se interconectam de tal
forma que, individualmente, só podem ser acessadas através de outra entidade
(nó) pertencente à rede. Reparou no interconectam? Reparou no só? Perceba que
não existe outra forma de chegar até um nó se não for através de outro nó.
No mundo das lojas físicas, você não pertence
a uma rede. No máximo você que vende sapato está na mesma rua da loja de meias.
Mas é só. Seus clientes chegam a você por duas formas: a) têm o seu endereço;
b) passaram na calçada e viram sua loja. Sua divulgação, portanto, tem que ser
pra todo mundo porque você nunca sabe onde está seu potencial cliente nem
quando ele estará interessado em sua mensagem. A técnica é ter o maior e mais
bonito letreiro e fazer publicidade onde lhe for possível. E você acaba de
descobrir a fonte das inseguranças que todo publicitário tem, por mais pesquisa
que tenha. A pergunta que nós sempre
evitamos responder é: vai dar retorno? Mas isso já é outro assunto.
Retornemos. A circunstância da Rede é que ninguém passa na frente da sua web-loja e
você não tem a menor idéia de onde seu público-alvo está, ou melhor, está
vagando pelo ciberespaço. Não conhecendo sua URL, só existe uma maneira de alguém
chegar a você: clicando sobre um link presente em outro site. Acabo de receber
uma ligação de um provável cliente que me diz: “cheguei a você através do
site....” Ôpa! Então taí a solução, Paulão! É só ir inserindo banner pelos
sites da vida e entrar numa dessas “comunidades” feito LinkExchange, Intersites
e tantas outras. Fácil fácil, mole mole.
Sinto muito, mas não é não. Essas pretensas
comunidades são mecanismos, creio que eficientes, de fazer dinheiro para seus
proprietários, e não ajudar os otários que participam delas. Que ninguém se
ofenda. Mas é o que somos quando acreditamos nestes sistemas, porque, ao mesmo
tempo que sabemos que nossos visitantes não clicam nos banners que
exibimos, ficamos esperando que apareçam
visitantes vindos de outros sites. Se vale aqui, vale lá. Não é não? Semana
passada saltei fora de um. Não pretendo repetir a experiência.
O mecanismo correto é o que os americanos
chamam de “cross-links”. Eu, tupiniquim que sou, chamo de “aliados
estratégicos” porque este é o conceito que permitirá que você troque (cruze)
links com outro site de modo produtivo para ambas as partes. O fluxo na Rede só
existe com base na credibilidade dos nós. Ela é o motor do tráfego. É a
responsável por todos os cliques que a cada segundo são dados pelos mouses
afora. E todo link está impregnado da credibilidade do site (mais uma
circunstância) no qual ele estava inserido.
Com isto em mente, fica fácil responder à
pergunta “Onde está meu público-alvo?” Está logo ali, a um clique de distância,
naquele site que tem um conteúdo complementar ao seu. Para o site da empresa de
treinamento em Internet, está no site da revista que fala sobre Internet. E
vice-versa. Mas o da revista também está no site da associação dos provedores
de acesso. E à associação interessa ter o site da revista como aliado. E por ai
vai.
A Rede tem suas circunstâncias mas você tem
que criar suas próprias circunstâncias. Na Rede isto é muito mais possível que
no mundo físico. Identifique um site que possa ser seu parceiro. Vá até ele,
apresente seu site. Se ele gostar, proponha uma troca. Ambos criam uma seção em
suas homepages denominada “Aliados Estratégicos” e colocam o banner do outro.
Mas esqueça número de acessos. Isto não vale neste sistema. Estamos falando de
qualidade e não de quantidade. Se o desequilíbrio for muito grande, inclua a
variável tempo e tudo se resolve. E assim você vai formando sua comunidade
baseada nos interesses que lhe são afins. Você estará dando informação valiosa
para seus visitantes - URLs de sites com alto índice de pertinência - e os
visitantes do seu aliado terão a possibilidade de lhe acessar, pois o mesmo
estará acontecendo por lá.
Finalizando, penso que podemos classificar as
URL’s para outros sites em 4 grupos:
1) links (sob banner) de patrocinadores e
anunciantes do site - recompensa por valor monetário;
2) links (sob banner) de sites correlacionados
(alianças estratégicas), em página especial - recompensa por troca de presença
e eventual parceria em negócios;
3) links (sob banner) de sites de empresas
coligadas ou que participaram do desenvolvimento do site, em página especial -
recompensa por incremento na formação de imagem de grupo ou crédito de autoria;
4) links (sem banner) de sites dos amigos,
assinantes etc., em página especial - recompensa por amizade ou marketing de
relacionamento.
Paulo Vogel
P.S.: Falei com o Marcos sobre o CPM. Ele me
esnobou e disse que eu precisava mais do Armazém para exemplo nos meus artigos
do que o Armazém precisava das minhas citações para vender café. E sem qualquer
modéstia, me convidou para ver sua nova loja dentro de outra loja. Pode isso?
Não é que ele botou uma loja do Armazém do Café dentro de uma loja de louças e
móveis? A coisa é tão integrada que eu presenciei uma senhora pegar o café e ir
sentar numa mesa que estava à venda por alguns reais e 99 centavos. Esse Marcos ainda me paga, pois além de não
me pagar ainda pega minhas idéias (que pretensão!!!) para o mundo virtual e as
realiza no mundo real. Só me resta bater palmas.
Rio, agosto de 1998