EXTRATO DE: MAQUIAVEL PEDAGOGO

Autor: Pascal Bernardin

Ed. Eclesiae – 2013/2023/2023

Uma revolução pedagógica baseada nos resultados da pesquisa psicopedagógica está em curso no mundo inteiro conduzida por: Unesco, Conselho da Europa, Comissão de Bruxelas e OCDE, e na França pelos IUFMs, Institutos Universitários de formação de mestres, criados para ensinar técnicas de manipulação aos professores.

Visa IMPOR uma ética voltada para a criação de uma NOVA SOCIEDADE (uma sofisticada representação da utopia comunista) uma manipulação da cultura, a prioridade é o ensino “não cognitivo”[1] e a “aprendizagem da vida social”; engajar psicologicamente os professores reduzindo sua oposição; não se pretende fornecer às crianças ferramentas para a autonomia intelectual.

Traços relevantes:

·         Testes psicológicos em grande escala

·         Informatização mundial

·         Asfixia ou subordinação do ensino livre

·         Pretensão a anular a influência da família

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Lênin: “É preciso (...) estar disposto a todos os sacrifícios e, inclusive, empregar – em caso de necessidade – todos os estratagemas, ardis e processos ilegais, silenciar e ocultar a verdade”.

Isto vem sendo feito a um século nos meios revolucionários norte-americanos.

A manobra criptocomunista[2] não exclui a hipótese globalista da convergência entre capitalismo e comunismo.

As organizações internacionais preservam-se por meio de expedientes como este: “As opiniões expressas no presente estudo são de inteira responsabilidade do autor e não refletem necessariamente o ponto de vista da Organização X” – [não se conhece caso de a Organização ter censurado quem quer que seja por ter identificado alguma divergência!!!]

[Resultado de experimentos realizados com indivíduos:]

·         Existem técnicas muito simples que permitem modificar profundamente o comportamento de adultos normais.

·         A tendencia ao conformismo a dar uma resposta errada para ceder às pressões do grupo.

·         Constatou-se que quanto mais difícil era formular um julgamento objetivo, mais estreita se fazia a conformidade à norma de grupo.

·         É possível induzir diversos comportamentos, apelando-se à autoridade, à tendencia ao conformismo ou às técnicas do “pé na porta” ou da “porta na cara”;

·         Não é nada difícil provocar dissonâncias cognitivas. O exercício do poder ou da autoridade (de um professor, por exemplo) permite que se alcance facilmente o mesmo resultado.

·         Se um indivíduo é levado é levado a cometer publicamente (na sala de aula, por exemplo) um ato em contradição com seus valores, sua tendencia será a de modificar tais valores para diminuir a tensão que lhe oprime.

·         Se um indivíduo foi aliciado a um certo tipo de comportamento, é muito provável que ele venha a racionalizá-lo.

·         Os pedagogos puderam constatar que uma ameaça fraca, apenas suficiente para gerar o comportamento desejado, é frequentemente mais eficaz a longo prazo do que uma ameaça mais forte.

·         A teoria do engajamento pode ser resumida dizendo-se que, por força do exercício do poder personificado pelo avaliador, o sujeito da avaliação é levado a interiorizar normas sociais.

·         [“As pesquisas mostram que em praticamente todos os casos a figura de autoridade determina o resultado da “discussão”, e ainda assim permanece o efeito de “consenso”. Retirei este trecho de um artigo de Rafael Falcón sobre o livro de Pascal.[3]]

Que me perdoem a expressão tautológica, mas o engajamento nos engaja. Engajado pelas circunstâncias, um indivíduo passa a enxergar virtudes onde antes não as via.

Enfim, as circunstâncias reais ou habilmente manipuladas são capazes de desencadear comportamentos contrários às nossas convicções e, portanto, de nos levar a modificar nossas posições iniciais para conformá-las às nossas condutas.

O conjunto desses dados sugere, pois, de maneira assaz evidente, o peso não negligenciável das circunstâncias e das situações sobre a execução dos nossos comportamentos, sobre as cognições que em seguida construímos e sobre os comportamentos futuros que delas surgem como consequência.

A mudança de atitude se torna a consequência de uma submissão comportamental.

Em 1963 a UNESCO publicou um importante trabalho, intitulado “A modificação das atitudes”.

A filosofia política claramente manipulatória que fundamenta tais práticas pressupõe um desprezo absoluto pela liberdade e dignidade humanas e pela democracia.

