A TV CAI NA REDE

 

A televisão está caindo na Rede? Pensei que ela estava apenas sendo envolvida pela grande teia. Sinto-me confuso. Como você e todos. Analistas, consultores, jornalistas, futuristas e istas de outras paragens, mal temos tempo de entender uma coisa e nos vem outra e outra e outra. Leia isto.

 

A NBC, uma grande rede de televisão, está trabalhando em um projeto onde os espectadores de eventos esportivos poderão pegar a biografia dos jogadores e... use sua própria imaginação.

 

A IBM, uma grande empresa de hardware, acaba de formar outra empresa para criar e comercializar jogos de computador que possam ser acionados pela Internet. 

 

A Microsoft, a maior empresa de software do planeta, através da Microsoft Networld, um dos seus braços (melhor seria dizer, tentáculos?), está implantando uma programação internacional orientada a serviços e reforçando o conteúdo do site na Web. Não basta. Ela quer mais. Está criando um decodificador digital que se conectará a TVs para fornecer programação de ida e volta.

 

Agora preste atenção na combinação das atividades da C/Net. Ela se anuncia como uma produtora de shows para televisão e sites na Web. Ela desenvolveu um novo serviço, o Snap!, que oferecerá "canais" de notícias e entretenimento.

 

Estes são apenas alguns exemplos. Todos os dias novas e velhas empresas geram projetos andróginos, misturando ingredientes conhecidos na tentativa de criação de um novo ser. Qual será o resultado destas misturas? Quantos e quais destes projetos irão sobreviver à vontade do webespectador? Além do mais, esta nova tecnologia tem um potencial tão infinito quanto imensurável.

 

No Brasil, os grandes grupos de comunicação investem em experiências nem tão bem-sucedidas até aqui. É um mercado à procura de um posicionamento: televisão com internet ou internet com televisão? Mas esta não é a questão. A internet não é a "New Media" como querem forçar uns. Ela é mais. Ela é uma "New technology" com seu próprio modus operandi. Com o tempo, vamos deixar de querer transpor televisão para internet, jornal para internet, radio para internet. A Rede é mais que isto porque é conseqüência, e não causa, da fusão de duas áreas tecnológicas: telecomunicação e informática. Quando percebermos que a Rede é um novo espaço onde somos agentes plenamente ativos, estaremos em condições de entender a transrevolução que ela provocará nos fundamentos das relações, de todos os tipos, de todos os níveis.

 

E por favor, deixem a minha telinha em paz. Depois de uma boa navegada, nada melhor que a deliciosa audiência passiva e desprovida de interatividade da minha TV, sem links para desvios na trama (ou teia?) da novela. Só cliques para fugir do intervalo comercial.