WEBCASTING

PUSH, QUE LEGAL!

Pena que não me serve.

 

Glossário:

Push - Puxando o que seria pra empurrar, muita gente já deu vexame em New York.

Webcasting - É algo assim... como direi... broadcasting. Mas “to bradcast" significa transmitir por ondas de rádio. Aí é difícil entender e aceitar.

New Media - Tem a mesma função de OVNI. Serve para designar este meio de comunicação ainda não identificado.

 

O que importa mesmo é que são palavras da moda (só não sei se a moda dura até o final deste artigo). Empurrando informação pela Web, muitas empresas pretendem transformar o nosso micro de todo dia em uma nova mídia. Não é televisão. Não é rádio. Não é jornal. Também não é um novo meio de comunicação como telefone, fax ou correio. Não é pássaro, não é avião. Então o que é? É webcasting, a new media que push informação pra cima de você.

 

Push me lembra o refrigerante da infância.  Você já experimentou Push? Push é sensacional. Push refresca sua tela. Push revigora seu cérebro minuto a minuto. Push tem cores vibrantes e tecnologia de ultima geração. Push tem sabor de coisa nova. Push é grátis! Tem um Push  para cada gosto. Push, isso é que é. Com Push seu estresse é mais estresse. Todos irão invejá-lo(a) quando souberem que você Push todo dia. Ponha mais Push no seu micro e ganha mais e mais milhas.

 

Testes com cobaias humanas constataram que Push, como todas as novas descobertas, também é afrodisíaco. Mas, infelizmente, Push dá câncer, como dirá o Fantástico de algum futuro domingo. Uma pesquisa realizada pelo MIIT - Miscellaneous Internet Institute of Technology - , indicará  que indivíduos expostos seguidamente a Push, entram em estado de depressão profunda, achando que nunca mais conseguirão emprego se não assinarem pelo menos 10 canais. Algumas mulheres apresentarão sinais de menopausa precoce, levando cientistas a estimarem que cada semana de Push representa um ano a menos de fertilidade.

 

“Interrompemos seu trabalho para lhe transmitir essa mensagem” é a  proposta no título de uma nota sobre... Push.  A pesquisa - agora é sério - constatou que a metade dos entrevistados não aguenta mais tantas mensagens “pushadas”, quer dizer, empurradas pra cima deles. Ou seja, com Push o estresse pelo excesso de informação continua, mas agora vem em nova embalagem, via Web, em cores e com imagens animadas.

 

Eu, de cá, fiz minhas  pesquisas (me auto injetando uma boa dose de Push) e tirei minhas conclusões. “Downloadiei” (argh!) o software. Instalei-o e passei alguns dias com “a coisa” na memória RAM. Descobri que além de consumir preciosos megabits e assumir o controle da minha CPU, “a coisa” sugou, como uma esponja, toda a minha inteligência e energia mental (recursos que me são escassos) e ainda desviou minha atenção do trabalho.  Queria escrever um artigo sobre as maravilhas da tecnologia Push, mas mal começava uma frase, lá vinha a imagem do jornalzinho voando pela minha tela, interrompendo a frase e me fazendo perder o link da matéria.  To push or not to push! A questão é: “o que eu vou dizer pro chefe?”. Afinal, lá em casa existem bocas famintas que não sabem das minhas ansiedades e que só pensam em to push alguma coisa pro estômago.

 

Eu queria dizer para todos os responsáveis por tão maravilhosa ideia, que eles esquecem de algo que nos ensinaram na aula de ciências do ginásio: a gente só usa 10% do cérebro. Eu, nem isso. Minha memória não é como a dos micros, geometricamente expansível. Ela é como a do Bill Gates, só vai até 640 Kb. E ainda tem que descontar os programas residentes responsáveis por ativar uma coçadinha no... nariz, piscadelas de olho, abertura e fechamento de boca, enfim, estes recursos que a gente usa a toda hora, pra não ter que ficar open-close, open-close, a toda hora.

 

Definitivamente, não dá pra ter “a coisa” no meu hardware. Deletei tudo. Voltei ao trabalho. O pessoal da revisa não precisa mais ficar “pushing me” de tempo em tempo feito um webcasting qualquer, com mensagens do tipo “se o artigo não chegar até...”, “A revista vai fechar sem sua coluna”, “Não precisa mandar mais nada. Já temos novo colunista”.

 

Caiu o lápis. Dá uma abaixadinha aqui. No pé do ouvido. Você acredita mesmo que esse tal de Push  vai dar certo? Já imaginou o fun-club do Dilbert  tendo à disposição um pointercastizinho de informação inútil minuto a minuto?

 

Ora! direis, tá falando bobagem. E eu me utilizarei de uma notícia dando conta que “muitas empresas já estão impondo restrições ao uso do serviço por parte dos seus empregados”. Já é assim lá na matriz, vai ser assim no mundo. Neste assunto, temos todos as mesmas necessidades e expectativas.

 

Mas vou dar o braço a torcer e admitir que esse tal de webcasting com push technology é mesmo very cool. Um dia a gente descobre pra que  serve.