“(...) possuímos conhecimentos cuja aplicação generalizada nos permite atingir nossos objetivos (...) a questão que se coloca é a de saber como se podem aplicar esses métodos em larga escala. (...) Faz-se necessário apelar ao auxílio de políticos, de líderes comunitários, de emissoras de rádio, da imprensa local e de outros formadores de opinião, a fim de provocar as mudanças na comunidade inteira.”

As técnicas clássicas de manipulação psicológica são requisitadas: dramatização ou psicodrama, manipulação de grupos etc.

“Na medida em que o grupo de pares representa para a criança um quadro de referência, ele contribui em larga medida para a modificação das atitudes sociais.”

Um grande número de pesquisas demonstrou que, para colegiais e universitários, o fato de pertencer a grupos de pares pode ter um efeito cada vez maior sobre a modificação de suas atitudes à medida que, para eles, esses grupos se tornam mais importantes como grupos de referência. (...) os grupos [ajudam] a dirimir o “atraso cultural”, tão evidente na sociedade contemporânea.” [!!!!!!]

“(...) para conduzir as crianças de modo a aperfeiçoar as relações entre grupos, necessário seria começar pela modificação de seus pais.”

“(...) os objetivos visados só serão atingidos quando a nova série de valores aparecer ao indivíduo como algo que ele tenha escolhido livremente.”

Toda revolução psicológica requer uma revolução cultural.

“Assegurar o êxito de todos significa antes modificar as finalidades dos sistemas de ensino que privilegiam os objetivos e os critérios de avaliação dos alunos, para evitar que um fracasso no exame não conduza à exclusão social.”

“Fazer com que todo aluno possa encontrar sucesso numa dada atividade, e, assim, multiplicar as formas de excelência (...).”

(...) as reformas em curso penalizarão as crianças, que chegarão à idade adulta desprovidas de recursos culturais. (...) [tal realidade privará] as camadas mais humildes de toda perspectiva de emancipação intelectual e social, enquanto reforça mais e mais as facilidades financeiras e intelectuais que possuem as camadas  superiores para instruir suas crianças.

“(...) a lei natural pode ser apagada do coração dos homens seja por persuasões perversas (...) seja por costumes depravados e hábitos corrompidos.” São Tomás de Aquino.

“Toda adoção de valores morais e de crenças deve ser realizada cientificamente.” UNESCO

Os valores religiosos de todas as religiões são os primeiros visados? E que já não será possível transmiti-los?

[Na família o objetivo é] a neutralização da transmissão familiar dos “´preconceitos”. UNESCO

[A HIPOCRISIA EM ESTADO PURO:] “O espírito crítico [das crianças], tendo por objeto os valores morais, e a reflexão ética são, portanto, os objetivos da educação formal nas instituições escolares, a fim de que cada criança, cada jovem possa, livremente, formar uma consciência ética.” UNESCO [Livre pensar desde que dentro da cartilha!!!]

[É a pseudoliberdade do criptocomunismo.]

[Mais hipocrisia e contradição em um só parágrafo:] “É urgente e indispensável debater [a questão dos valores e do laicismo[4]], que todos os sistemas de ensino devem concordar em explicitar e tratar positivamente a questão dos valores, que o laicismo revisitado é a orientação mais apropriada para pensar nossas regras de vida em comum e o funcionamento das escolas, no respeito às liberdades individuais e aos direitos humanos, em luta contra todo tipo de discriminação.” Conselho da Europa.

[Então é assim: a religião deve ser extirpada das escolas em respeito às liberdades individuais. É muita cara de pau!!!]

[Um texto da UNESCO faz uma] “Espantosa confissão na qual o autor reconhece que a decadência moral de nossos dias, que se poderia atribuir a uma “indiferença moral” ou a um “suposto eclipse da moralidade”, está, na realidade, relacionada ao “tempo necessários ao perfeito controle da modificação dos valores”, à revolução psicológica. Ou ainda, que a ruína dos valores morais é tão somente uma consequência, escolhida deliberadamente e conscientemente assumidas, de um projeto de subversão dos valores que não se pode realizar em prazo muito breve.

