A VIDA POR UM TRIZ

 

Uma sexta-feira de carnaval,

Um destino, uma estrada.

Um carro desgovernado,

O choque inesperado.

 

Minutos de angústia,

Quilômetros intermináveis.

A imagem de mortes,

O encontro com vidas, sem cortes.

 

A perda total foi material.

Luxações à parte,

Acudidos prontamente,

Em princípio, todos bem.

 

A reflexão inevitável.

O que poderia ser e não foi.

E se...? Sobre a sorte,

Sobre a vida, sobre a morte.

 

Passados dez dias,

Penso, penso e escrevo.

Enquanto a família angustiada

Pela nora ainda infeccionada.

 

Se devo amar, que seja intenso.

Se devo ajudar, que me disponha.

Se devo ser cordial, que seja sempre.

Se devo ser calmo, que seja na tormenta.

 

Se sou líder, que não deixe de enaltecer

Mas se devo seguir, que seja incondicional.

Que abrace mais se devo ser amigo,

E se devo ser pai, que eu seja mais amigo.

 

Se devo viver a vida, que seja hoje.

Se devo fazer, que seja agora.

Porque para deixar de existir,

Num triz, só me basta existir.

 

 

3 de março de 2009