EXTRATO DE: ADMIRÁVEL MUNDO NOVO

Autor: Aldous Huxley

Ed. Victor Civita - (1932/1980/2020)

 

 

PREFÁCIO

Escrito no final da década de 1940.

 

É para realizar a estabilidade social que [as pessoas que governam o Admirável Mundo Novo] levam a cabo, por meios científicos, a última e pessoal revolução realmente revolucionária.

 

Nos últimos trinta anos não houve conservadores, mas só nacionalistas radicais de esquerda e nacionalistas radicais de direita.

 

O resultado [da aplicação da energia nuclear], é óbvio, será uma série de mudanças econômicas e sociais de rapidez e totalidade sem precedentes. Todos os padrões existentes da vida humana serão rompidos e novos padrões terão de ser improvisados de conformidade ao fato inumano da força atômica.

 

Para poder-se ocupar da confusão, o poder seria centralizado e aumentaria o controle governamental. (...) Só um movimento popular em larga escala pela descentralização e a autonomia pode deter a tendência atual para o estatismo.

 

Um Estado totalitário realmente eficaz seria aquele em que o executivo todo-poderoso constituído de chefes políticos e de um exército de administradores, controlasse uma população de escravos que não precisassem ser forçados, porque teriam amor à servidão. Faze-los amá-la é a tarefa atribuída, nos atuais estados totalitários, aos ministérios da propaganda, editores de jornais e professores.

 

Os maiores triunfos da propaganda não se deveram à ação, mas sim à omissão de algum ato. (...) Os mais importantes Projetos Manhattam do futuro serão amplos inquéritos patrocinados pelo governo com a participação de políticos e cientistas, que verificarão o chamado “problema da felicidade” – em outras palavras, o problema de fazer o povo amar a servidão.

 

Para levar a cabo essa revolução (...) [entre outros itens, bastaria] um sistema perfeitamente seguro de eugenia, destinado a padronizar o produto humano e, assim, facilitar a tarefa dos administradores.

 

Com a restrição da liberdade política e econômica, em compensação, tende a crescer a liberdade sexual. (...)  Em conjunto com a liberdade de sonhar acordado sob a influência de drogas, o cinema e o rádio ajudarão a reconciliar os vassalos com a servidão que é seu destino.

 

Tudo considerado, parece que a Utopia está muito mais próxima de nós do que alguém poderia imaginar há apenas quinze anos atrás. Naquela ocasião, projetei-a seiscentos anos no futuro. Hoje parece perfeitamente possível que o horror nos alcance dentro de apenas um século.

 

(...)temos apenas duas alternativas de que podemos nos valer: certo numero de totalitarismos nacionais e militarizados, (...) ou então um totalitarismo supranacional, proveniente do caos social resultante do rápido progresso tecnológico em geral e da revolução e da revolução atômica em particular, e desenvolvendo-se, debaixo da necessidade de eficiência e estabilidade, como a tirania – bem-estar da Utopia. É só pagar e escolher.