[Mas eles têm consciência de que a tarefa possa se tornar impraticável.] “Não se deve subestimar, porém, o risco de nos fecharmos em uma certa fatalidade étnica quando cultivamos a preeminência do coletivo sobre o individual. Alguns defensores da educação multicultural estão bem conscientes de ser perito e da necessidade de ultrapassar os particularismos étnicos se se quer atingir o pleno desabrochamento da personalidade de cada um enquanto homem, (...).” OCDE

Os meios empregados, devem, portanto, estar à altura da aposta [aqui se pode constatar o lado comunista de controle Estatal]:

“O intercultural [a imposição da convivência “pacifica” entre as culturas, tem que ser feita sobre] o conjunto da instituição educacional: o ensino pré-escolar, as línguas, a elaboração dos programas, os manuais e outras ferramentas pedagógicas, a administração, os exames, o controle e a avaliação, as atividades extraescolares, os laços entre a escola e a comunidade, os serviços de orientação e os serviços auxiliares, a preparação para a ida adulta, a formação inicial e contínua dos professores, a luta contra a xenofobia e o racismo.” Conselho da Europa.

Esse processo de mundialização deverá se desenrolar até seu resultado lógico: a adoção de uma língua internacional, prelúdio da destruição das culturas e das mentalidades locais.

George Orwell em 1984:

“Vós não vedes que o verdadeiro alvo da novilíngua é de restringir os limites do pensamento? (...) A cada ano, menos e menos palavras, e o campo da consciência mais e mais restrito.”

“Os trabalhadores de revisão dos manuais escolares se multiplicam em escala nacional e bilateral.” Conferência dos Ministros da Educação.

“Ao longo dessa aprendizagem, a história deverá ser reescrita e reinterpretada.” UNESCO

Orwell:

“Dia a dia, e quase minuto a minuto, o passado era atualizado. Desta forma, era possível demonstrar, com prova documental, a correção de todas as profecias do Partido. (...) Em nenhum caso seria possível, uma vez feita a operação, que se provasse qualquer fraude.”

Os IUFMs franceses integram um projeto mundial (...).

“Sendo complexas e variadas as necessidades educacionais fundamentais, fazem-se necessárias, a fim de satisfazê-las, estratégias e ações multissetoriais que estejam integradas no esforço de desenvolvimento global.” Declaração mundial.

É preciso insistir no fato de que os procedimentos das instituições internacionais descritos anteriormente são fruto de muitos decênios de trabalho e de que foram longamente testados e aperfeiçoados por equipes de psicólogos, pedagogos e especialistas em ciências humanas. São o resultado de um “progresso científico” (...).

(...) a avaliação visa fundamentalmente a interiorizar os valores, as atitudes e os comportamentos desejados pelos governantes.

[A palavra é “controle”:] “A cooperação europeia entre operadores de bancos de dados sobre a educação e a formação foi consolidada pela criação, em 1988, da Associação Europeia para o Desenvolvimento dos Bancos de Dados sobre a Formação e Educação (EUDAT).” Comissão das Comunidades Europeias.

[Na França] desde 1992 os professores têm de responder a 160 questões para cada aluno. [!!!]

[Tal método de controle sobre os indivíduos] “ (...) tem por objetivo desvendar tanto o eu do indivíduo como o seu eu grupal. Isso fornece a possibilidade apreender, com um mesmo instrumento, numerosas variáveis ligadas ao eu de um indivíduo bem como a entidade grupal manifestada pelas rocas dinâmicas do grupo.” André Peretti

Muitos pais queixam-se da crescente influência que os grupos de pares exercem sobre seus filhos. (...) É o resultado de uma política de socialização deliberada, que visa a fazer do grupo de pares o grupo de referência. (...) caca vez mais, torna-se difícil transmitir valores às crianças, bem como uma cultura e uma educação que se diferencia daquela medíocre veiculada pelo grupo.

(...) Os próprios sectários da revolução pedagógica reconhecem que ela persegue objetivos políticos e sociais e que não busca, de modo algum, aprimorar a formação intelectual dos alunos.

[Para eles] “Os iletrados estão livres de certas tentações, como a das leituras ineptas e viciosas.”

[Para J. Dewey] a socialização deve-se fazer acompanhar pela destruição da cultura, da instrução e da inteligência, noção “puramente individual”.

Assim deveria ser a educação futura: para a massa, o ensino não cognitivo, pura doutrinação esvaziada de toda substância intelectual; para a elite, uma verdadeira formação intelectual necessária ao trabalho intelectual. Seria ingenuidade, contudo, supor que essa elite estaria a salvo da doutrinação comuno-globalista e que esta seria reservada somente ao povo.  (...) Não obstante, essa elite possuirá certos instrumentos intelectuais que lhe permitiriam a emancipação.

