SPAM

O PERIGO DA INTOLERÂNCIA

Revisão sobre o texto publicado no no. 2 da INTERNET BUSINESS 

 

Sou um sujeito do contra. Tanta gente apoiando esse novo “voyerismo” para descobrir “suas/minhas” preferências na Rede (sejam elas quais forem) e eu, muito pelo contrário, sendo contra. Agora é a questão da propaganda não solicitada, intencionalmente confundida com spamming. Novamente sou do contra, pois sou a favor. A tentativa de comunicação é um direito inalienável que precede o direito de recusá-la. Se o telemarketing está aí sem sofrer “anti” campanhas, por que tentar inibir uma ação que explora o potencial da Internet? Custo para o receptor? Conversa. A recepção de fax é muito mais cara e ninguém reclama. Baixo custo para o emissor? Experimente saber quanto custa criar, manter, atualizar e usar um bom banco de dados com endereços eletrônicos de consumidores que estejam dentro de um target que lhe interessa.

 

Mensagem mal direcionada é lixo que causa repúdio. Portanto, o problema não é a mensagem não solicitada, mas como o recurso é (mal) utilizado (spamming). Trabalha mal quem posta mensagens (de qualquer natureza) sem levar em conta os receptores. Em pessoas, é falta de educação. Em empresas, é pura incompetência e prática de “marketing autofágico”. Concordo que ainda não temos mecanismos eficientes para atingir com precisão o público-alvo, assim como, quando usuários, ainda não temos filtros eficazes contra o que não nos interessa. Mas a complexidade e eficácia das ferramentas crescerão na medida do crescimento da Rede. É só esperar.

 

Sou a favor da MNS porque quero extrair da rede informações úteis e valiosas e se existe alguém ofertando o que estou querendo comprar, eu quero saber. Não tenho encontrado resposta ao perguntar qual a diferença entre mala direta impressa e a eletrônica. Qual a diferença entre anúncio “não solicitado” e mensagem eletrônica “não solicitada”? Que me perdoem os radicais, estando no to ou no from, prefiro a eletrônica.

 

Falando em radicais, chamo atenção para algo grave que está acontecendo. O Estado tem mostrado lentidão na compreensão do que seja a Internet e, por esta razão, a atividade de provimento de acesso ainda não mereceu a devida atenção dos poderes legislativo e judiciário. Acompanho uma lista de discussão criada para fazer campanha contra spamming e tenho lido mensagens postadas por webmasters dando conta que estão filtrando endereços (com ou sem o conhecimento dos titulares da empresa) porque não toleram MNS. Já criaram até uma black list. Confundem o lícito direito de expressar uma opinião com arbitrariedade. Infringem a lei ao recusarem cumprir seu papel na cadeia de comunicação entre remetente e destinatário. Contra esta ilegalidade cabem ações em defesa de direitos consagrados.

 

Como então você deve lidar com o spamming? Com tranqüilidade. A Internet é uma tecnologia à disposição do marketing de relacionamento. E nenhuma atividade de negócios poderá deixar de usá-la onde e quando se mostrar eficaz. Siga alguns princípios. Quando precisar enviar MDE (Mala Direta Eletrônica), construa uma lista com base na qualidade e não na quantidade de endereços. Depois, avalie - com uma boa dose de humildade - o que você tem a dizer e pergunte se está oferecendo algo realmente de valor às pessoas selecionadas? De preferência, crie uma lista de distribuição. Mande a primeira mensagem compulsória, mas condicione a recepção de novas mensagens a uma explícita manifestação do usuário. O ponto mais importante, entretanto, é ser sintético. Não queira contar todas as vantagens do seu produto ou serviço em um só email. Acredite, ninguém vai ler. Além do mais, propaganda é foco. Estimule a curiosidade. Os interessados virão a você pedindo mais informação. Com até dois parágrafos, de duas ou três linhas, você ganha o respeito do destinatário e não arrisca a imagem de sua marca. Contrate um bom redator publicitário, valerá cada centavo, tenha certeza. E não responda a eventuais agressões. Quando inscrevi compulsoriamente mais de 1600 pessoas em minha lista INTERNET MARKETING, recebi apenas três respostas malcriadas. Não acho que ser agressivo é um direito, mas ignorar (deletar) ainda é a atitude mais fácil, mais rápida, mais barata e, consequentemente, melhor. Portanto, resista. E se ainda sentir vontade de responder intempestivamente, resista.

 

Para encerrar, friso que não há nada na letra ou no espírito das leis, que limite o número de mensagens que se possa expedir por qualquer meio. E não será a intolerância de alguns que mudará isto. Ainda estamos numa democracia.

 

 

BOX: UM BOM EXEMPLO DE MENSAGEM NÃO SOLICITADA

 

A Terasoft Ltda. está no caminho certo. Fez spamming obedecendo a alguns princípios. Aposto que obteve bons resultados.

 

Já no campo assunto ela identificou o conteúdo:

“Sistema Integrado de Gestão em Windows95 / Client-server”

 

No início da mensagem, identificou o público-alvo:

 

“Ilmo. Sr.

Diretor Financeiro, Controller,

Diretor Comercial ou Gerente de Informática”

 

No primeiro parágrafo, justificou sua mensagem não solicitada com um mínimo de elegância:

 

“Identificamos casualmente o e-mail de V. Sa. na  Internet e tomamos a liberdade de mandar esta rápida mensagem na expectativa de que este assunto possa interessar.”

 

Poderia ter sido melhor se tivesse sido mais sucinta (foram 5 parágrafos). Em contrapartida deu uma explicação final para tranquilizar o destinatário:

 

“P.S.: pedimos nossas escusas pela intromissão informando que V. Sa. não será mais por  nós endereçado, salvo se manifestar desejo em contrario.”

 

 

Rio, 15 de outubro de 1997