A não ser que se acredite na total incompetência de nossos governantes (...) é difícil negar que a derrocada do pensamento e o massacre dos inocentes foram planificados desde longa data, que o delírio escolar e o desalento do ensino são a culminância de um processo revolucionário empreendido, com muita lucidez, desde um século.

Os professores universitários- e outros incensores do ensino não cognitivo têm, por sua vez, recebido uma excelente educação, a qual lhes permite não serem enganados por tal discurso. (...) Não se pode supor, com realismo, que esses homens de poder – os quais dão provas, por meio de seus escritos, de possuir grandes conhecimento e profundas intuições psicológicas e sociológicas – cheguem a conceber, mesmo que por um instante, que nossas sociedades podem ser governadas por iletrados. Pois, sendo assim, como se daria a sele e a formação das elites?

Apenas os elementos mais brilhantes da classe popular, selecionados a partir de critérios igualmente indeterminados, lograriam escapar, graças às suas qualidades, ao “recrutamento da elite escolar no seio da elite social” tal como já ocorre. [!!! Cacete!, o negócio não é acabar com a meritocracia e por consequência com o preconceito????] Porém, inversamente, a elite seria submetida a uma doutrinação hegeliana globalista e totalitária, que a todo momento ameaçaria com o retorno ao comunismo, de acordo com a advertência de Gorbatchev (...).

[E vamos de novilíngua:] “Cada elemento do programa da perestroika fundamenta-se inteiramente sobre a ideia de que, quanto mais socialismo, mas democracia.” Gorbatchev

O controle psicológico, por intermédio da educação, da mídia, da gestão de empresas e do controle social, realizado graças à descentralização de todas as atividades, e não da educação apenas, conduz a uma sociedade igualmente totalitária, na qual os modos primitivos de controle foram substituídos por técnicas de controle não aversivas, das quais o povo não tem consciência.

[No final, o de sempre:] Sociedade dual: dirigentes e dirigidos, elite e povo, senhores e escravos.

O poder será reservado a uma elite tecnocrática que terá recebido, somente ela, a formação intelectual (concebida por quem e segundo quais critérios?) necessária à realização desse trabalho.  (...) a sociedade dual deve ter um sistema educacional igualmente dual. (...) A massa, a quem toda a formação intelectual será recusada, receberá, não obstante, uma “educação” destinada a evitar a pretensa “catástrofe iminente”.

A concepção dos globalistas sobre os povos é de que são rebanhos que se conduz ao abatedouro.

Os globalistas comungam de um ideal messiânico e mundial e relegam à “lixeira da história” o legado das civilizações anteriores, fruto de evoluções sociais milenares, de inumeráveis fracassos e ajustamento sucessivos, com a incorporação, de maneira orgânica, do gênio das gerações anteriores.

Não é assim tão fácil transformar a mentalidade de um povo e, ainda que os comunistas tenham obtido significativos resultados nesse domínio, a revolta latente dos povos que lhes estavam submetidos denuncia os limites com o quais as técnicas elementares colidem. É desse modo que o desprezo dos globalistas pelos povos, diante da resistência passiva destes, se transforma rapidamente em ódio, dado o obstáculo enorme que essa resistência representa à consecução de seus planos, por transmitir, de geração a geração, uma herança e uma mentalidade sobre as quais se puderam construir todas as obras de arte e os milagres do espírito que a humanidade admira(...).

Enfim, gostaríamos de nos dirigir [aos globalistas]: estão seguros de que não fazem o jogo do adversário? Estão seguros de que ele [o povo] não os conduzirá aonde [vocês globalistas] não querem ir?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



[1] O significado para “habilidades não cognitivas” no contexto do projeto globalista, não é exatamente o que você vai encontrar ao pesquisar por aí. Para os globalistas, tais habilidades são: aceitação, conformismo, obediência à autoridade, subordinação ao grupo de pares etc.

[2] Criptocomunista: comunista oculto.

[3] Neste link o artigo citado de Falcón: https://rafaelfalcon.com.br/blog/o-vocabulario-diabolico-da-unesco-notas-a-pascal-bernardin/

[4] Laicismo: separação entre Estado e Religião, conceito aqui aplicado à separação entre educação e religião, escola e família.